logofau
logocatfg
secao 4!

Como vivemos?

Bruno Jin Young Kim

Alexandre Delijaicov

Consiste em projetos de habitação e uma história em quadrinhos no município de São Paulo tendo como produto final um livro composto por três etapas: pesquisa, projeto e narração em quadrinhos, além dos das pranchas de projeto anexadas.

Quando se trata da análise de uma população de uma determinada região, é inevitável procurar características que sejam comuns a um certo número de pessoas e separá-las em grupos representativos de uma amostragem de um universo maior. Não só em pesquisas oficiais de instituições com fins estatísticos como também no campo do cinema, da música e de outros campos artísticos explora-se muito características e sentimentos comuns a um certo grupo de pessoas que faz com que um indivíduo se identifique ou não a determinada situação ou sentimento e é através da exploração desses elementos comuns que o artista estabelece um canal de comunicação com expectador de sua obra.

Daí surge o conceito de personagem-tipo, presente em diversas literaturas, entre elas, talvez a mais representativa no texto de Vicente Gil, em "O auto da barca do inferno" (1517) em que o autor se vale de personagens com características comuns a um grupo de pessoas para criticar um conjunto de indivíduos. Da mesma forma, porém mais recentemente, Will Eisner, em "Nova York: a vida na grande cidade" (2006) retrata, através de episódios cotidianos, a vida de diferentes personagens da cidade de Nova Iorque, que são comuns a um grupo de pessoas. Ora é o morador de rua vasculhando cestos de lixo nas calçadas, ora é o trabalhador que tenta entrar no trem no horário de pico, ora é o pai procurando impor valores ao seu filho.

No entanto, uma das qualidades que mais impressiona nessa obra, é a indissociabilidade dos acontecimentos com os espaços que servem de cenário para essas ações e as qualidades espaciais que os acontecimentos denunciam. Por exemplo, no caso de "Cinema" , mostra-se a proximidade e inconveniência do edifício com o trilho do trem. Em "Xereta" pressupõe-se um edifício muito perto da janela que serve de enquadramento para a visão do menino ou algum acontecimento interessante na rua.

Em outras palavras, o espaço pode ser percebido através das ações que podem acontecer nele. Essa percepção também é muito explorada no cinema e no teatro; os atores se valem de expressões corporais para comunicar as qualidades do espaço ao espectador.

Levando-se em conta estas considerações, pretende-se ter um produto ao final de cada etapa do Trabalho Final de Graduação. Na primeira etapa, pretende-se estudar as habitações de diferentes grupos do município de São Paulo e desenhar um projeto que seja uma caricatura e síntese de cada um dessas tipologias de habitação levando-se em consideração os principais agentes que constróem a cidade de São Paulo. Dessa forma, pode-se obter um panorama geral da produção de edifícios residenciais do município procurando-se entender por quê se constrói da forma que se faz, hoje em dia, e procurar virtudes e defeitos dessas construções, deixando-se de lado preconceitos sem fundamento.

Como título do trabalho, foi escolhida a pergunta "Como vivemos?" que gera duas outras perguntas: "Quem somos nós, paulistanos?" e "Como é nossa relação com o espaço construído do município de São Paulo?".

Enfrenta-se os tipos de habitação destinados à paulistanos de rendas diferentes. O "miolo" da cidade, aquela massa homogênea localizada entre eixos importantes, onde não há grandes diferenças entre a rua "x" ou sua paralela, é construído basicamente por três agentes construtores: o mercado imobiliário, o poder público e a construção informal. Levando-se isso em consideração, estuda-se a evolução da produção de habitação de cada agente dentro de um período de trinta anos e busca-se uma síntese do modo de se fazer habitação desses construtores a fim de analisar a produção atual da cidade. A partir desses estudos, é feito um metaprojeto que represente a produção de cada agente construtor tendo como forma de raciocínio o desenho e redesenho dos projetos.

Essas sínteses que geram os metaprojetos são elaborados considerando-se que o projeto é apenas a manifestação de uma vontade de uma pessoa ou de um sistema, e enquanto essa vontade do mercado ou do poder público não é entendida, é impossível fazer uma proposta de habitação que possa reeducar a sociedade segundo nossos ideais.

Na segunda etapa, pretende-se produzir uma novela gráfica que mostre virtudes e defeitos desses espaços-tipo com ênfase em episódios cotidianos desses personagens procurando aproximar a linguagem do desenho técnico com a linguagem dos quadrinhos, que supõe-se, podem ser compreendidos facilmente pela maioria das pessoas. Segundo Sofia da Silva Telles, em palestra na FAU, existem muitas idéias e projetos que ficam encerradas na faculdade. No entanto, essa discussão, enquanto não for transmitida de forma compreensível para aqueles à que a arquitetura é feita, maioria não aquiteta e leiga em desenho técnico, nenhuma dessas discussões é coerente, uma vez que dificilmente seriam implementadas sem a aceitação e entendimento da sociedade como um todo.

Este conjunto de produtos procura também servir de síntese da formação acadêmica do autor deste trabalho levando-se em conta seus principais interesses e experiências desenvolvidas ao longo do curso de arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, tais como design gráfico, desenho técnico, quadrinhos, urbanismo e arquitetura e o envolvimento com núcleos de produção extra-curriculares formados por alunos da mesma faculdade.

slideshow image

If you can see this, then your browser cannot display the slideshow text.

 

topo