logofau
logocatfg
secao 4!

Socorro:

A cidade e o Rio

Camila Conti

Alexandre Delijaicov

Socorro é um Município de 36.686 habitantes (IBGE, 2010) que dista 135 km a nordeste da capital do Estado de São Paulo. É Estância Hidromineral, inserida na região turística do Circuito das Águas Paulista.

O futuro de Socorro é delineado por suas potencialidades ambientais. O município tem se estruturado nos últimos anos como importante pólo de “turismo de aventura” (a prática de rafting, voo Livre, rappel, entre outros) e vem atraindo um fluxo de visitantes cada vez maior em sua área rural, aproveitando as corredeiras de seu principal rio, o Rio do Peixe, suas cachoeiras e os morros da região. No entanto, é possível notar que estas potencialidades são mais exploradas como um recurso econômico em detrimento de uma apropriação social dos cidadãos.

Além disso, identifica-se uma discrepância entre o papel desempenhado pelo turismo nas áreas rurais e urbanas do Município de Socorro, que se reflete também na diferente relação com a paisagem natural na cidade. Embora o Rio do Peixe seja apropriado como imagem recorrente de identificação de sua população e de seus turistas, na zona urbana, ele passa de protagonista para coadjuvante, e não se configura como elemento referencial na paisagem urbana.

Desta maneira, esse cenário conduziu à possibilidade da construção de uma rede de espaços públicos e equipamentos urbanos a partir do desenho de um novo papel do Rio do Peixe na malha urbana da cidade, vislumbrando a possibilidade de criar em sua orla fluvial um sentido de lugar apropriado pelos cidadãos.

O trabalho voltou-se, em um primeiro momento, para três diferentes abordagens que abriram as seguintes frentes de atuação: A primeira frente seria a pesquisa e análise para a retomada da memória do assentamento urbano e da construção da paisagem fluvial. A segunda frente seria relacionada à leitura da imagem pública da cidade, com o intuito de converter o Rio do Peixe em uma referência urbana. A terceira frente, mais prática, estaria relacionada ao levantamento das condições da orla do Rio na cidade, expandido também às orlas de seus principais afluentes.

A partir dos levantamentos e análises feitas no primeiro semestre de trabalho, tornou-se evidente a importância da atuação em uma área que se mostrou estratégica tanto do ponto de vista das potencialidades paisagísticas criadas pelo encontro do Rio do Peixe com o Ribeirão dos Machados, seu principal afluente na área urbana do Município, quanto por estar historicamente relacionada à segunda fundação da cidade, representada pela ponte no eixo da Av. Dr. Rebouças que ligou o primeiro assentamento à Estação Ferroviária.

Nesta área, com o objetivo de reafirmar o caráter simbólico do encontro das águas e de criar uma imagem representativa, o projeto sugere a reapropriação pelas águas através da construção de dois lagos. O lago principal, no encontro das águas do Rio do Peixe com o Ribeirão dos Machados, recuperaria a imagem do antigo leito deste ribeirão, retificado na década de 1980 quando perdeu o meandro que percorria antes de desaguar no Rio do Peixe. Esse lago seria mantido a partir da criação de um vertedouro e de um canal de alimentação que, não estando no leito do Rio do Peixe, não criaria barreiras à piracema dos peixes.

O segundo lago proposto seria formado a partir de uma barragem móvel sob a ponte da Rua João Leonardelli (linha ferroviária) e teria como objetivo corrigir a curva acentuada do rio, alagando as cotas mais baixas da margem que atualmente tem sido aterradas para a criação de solo urbano.

Condizente com um planejamento a longo prazo em relação aos recursos hídricos na cidade, o projeto considerou duas cotas de referência em relação ao regime hidrológico dos corpos d’água tratados: a cota da cheia de 2010 e a cota da inundação ocorrida em 1932, obtidos na primeira fase do trabalho. A partir disto, foram zoneados usos permanentes e temporários nas orlas fluviais.

Outras intervenções propostas:

Proposta de passeio utilizado também para a feira dos produtores agrícolas do Município aos finais de semana.

Desobstrução do eixo visual da Av. Dr. Rebouças para o Edifício da Antiga Estação Ferroviária, liberação a visão do conjunto a partir do mirante do Cristo existente na cidade, e liberação da visão para este e para o novo lago criado no encontro das águas do Ribeirão dos Machados e do Rio do Peixe.

Transferência da Feira Permanente de Malhas (que impulsiona também o turismo da cidade com o comércio de roupas de malha de algodão e tricô) para a área de intervenção, buscando um incentivo para o desenvolvimento do turismo na área urbana do Município.

Criação de conexão intermodal entre o transporte ferroviário, que encontra-se em vias de ser reativado na cidade com uma linha turística até o Município vizinho de Monte Alegre do Sul, o bonde, as ciclovias e o passeio fluvial propostos.

Considerando a garantia de qualidade das águas dada pelo seu posicionamento a montante da cidade e pelas atuais obras do sistema de coleta e tratamento de esgotos na cidade, propõe-se um local de banhos nas águas do rio, que atualmente são possíveis apenas na zona rural do Município, relacionando este programa com as atividades esportivas do ginásio de esportes do Município.

Criação de acessos à orla do Rio a partir de escadas e rampas nas pontes hoje existentes e criação de novos passeios beira-rio com pontos de atracação de barcos.

Terrapleno desenterrando os arcos de estruturação da ponte histórica da Av. Dr. Rebouças e criação de passeio em cotas ascendentes a partir do novo leito do Ribeirão.

Proposta de conjunto voltado à memória local e convivência entre gerações diferentes com atividades voltadas à manutenção da história oral e atividades relacionadas às mídias audiovisuais em um terreno considerado estratégico do ponto de vista da ligação do Rio do Peixe com o importante eixo viário da Rua Dr. Campos Salles, no qual se encontra o cinema da cinema da cidade.

slideshow image

If you can see this, then your browser cannot display the slideshow text.

 

topo