Este trabalho insere-se na discussão sobre as práticas de intervenção urbana nas áreas centrais, conduzidas especialmente nas grandes cidades, na tentativa de interromper o processo de declínio e erosão dos espaços urbanos. A gradativa deterioração de edifícios que não mais se adéquam aos seus usos originais pela obsolescência das instalações, pela falta de manutenção adequada ou pela falta de demanda de usuários cria uma ociosidade e vacância que só tendem a agravar a falta de preservação das áreas centrais. E ainda, a falta de uso noturno potencializa a marginalidade e o vandalismo, além do subuso da infraestrutura viária. Apesar disso, o centro ainda detém números elevados de empregos e aos poucos vem passando por iniciativas de requalificação urbana, dentre as quais podemos citar investimentos nas reformas dos centros culturais, promoção de atividades gratuitas ao ar livre, além de programas para habitação social. Sua dinâmica urbana no período diurno é bastante significativa.
A justificativa de escolha da tipologia habitacional está pautada, portanto, no oferecimento de moradias para uma população demanda na região, cujo interesse pode residir principalmente na menor distância percorrida ao trabalho, e que não necessariamente é detentora de veículos próprios e, por conseguinte, irá fazer um melhor aproveitamento da infra-estrutura de transportes existentes. A promoção de habitação irá proporcionar uma maior diversidade de usos na região e uma permanência de pessoas em todos os horários do dia de maneira mais uniforme e um menor fluxo no trajeto casa-trabalho.
Através dos estudos de caso: Hotel São Paulo, edifício Maria Paula, edifício Riachuelo e Novotel Jaraguá, procurou-se entender o processo de reforma até agora executado em São Paulo. Todos esses edifícios foram alvos de reabilitações com mudança, na sua totalidade ou em parte, no seu uso original.
Para o projeto de reforma do edifício Othon Palace Hotel, procurou-se levantar o máximo de informações disponíveis. O edifício é tombado pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) de acordo com a Resolução 37/92 e classificado como nível 3 de tombamento, o qual diz respeito à preservação somente de suas fachadas.
Uma parte do térreo e o primeiro andar inteiro estão sendo utilizados como agência do Itaú. A entrada do edifício desta acontece pela Praça Patriarca. O hotel apresenta 3 pavimentos tipos de suítes, sendo o primeiro do 1º ao 11º andar, o segundo do 12º ao 19º andar e o terceiro do 20º ao 23º andar. Em cada pavimento tipo a escada tem uma configuração diferente. O 24º pavimento abrigava o que supostamente seria amplos salões de eventos com divisórias móveis em madeira. No 25º pavimento, último andar do edifício e com acesso social somente por escadas, funcionava o restaurante Chalet Suisse
No projeto o térreo continuou dividido entre área comercial e área do condomínio. A agência do Itaú deu lugar a uma grande livraria, que ocupa tanto o térreo como o subsolo. No térreo foi aberto um grande vão na laje para garantir uma boa iluminação no subsolo, maior integração entre os espaços e garantir um maior usufruto de um pavimento que supostamente era subutilizado. A livraria possibilita tanto um maior aproveitamento da localização privilegiada do edifício (com um uso público) e a geração de um maior fluxo de pessoas na praça quanto pode ser uma fonte alternativa de renda para o condomínio. A entrada do edifício foi ampliada, também considerando o acesso por deficientes físicos, e ali colocada uma guarita. Foi projetada uma escada para o acesso ao subsolo, onde estão os ambientes suporte do condomínio.
A circulação dos apartamentos foi ampliada de modo que os pilares ficaram salientes, ressaltando-se assim a estrutura existente do edifício. A criação do um jardim interno aumenta a incidência de luz natural no ambiente coletivo, criando um ambiente agradável na área comum. Apartamentos duplex foram projetados como forma de garantir maior iluminação a todo o apartamento através do pé-direito duplo. Procurou-se concentrar as áreas molhadas perto dos shafts existentes para facilitar as ramificações das tubulações hidráulicas.
No terraço, foram criadas duas áreas comuns dos condôminos: uma sala para reuniões ou eventos e um espaço para a churrasqueira. A escada até o 11º, que estava de acordo com as normas de segurança contra incêndio foi projetada para que seguisse até o terraço. De acordo com essas normas, só há necessidade de uma escada de emergência, que no projeto é pressurizada.
Projeto de habitação no antigo Hotel Othon Palace
Localização: Rua Líbero Badaró, 190
Projeto original
arquiteto: arq. Philipp Lohbauer
calculista: eng. Mario Franco e eng. Julio Kassoy
construtora: Dácio de Morais
25 pavimentos mais térreo e cobertura
uso: hoteleiro, constituído por 227 quartos
ESTRUTURA: Pilares, vigas e lajes em concreto armado.
VEDAÇÕES VERTICAIS: Alvenaria de tijolo cerâmico “baiano”.
REVESTIMENTOS HORIZONTAIS: Carpete têxtil na circulação e nos quartos. Cerâmica nas áreas molhadas (banheiros, cozinha e lavanderia), no salão de cabeleireiro e nas áreas administrativas. Carpete de madeira no salão de jogos.
REVESTIMENTOS VERTICAIS: Cerâmica nas áreas molhadas (banheiros, cozinha e lavanderia). Madeira no restaurante Chalet Suisse. Pintura no restante dos ambientes.
CAIXILHOS: Aço
PORTAS: Madeira
Projeto
habitação com 144 apartamentos (87 de um dormitório e 57 de dois dormitórios)
área construída das habitações variam entre 42 a 82m²
VEDAÇÕES VERTICAIS: placas de gesso acartonado estruturadas em perfis metálicos (dry-wall)
REVESTIMENTOS HORIZONTAIS: Piso cerâmico nos banheiros e laminado de madeira em todos os outros ambientes.
REVESTIMENTOS VERTICAIS: Laminado melamínico (fórmica) nos banheiros e pintura em todos os outros ambientes.
CAIXILHOS: alumínio com pintura eletrostática branca
PORTAS: Madeira (h=2.10m) com bandeira em vidro temperado colorido
