logofau
logocatfg
secao 4!

Escolas-parque como transposição -

uma proposta para o leito ferroviário de Campinas/SP

Camila Bellatini

Alexandre Delijaicov

Introdução

Foram duas as motivações que estimularam a realização deste projeto: a vontade de trabalhar com uma proposta de reforma do ensino público – do infantil ao médio –, com base no projeto de Anísio Teixeira (Escolas Classe, Escola Parque), e a ânsia de propor novas formas de conectar os bairros das cidades cortados pelas ferrovias. Sempre com essas duas frentes de estudo, aliou-se uma proposta à outra e elaborou-se o projeto que será aqui apresentado: escolas parque na orla ferroviária de Campinas (SP).

Por que Campinas?

Campinas é o centro da Região Metropolitana de Campinas – constituída por 19 municípios e na qual vivem aproximadamente 3,5 milhões de pessoas – e tem muita expressividade como pólo econômico, universitário e tecnológico. Além disso, é em Campinas que se situa o maior aeroporto de cargas do país, o Viracopos. Importantes rodovias cruzam a cidade e a conectam com o interior do estado, entre elas a Anhanguera, a Bandeirantes, a D. Pedro I e a Santos Dumont. Para dar escoamento a cargas mais pesadas, a ferrovia que cruza a cidade no sentido leste-oeste tem grande importância, pois conecta a região com o porto de Santos. No entanto, com o projeto do TAV (Trem de Alta Velocidade), a promessa é de que o centro de Campinas e o Aeroporto de Viracopos sejam conectados ao Rio de Janeiro por uma nova ferrovia.

Escolas Parque

Com base no projeto Escolas Classe Escola Parque, de Anísio Teixeira, a proposta de escolas parque deste TFG também visa atender não somente os alunos matriculados na rede pública de ensino (municipal e estadual), como também toda a comunidade, que poderia usufruir de seus espaços e suas atividades gratuitamente, o que proporcionaria a troca de experiências. A implantação dessas escolas parque ao longo do leito ferroviário é uma forma de oferecer um espaço de qualidade e possibilitar o convívio entre as comunidades que habitam os dois lados da via.

Premissas para a proposta

Para encaminhar a proposta do TFG, parte-se do pressuposto de que o transporte de passageiros sobre trilhos seria reativado não somente no trecho previsto pelo TAV, e sim por todo o interior do estado de São Paulo.

Critérios seguidos para a escolha dos lugares

Com a implantação das escolas parque ao longo do leito ferroviário, esses espaços se configurariam como elementos de ligação entre os dois lados da cidade cortados pela ferrovia. Além de promoverem a transposição do leito, seriam espaços de convívio voltados principalmente aos moradores dos bairros vizinhos. A partir desses pólos, seria criada toda uma rede de conexões urbanas para permitir o deslocamento entre os parques e as escolas públicas, o que sustentaria a proposta das escolas parques sugerida.

ESCOLA PARQUE PÁTIO CENTRAL

Partido arquitetônico

Pelo fato de o projeto se localizar em uma área tombada, optou-se por uma intervenção mínima e discreta, com a intenção de destacar as edificações existentes, e não as novas. Assim, propõe-se que o pavilhão onde serão dadas as aulas de artes tenha a cobertura no nível atual do terreno. Seriam escavadas passagens por baixo da avenida da estação, para que assim os pedestres pudessem acessar o parque em nível a partir dos terminais de ônibus e da rodoviária. O prédio seria construído nesse rebaixo, não obstruindo, assim, as visuais originais do terreno. Além disso, é proposta uma passarela articulada ao pavilhão de artes, que promoveria a transposição da ferrovia por cima.

Proposta

Os desenhos a seguir apresentam a proposta para a Escola Parque Pátio Central. É, na verdade, um plano diretor de ocupação da área, pois aponta diretrizes de projeto para todo o complexo. Além da proposta da escola parque, que requer áreas dedicadas à prática esportiva e artística, propõe-se que as oficinas de manutenção de locomotivas e vagões sejam reativadas, devido ao seu bom estado de funcionamento. Outra proposta é de que a antiga estação seja reativada e que receba duas novas plataformas para acomodar os novos trens que passariam pela área. Todos os outros galpões ganhariam novos usos: biblioteca, refeitório, teatro, ateliers de arte, balneário, centro de informações turísticas, mercado e habitação popular. A seguir será apresentada a implantação, com a indicação de todas essas edificações.

Implantação

Os edifícios estão inseridos num grande parque, que extrapola os limites do lote. Buscou-se anexar praças localizadas no entorno do complexo ao parque, criando uma série de percursos possíveis entre as edificações. Foram criados três rebaixos significativos no lote: um junto à rodoviária e ao terminal intermunicipal de ônibus; outro junto ao terminal municipal de ônibus; e outro próximo à praça localizada ao sul do lote. Além disso, existe uma outra possibilidade de acessar o parque pelo subsolo: através do túnel de pedestres existente sob a estação. O acesso se daria por meio de um volume de circulação vertical e pela adição de elevadores nas duas pontas do túnel, que hoje só pode ser acessado através de escadas. As transposições da ferrovia por meio de passarelas acontecem em dois momentos: uma, entre a nova praça do teatro, na Vila Industrial, e a avenida da estação, no Centro; outra entre as duas áreas que receberão habitação popular, ao leste do lote. Em ambos os casos, a passarela se associa a uma edificação, que em cada situação recebe um uso diferente. No primeiro caso, a edificação seria usada como escola de arte. No segundo, como um mercado de bairro. É esse uso vinculado à passarela que a torna uma local de passagem mais movimentado e seguro para quem precisa atravessá-la.

Subsolo

Essa mesma lógica é adotada para o túnel de pedestres que corta o lote. Propõe-se que se vincule novos usos ao túnel, que poderiam ser diversos: agência de correio, poupa-tempo, farmácia popular, museu, ou mesmo áreas administrativas do parque e da ferrovia. Além disso, propõe-se o uso dos subsolos das novas edificações – novo teatro municipal e escolas técnicas localizadas ao norte do lote – como estacionamentos subterrâneos. O túnel de carros existente e que cruza o lote por baixo continuaria existindo sem alterações.

slideshow image

If you can see this, then your browser cannot display the slideshow text.

 

topo