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secao 4!

PARQUE DO BISPO:

Limite Urbano Norte

Ulisses Dias Cambraia Sardão

Fabio Mariz Gonçalves

O presente trabalho buscou elaborar o projeto de um grande parque urbano para a cidade de São Paulo que trouxesse opções de lazer e espaços qualificados de estar para a população do distrito de Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo.

O terreno se situa no extremo urbano da cidade, de urbanização constrituída há muito por grandes loteamentos irregulares assentados sobre morros arredondados e o surgimento atual de favelas sobre os córregos, com casario adensado e verticalizado, calçadas estreitas e pouquíssimas praças. Esta urbainzação termina drasticamente com o início da Serra da Cantareira, com a imposição de suas escarpas elevadas e mata fechada.

Esta situação contrastante entre a paisagem da cidade e a da floresta, e a busca pelo equilíbrio entre o atendimento emergencial das demandas em infra-estrutura de lazer para uma população carente e a evidente necessidade de proteção da biodiversidade da Mata Atlântica e da qualidade de sua hidrografia foram a temática tanto das análises quanto das propostas deste projeto. Além disto, as próprias diversidade paisagística, a abundante hidrografia, a topografia acidentada (apesar de contar também com grandes várzeas para seus córregos) e a presença de um pequeno conjunto com valor histórico, (constituído pela antiga sede da fazenda, uma pequena igreja e um estábulo), enriqueceram o trabalho, repercutindo em situações inusitadas de projeto.

Sobressai-se, portanto, uma situação de contraste, que é um dos limites mais claros da urbanização dentro do município, percebido tanto através de fotos aéreas, como pela vivência desse espaço. A densa urbanização recobre os morros mais baixos, até se interromper de forma abrupta para dar lugar à Serra da Cantareira e sua formidável biodiversidade, cuja densa vegetação se extende então por quilômetros rumo ao norte.

Em síntese, é um parque que qualifica este limite urbano, fazendo a transição de um ambiente densamente construído para um densamente vegetado, cujos percursos entre ambos servem, além de passeio e lazer, como espaço para compreender aspectos relativos a cada um, seu contraste atual e, por fim, uma possível integração.

Na escala regional, este parque corresponde ao trecho central de um extenso perímetro linear, que se distribui ao longo de quase toda a região norte da cidade de São Paulo, e que se propõe a amortizar a urbanização e os impactos da ação antrópica sobre a Serra da Cantareira e seu ambiente natural restaurado. Esta Zona Tampão corresponde, portanto, à estratégia de tornar efetiva as diretrizes da Macrozona de Proteção Ambiental na qual se insere esta porção do município, assim como reforça a proteção física do já consolidado Parque Estadual da Cantareira - limite norte desta zona de transição. Sua participação também é estratégica na proteção de muitas das nascentes e da qualidade da água na Sub-Bacia do Córrego do Bispo, que é contribuinte da Bacia do Cabuçu-de-Baixo, e, por fim, do rio Tietê.

No fim, foram estabelecidas as diretrizes de Proteção e Conservação Ambiental para o parque, e selecionados e distribuídos os equipamentos de esportes tradicionais e também o radical, os parques infantis, quiosques, e edifícios para restaurante, café e gcentros culturais/de exposição, administração, etc. Estes novos usos e edifícios foram distribuídos por um terreno de mais de 1.200.000 metros quadrados, adaptando-se à topografias e quadros vegetais distintos (como matas fechadas, bosques abertos, gramados, vegetação de campos e taboas em áreas alagáveis) e delas usufruindo paisagisticamente. A origem deste traçado de parque acompanha os corpos d’água e nascentes, cuja proteção é proposta no PRE (Plano Regional Estratégico) de Casa Verde como meta para 2012.

Reforçado pelos aspectos paisagísticos inerentes ao terreno, seja pela diversidade vegetal de floresta, bosque e brejos, quanto pelos inúmeros mirantes que a topografia acidentada oferece, o tema da Conservação Ambiental encontrou grande visibilidade neste projeto.

Basicamente concentrado na área de Matas e Paisagens, buscou-se despertar ou ampliar a conscientização ambiental dos usuários do parque, com caminhos que permeassem terrenos planos e morros que interligassem espaços onde seriam suscitados alguns aspectos de Ecologia e Botânica. Neste sentido, procurou-se destacar algumas espécies importantes da Floresta Atlântica, individualizando, por exemplo, sua forma e floração, em praças dedicadas a cada uma delas. Outros percursos foram dedicados ao Jardim dos Sentidos, ao já citado Arvorismo e também ao dos Estratos Vegetais que formam a mata.

Além destes aspectos, as visuais parciais e a aprecisação da paisagem geral foram preocupação constante na definição dos caminhos (tanto superficiais como elevados), que foram intercalados com o intuito de multiplicar as situações de mirante e enquadramentos destes cenários naturais. Assim, enquanto a entrada principal, com sua cobertura e suas paredes inclinadas, exigem que a atenção do visitante se direcione numa visual premeditada, outros caminhos elevados e mirantes expõem vistas gerais do casario histórico, da floresta e da cidade.

Além disto, o ônibus foi eleito o transporte preferencial para conectar o parque à cidade, democratizando seu acesso. Para tanto, um pequeno terminal, que receberia cerca de 6 linhas, advindos principalmente do Sul (Centro de São Paulo e terminal Cachoeirinha) e Sudeste (terminal Santana) foi implantado logo na entrada principal, cuja permanência e acesso ao parque seriam ao abrigo das intempéries. Esta acessibilidade seria reforçada, ainda, pelas importantes conexões com a Marginal Tietê e com os municípios à norte de São Paulo, realizadas, respectivamente, pela Avenida Inajar de Souza e Estrada de Santa Inês. Além disto, a proximidade de escolas municipais e estaduais repercutiram no projeto, sendo a estas dedicadas áreas para práticas esportivas e de brincadeiras, como forma de extender o programa de lazer.

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