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secao 4!

PÁTIO CULTURAL DO PARI

CAROLINA CAMPOS GUIMARÃES MOURA

ERICA YUKIKO YOSHIOKA

Nesse trabalho foi elaborado um projeto arquitetônico visando à criação de um complexo com ambientes para a realização de eventos culturais diversos, principalmente apresentações artísticas. Sua implantação foi feita na gleba hoje conhecida como Pátio do Pari, localizada na área central da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Para a escolha desse terreno foram realizados estudos iniciais, garantindo a sua adequada inserção na malha urbana, nas escalas metropolitana, central e local. Concluídos os estudos iniciais, a elaboração do projeto seguiu três etapas pré-estabelecidas: Levantamento de Dados, Programa de Necessidades e Estudo Preliminar. A temática do programa foi escolhida em função de uma pré-percepção de carência de espaços amplos e flexíveis para a realização de eventos culturais na macro-região selecionada (RMSP) e adequadamente integrados aos sistemas de transporte de passageiros em massa.

Nos estudos iniciais observou-se que na região central na RMSP há hoje uma grande demanda para a inserção de atrativos que contribuam para a valorização e reestruturação de sua dinâmica, como equipamentos culturais e de lazer. Considerando esse contexto, a implantação do projeto proposto na gleba conhecida como Pátio do Pari se mostrou bastante adequada. Esse terreno está localizado a 1,5km da Praça da Sé e é cortado pela Estrada de Ferro Santos-Jundiaí.

Na etapa de Levantamento de Dados pode-se chegar a conclusões sob uma ótica mais próxima da escala local. O Pátio do Pari é uma das áreas subutilizadas ao longo desse eixo ferroviário, sendo um antigo pátio de manobra de vagões, hoje desativado. A degradação e ociosidade de usos nesse terreno resultaram em graves problemas sociais que afeta não só a gleba em si, mas todo o seu entorno. É um extenso terreno, com cerca de 156mil m² e praticamente plano. Encontra-se inserido em um bairro industrial que não conta com atrativos próprios de um centro metropolitano. Seu entorno apresenta fortes contrastes de usos, com uma efervescente circulação de pedestres durante o dia devido à região comercial a leste do terreno, que se contrapõe a vida noturna degradada. O uso no terreno hoje se resume a estacionamentos e principalmente à realização da Feira da Madrugada.

Frente às conclusões resultantes dos estudos feitos, na etapa de Programa de Necessidades, foi formado um conceito geral da proposta de projeto arquitetônico, o qual procura amenizar os problemas sociais, incentivar a vida noturna e inserir a gleba na dinâmica central, promovendo revalorização local e regional. Esse conceito define três funções básicas pretendidas para os espaços a serem projetados: realização de grandes eventos, para grandes públicos de todas as idades, inserção do complexo aos sistemas de transporte (viário, metroviário e aéreo) e a integração da circulação no terreno entre as áreas separadas pelo eixo ferroviário. Assim definiu-se nessa etapa que seriam implantados um grande estacionamento público, uma estação ferroviária, um teatro, uma casa de espetáculos e um nível inferior de áreas externas, sob a linha ferroviária, o qual integra as duas áreas separadas por esta. Foram definidos também padrões de desempenhos principais a serem considerados. Percebeu-se que o conforto acústico é o que demandaria especial atenção, devido ao grande ruído promovido pela circulação de trens em eixo praticamente central do terreno, em oposição à realização dos eventos tanto nas áreas externas quanto nas edificações.

Na etapa do Estudo Preliminar do projeto arquitetônico, integrando o complexo ao sistema viário, foi implantado às margens da Avenida do Estado, um estacionamento público com três níveis e um total de 1800 vagas. O acesso de pedestres foi determinado por grandes áreas externas no nível hoje existente no terreno praticamente plano. Essas áreas integram todas as regiões do complexo. A integração ao sistema sob trilhos foi feita com a implantação de uma estação ferroviária na região leste do terreno. Nessa estação é possível o embarque nas linhas 10 e 11 da CPTM, as quais são articuladas com o sistema metroviário. A circulação entre as duas áreas do terreno separadas pela ferrovia foi integrada pela criação de um nível inferior de áreas externas, sob a linha ferroviária, com um desnível de 8,30m em relação ao térreo hoje existente, acessado por rampas, pelos vários níveis do estacionamento público e da estação ferroviária e por escadas localizadas em arquibancadas externas. Essas arquibancadas foram implantadas em quatro regiões do perímetro que delimita o desnível entre as áreas externas. Com a criação desse desnível fez-se necessária a elaboração de uma estrutura de sustentação da linha ferroviária. Essa estrutura é composta por dois arcos metálicos em formato de curvas catenária, dos quais partem cabos que sustentam o tabuleiro da ferrovia. Esse sistema e a geometria foram escolhidos de forma a minimizar a obstrução nas áreas externas causada pela implantação da estrutura de sustentação da ferrovia. A realização dos eventos foi definida em duas edificações - teatro, com capacidade de público para 610 pessoas, e casa de espetáculos, com capacidade para 5850 pessoas - e nas áreas externas em nível inferior. Essas áreas externas permitem o uso flexível de acordo com a demanda do evento. Além disso, contam com os nichos envoltos pelas arquibancadas e com a grande área longilínea coberta pelo envoltório criado para a linha ferroviária suspensa. Esse envoltório é formado por materiais isolantes acústicos, de forma a amenizar o incômodo causado pelo ruído advindo da circulação dos trens.

A elaboração do projeto arquitetônico nessas três etapas promoveu a concepção das informações consideradas necessárias à compreensão do complexo como um todo. A metodologia adotada organizou a linha de raciocínio no caminho de minimizar lacunas entre a intenção prática do projeto e a conseqüência formal dos fatores determinantes trabalhados.

Ficha técnica:

Área do terreno: 170000m²
Área do estacionamento público: 11000m²
Área do teatro: 3550m²
Área da casa de espetáculos: 12500m²

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