O tema escolhido para o TFG trata do desenvolvimento do projeto de um centro cultural voltado para as atividades museográfica, de exposições, auditório e oficinas. O espaço pretende ser um pólo irradiador de cultura, um ponto de encontro de pessoas e um espaço dedicado às atividades relacionadas ao folclore local, com seus respectivos espaços de apoio e áreas técnicas, peculiares a esse tipo de equipamento.
A escolha do tema foi devido ao interesse em elaborar um trabalho que envolvesse esse tipo de equipamento – de uso cultural – com a carência da população de Piracaia e a idéia de revitalização de um edifício localizado em área central. O Centro Cultural de Piracaia tem como principal função promover a integração dessas questões.
Piracaia é uma cidade pequena do interior paulista, conta com apenas 26000 habitantes. Situa-se na Região Bragantina, à distância de 85 km de São Paulo, seu principal acesso se dá pela Rodovia Fernão Dias e Rodovia Dom Pedro I. A cidade não possui qualquer edifício público ou privado que possa receber programações destinadas à cultura. As atividades culturais ocorrem com pouca freqüência, com um calendário diminuto, com apresentações musicais e folclóricas de artistas locais, desfiles cívicos e pequenas apresentações de dança e peças teatrais realizadas por alunos de escolas da cidade. Essas apresentações acontecem, geralmente, em palcos temporários, sem oferecer conforto aos usuários.
Os grupos de danças folclóricas tradicionais de Piracaia, além das bandas infanto-juvenis e da Orquestra de Violeiros, não possuem locais específicos para ensaios e armazenamento de figurinos e instrumentos musicais, o que os leva a improvisar e adaptar outros locais para esse fim.
O local escolhido para a implantação do Centro Cultural é a quadra onde está localizado o prédio da Delegacia de Polícia e Cadeia Pública de Piracaia. Essa quadra está situada no centro da cidade, num local de fácil acesso e grande circulação de pessoas. Nas proximidades, encontram-se outros edifícios importantes.
O edifício da cadeia foi construído em 1903 por Santo Bertolazzi para abrigar o primeiro Fórum da cidade. A arquitetura empregada é típica de sua época, e apesar de não ser um edifício tombado pelos órgãos de preservação, é um dos poucos prédios centenários ainda preservados na cidade, não podendo ser negado seu valor histórico para a memória da população.
A transformação da quadra do prédio da cadeia em Centro Cultural traz o edifício para um novo contexto e reforça a visão do mesmo como documento arquitetônico e cultural do passado, além de apagar a imagem agregada a ele por anos por seu uso como cadeia e delegacia.
O partido tomado para a elaboração do projeto foi o de que o Centro Cultural de Piracaia resultasse da composição harmônica entre o edifício existente – e mantido – no terreno e a nova construção, de maneira que cada um tivesse assegurada sua própria identidade sem, no entanto, perderem a idéia de conjunto.
A proposta para o Centro Cultural preserva apenas uma das construções existentes na quadra, o edifício da Cadeia Pública e Delegacia de Polícia; este também é englobado na requalificação do local, tendo preservada sua fachada e boa parte de sua configuração interna, onde se acomodam as áreas administrativas do Centro Cultural.
A nova construção se articula com o edifício preservado de maneira delicada, acompanhando seu alinhamento e gabarito, abrigando a maior parte do programa proposto.
A via lateral à quadra, com estacionamento a 45° nos dois lados, tem sua largura reduzida para dar espaço a uma pequena “praça de chegada” e acolhimento adjacente ao Centro Cultural. A praça se desenvolve sobre um plano inclinado e dá acesso ao hall do novo edifício. A cota de entrada é a mesma do piso térreo do edifício existente. É através do hall, com seu pé-direito duplo e fechamentos laterais e de cobertura em vidro, que é feita a ligação entre os dois edifícios.
A entrada frontal da cadeia e sua escadaria são mantidas, dando acesso ao café e à bilheteria do Centro Cultural. As janelas da face sul deste piso foram transformadas em aberturas de passagem que fazem a integração entre este espaço e o hall.
O piso superior do edifício da cadeia sofre poucas alterações em sua configuração interna e abriga a área administrativa do Centro Cultural. Uma passarela liga os dois pisos superiores em nível.
O auditório para 200 pessoas é semi-enterrado, tirando partido da topografia do terreno. Suas paredes de concreto (vigas-paredes) são grandes estruturas de sustentação para a laje de piso do pavimento superior. Sua sala técnica está localizada entre as duas antecâmaras de acesso à platéia.
As áreas de apoio do auditório, como camarins e depósito, situam-se atrás do palco e constituem, juntamente com a circulação vertical, sanitários e depósito do piso superior, um bloco de serviços. Em um nível intermediário, um acesso de serviços permite a entrada de pequenas cargas e pessoas diretamente da rua para essa área.
As áreas de exposições e oficinas estão localizadas no piso superior; dividem-se em dois ambientes com uma pequena diferença de altura entre os pisos. O acesso público que se dá a partir do hall é feito tanto pela escada situada sobre a cabine técnica do auditório quanto pelo elevador. A partir da escada acessa-se a primeira área de exposições que está num nível mais baixo que o restante do piso superior. Essa área projeta-se para além do alinhamento do edifício, configurando um abrigo para a entrada da praça para o hall.
A segunda área de exposições e oficinas conecta-se com a anteriormente citada através de uma pequena rampa. O espaço configura-se como uma ampla área livre que possibilita seu uso integral ou parcial para as atividades expositivas e de oficinas. Os espaços exigidos para esses usos podem ser delimitados com o emprego de painéis móveis, o que possibilita uma enorme flexibilidade de acordo com a programação do Centro Cultural.
Centro Cultural de Piracaia
Local: Piracaia, SP
Data do projeto: 2010
Área do terreno 1683 m²
Área construída 2100 m²
