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secao 4!

Revitalização do entorno da estação da Mooca

Tatiana Crema Tobara

José Eduardo De Assis Lefèvre

O tema proposto para o desenvolvimento deste trabalho final de graduação é a discussão do patrimônio industrial na escala urbana. O trabalho apresenta uma proposta de requalificação da área ao longo do eixo ferroviário da linha 10 CPTM, na região da estação da Mooca e dos conjuntos industriais em seu entorno imediato.

O trabalho pretende propor a ocupação desses edifícios industriais por novos usos, produzindo espaços adequados às atividades urbanas cotidianas. No entanto, se tratando de uma região localizada na orla ferroviária, é necessário discutir também a infraestrutura de transporte e como esta tem influência sobre a formação espacial da cidade.

A ÁREA DE TRABALHO

Diante das mudanças do perfil produtivo de São Paulo, tendo como reflexos a fragmentação das atividades industriais no território e a desativação de plantas fabris, surgem no tecido urbano grandes áreas degradadas ou subutilizadas. Essas antigas áreas industriais tendem a ter importância estratégica, tanto pela sua dimensão física quanto pela sua localidade no tecido urbano. Em São Paulo, apresentam-se como regiões ociosas, degradadas e de baixo custo, vantagens para implantação de novos empreendimentos.

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Buscou-se recuperar o sentido urbano desta área através da reaproximação de trechos isolados da cidade, da recuperação dos conjuntos industriais e da proposição de novos usos. A intenção é de criar um elemento de ligação desses dois fragmentos urbanos, produzindo um espaço público democrático e de referência arquitetônica para a população.

A área objeto deste trabalho abrange uma região nas imediações da Estação da Mooca, compreendendo os dois lados da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. As porções construídas dessas duas faces externas estão intimamente ligadas pela condição interior de estarem ambas voltadas para a estrada de ferro. Isso permite dizer que a ocupação desse território desenvolveu-se a partir do eixo da ferrovia, que une as duas porções e as particulariza como presença histórica nesse lugar.

Procurou-se, portanto, no projeto de intervenção resgatar esse caráter histórico e memorial desse conjunto industrial e de sua estrita relação com a ferrovia, através da introdução de um novo elemento conector.

A proposta é de criar um elemento de transposição da ferrovia que permita a livre circulação de pedestres entre os dois lados da ferrovia, integrando-o ao tecido urbano. O projeto de uma nova estação de trem, que se adéque à nova demanda da região e à modernização da ferrovia também se faz necessário.

Este trabalho acredita que os espaços públicos são a melhor forma de trazer de volta o caráter verdadeiramente urbano aos cidadãos. E se tratando de patrimônio urbano, propor um uso público a esses conjuntos é uma forma de reinseri-los na vida urbana e no cotidiano do bairro. Fazer com que a população se identifique com eles através de sua ocupação, é contribuir com a preservação de valores culturais amplos desses espaços fabris.

PROJETO

Considerando que a ferrovia continuará em suas configurações atuais, a sua transposição foi estabelecida por cima da ferrovia, através de uma circulação pública elevada. Essa transposição se configura como um elemento integrador dos espaços fragmentados, de forma a dar continuidade ao espaço público e à rua. Através dela é possível transpor a ferrovia e acessar à nova estação de trem.

Parque Linear: No terreno dos antigos armazéns da São Paulo Railway, onde existiu um pátio de manobras, foi proposto um parque ao longo da ferrovia que se estende até o Viaduto São Carlos. Tal proposta se baseia na já prevista implantação de um parque linear do PRES-MO. Propõe-se também uma grande área verde que conecta o parque linear da ferrovia ao rio Tamanduateí.

Para o conjunto de armazéns da antiga São Paulo Railway foi pensado num uso público, que funcione como equipamento para o parque ao longo da ferrovia. Propõe-se, assim, um centro de convivência distribuído em duas plataformas, divididas por vagões de trem abandonados, conectadas por passarelas metálicas.

Os acessos à circulação elevada e à nova estação da Mooca são os braços conectores do elemento integrador. Cada acesso é um espaço público que forma praças, comércios, ligando-se ao parque linear e aos conjuntos industriais existentes a serem mantidos.

A praça voltada para a avenida Presidente Wilson é tombada, prevendo-se sua preservação em suas características atuais. Através de visitas e fotografias, percebeu-se que o que caracterizava esse espaço é a perspectiva formada pelos três galpões paralelos à ferrovia juntamente com os blocos laterais construídos, finalizando na estação de trem da Mooca atual. A proposta é de reinventar o espaço da praça, mantendo suas características mais marcantes. Portanto, propõe-se uma marquise formando um eixo até o rio Tamanduateí e o Expresso Tiradentes, estabelecendo uma conexão modal entre a estação de trem e o VLP.

Como diretriz de intervenção para os Galpões da RFFSA, propõe-se manter as tesouras metálicas da cobertura. Optou-se por manter apenas a fachada frontal do primeiro galpão paralelo à ferrovia, pois é o que menos havia intervenções e descaracterizações. A vedação é feita por panos de vidro, possibilitando uma maior relação rua-edifício-ferrovia.

Como uso para o conjunto, optou-se pelo comercial, com um acesso para a estação de trem. A plataforma elevada “entra” no conjunto, formando um mezanino, com lojas e cafés.

O conjunto da antigas Officinas Vanorden é tombado pelo Conpresp, que indica sua preservação integral. Portanto propõe-se a recuperação de suas fachadas e do espaço interno amplo, intensificado pela iluminação natural que os sheds proporcionam.

Como uso, foi proposto um telecentro que serve de apoio para a estação de trem e seu acesso se dá apenas pela galeria comercial, integrando-o com todo o conjunto da estação. Propõe-se também um espaço de cursos de informática, em que seu acesso se dá apenas pela rua Borges de Figueiredo.

O espaço da praça Guaratinguetá foi pensado para configurar o acesso principal da rua Borges de Figueiredo à estação de trem e à transposição.

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