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secao 4!

Requalificação Urbanística-Paisagística do Eixo Berrini-Chucri Zaidan

Alexander Alfonso Villalón

Silvio Soares Macedo

O trabalho partiu da pronta constatação, por parte do aluno, durante o curso de arquitetura, que a cidade de São Paulo carece de espaços livres públicos de qualidade voltados ao pedestre. A partir de então, foi buscada a escolha de uma área de intervenção na cidade de São Paulo, com a ajuda do orientador deste trabalho. Foi escolhido então o eixo formado pelas Avenidas Engenheiro Luís Carlos Berrini e Chucri Zaidan, e os quarteirões adjacentes a elas.

Uma vez escolhida a área de atuação, foram investigadas as necessidades do local, que é extremamente movimentado durante o horário comercial. As calçadas são estreitas, as praças são escassas e mal distribuídas, além de possuírem ambientes simples com plantio modesto. Com isso, as necessidades do local, principalmente na hora do almoço, de maior movimento, não são satisfeitas. Nas vias secundárias, os pedestres são forçados a desviar de postes, orelhões e árvores, já que algumas calçadas chegam a medir por volta de 1m de largura. Já na avenida, os obstáculos ao caminhar se repetem e usuários disputam espaço com pontos de ônibus e bancas de jornal. Também faltam locais para reunião e descanso como praças.

A seguir foi investigado o que torna uma rua, avenida ou praça, mais agradável e adequada para a circulação a pé, bem como o papel e demandas de uma área financeira, de atividades centrais em uma cidade, e também o próprio conceito de atividade central e área central urbana. Para tanto, foram consultadas algumas obras como Morte e vida de grandes cidades, de Jane Jacobs, Great Streets, de Allan B. Jacobs, Avenida Central Paulistana: procedimentos de desenho urbano (mestrado), de Rogério Akamine e Desenho Urbano, Capital e Ideologia: centralidade e forma urbana na Marginal do Rio Pinheiros (mestrado), de Alexandre Hepner. Foi constatado então que, resumidamente, áreas centrais urbanas são locais que agrupam atividades administrativas, financeiras e culturais de uma população, lugar de encontro de pessoas de diferentes origens e classes sociais, vitrine de um povo, exemplo da heterogeneidade, costumes, gostos e produção de uma sociedade. Em tais áreas a demanda por espaços livres públicos é maior que a média, e por se tratarem de ambientes de extrema visibilidade, a qualidade dos espaços é desejável por ser um marco urbano, parte importante da imagem e memória de uma cidade.

Entre os itens almejados em bairros, ruas e avenidas de qualidade, podemos listar a clara separação entre a calçada e o leito carroçável, passeios públicos com dimensões suficientes para acomodar a demanda, a proteção do pedestre ao clima, que em países tropicais como o Brasil se traduz principalmente em cobertura arbórea abundante mitigar o desconforto do sol, existência de movimento nas ruas para torná-las interessantes para o usuário, apelo estético, diversidade de usos, com residências e comércio diversificado para atrair pessoas à rua em diferentes horas do dia. Tais objetivos visam permitir e incentivar o uso dos espaços livres públicos, e assim garantir o controle visual da rua por parte dos moradores e usuários, o que as tornam mais seguras e ajudam a fortalecer a idéia de comunidade.

Para fomentar o uso da rua em outros horários que não os já de maior movimento, e também para melhorar as condições dos espaços livres públicos, foi proposta a intervenção em três frentes. Alargar e qualificar as calçadas existentes, desenhar praças para servir de modelo para as outras praças a serem desenhadas ou reformadas e finalmente planejar a implantação de novos prédios que serão construídos, bem como formas de conquistar mais espaços livres de uso público livre.

No alargamento das ruas, foi buscado classificar as ruas quanto ao uso e largura para criar modelos a serem replicados em vias semelhantes. Foi optado por abolir o estacionamento de veículos nas ruas secundárias e incorporar o espaço ganho às calçadas, adotar uma metragem básica de calçada e criar regras para o alargamento delas de forma a: permitir o plantio adequado de árvores, permitir a instalação de baias de carga e descarga e alternar o lado da calçada a ser alargada de forma a criar um zigzag, diminuindo assim a velocidade dos carros no local. Para as avenidas Engenheiro Luís Carlos Berrini e Chucri Zaidan, foi parâmetro a reserva de uma faixa da calçada que acomodaria canteiros, árvores e outros equipamentos públicos como pontos de ônibus, bancas de jornal, etc. Em todas as ruas também foi projetada iluminação voltada para a calçada, abaixo das copas das árvores, ao contrário da situação atual na qual existem postes altos destinados a iluminar o leito carroçável, apenas.

Para as praças, foi procurado criar ambientes diversos, que sejam interessantes, confortáveis e acolham o usuário satisfatoriamente. Para tal, foram criados diversos estares nas praças, protegidos pela vegetação circundante ou morrotes, cobertura arbórea foi planejada para proteger os usuários do sol, ao mesmo tempo que algumas clareiras foram criadas em pontos específicos, espelhos d’água foram projetados para aumentar o apelo estético, e a circulação foi pensada de forma a convidar o usuário a desfrutar da praça, e ao mesmo tempo não conflituar com os locais de estar e descanso.

Para os futuros edifícios, se planejou a doação de uma porção do terreno para a criação de uma praça aberta ao público, a criação de salões no térreo dos prédios para comércio que avançariam até o passeio público, doação de faixa do terreno a ser incorporado à calçada, exigência que o térreo dos edifícios tenha pé direito duplo, com parte dele aberta e pública, de forma a permitir a circulação, bem como a maior integração dos edifícios com a praça a ser criada e também para possibilitar a travessia de uma rua a outra (quando o terreno tiver duas fachadas em ruas distintas). Para compensar o empreendedor, seria permitido o acréscimo de potencial construtivo da ordem de duas vezes a área total aberta ao público.

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