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Sistema de espaços livres em Sorocaba-SP:

o caso do Córrego Itanguá

Conrado Blanco de Souza

Silvio Soares Macedo

A proposta deste trabalho é criar um sistema de espaços livres urbanos estruturados pela bacia do Córrego Itanguá, em Sorocaba-SP, cujo objetivo é reduzir os impactos ambientais que esta vem sofrendo em virtude do intenso processo de urbanização verificado em sua área de drenagem.

Este sistema busca desempenhar múltiplas funções relativas ao equilíbrio hidrológico ecológico da bacia e integrá-las a um conjunto de espaços públicos destinados ao lazer, às práticas esportivas e ao convívio social, estabelecendo uma nova relação entre o suporte físico pré-existente e a paisagem urbana local.

Sorocaba é uma importante cidade do interior paulista com grande potencial para a elaboração de um plano de bacia abrangente. A urbanização dispersa, típica das franjas macrometropolitanas, com seus loteamentos fechados e suas periferias pobres, se desenvolve sobre uma extensa rede hidrográfica formada pelo Rio Sorocaba e seus afluentes, deixando um continuum de vazios urbanos constituídos pelos fundos de vale dos rios e córregos que cortam o município.

O córrego Itanguá forma a maior micro-bacia urbanizada do município. Afluente da margem esquerda do Rio Sorocaba, corta a periferia oeste da cidade, atravessando bairros com diferentes padrões de urbanização e de uso e ocupação do solo. A bacia vem sofrendo intensas transformações, sobretudo, em seu fundo de vale, que concentra um grande estoque de áreas não urbanizadas, incluindo fragmentos remanescentes de mata nativa, que está sendo gradativamente ocupado por assentamentos informais, e que muito em breve, será cortado por um novo complexo viário que implicará novas dinâmicas em sua ocupação.

É diante deste cenário de transformação que se discute a implantação de um sistema de espaços livres e sua capacidade de reverter os processos de desequilíbrio ambiental que a urbanização impõe, e criar novas possibilidades de coexistência entre o meio urbano e a estrutura original da paisagem.

Proposta

O sistema proposto é desenhado sobre as áreas de fundo de vale residuais da ocupação urbana, incluindo as faixas de APP, fragmentos de mata nativa e vazios urbanos adjacentes, além de áreas ocupadas informalmente sujeitas a inundações periódicas, evitando-se a remoção de assentamentos mais desenvolvidos e consolidados.

O sistema é resultante da interação de quatro subsistemas que representam ações e funções específicas no espaço livre. São Eles:

Sistema de drenagem
A diretriz básica deste sistema é regular as vazões da bacia reduzindo a velocidade de escoamento superficial através da conservação de áreas permeáveis e da aplicação de sistemas de retenção/armazenamento. As nascentes, os banhados, os meandros e as áreas de inundação natural dos cursos d’água, bem como o curso original do córrego Itanguá serão preservados.
As intervenções hidráulicas são implantadas nos principais afluentes da bacia, a fim de amortecer a velocidade de escoamento superficial que segue em direção ao curso d'água principal.

Sistema de cobertura vegetal
A proposta é partir das atribuições ambientais da cobertura vegetal e criar um continuum de bosques e maciços arbóreos voltados à conservação ambiental, que irá estruturar a volumetria da paisagem. Através da recomposição das matas ciliares, são criadas conexões entre os fragmentos de mata existentes no fundo de vale, e a partir destes bosques mais fechados, surgem áreas sombreadas e clareiras, além de áreas de plantio ornamental.

Sistema de Fluxos
O sistema de fluxos é pensado de modo a criar eixos de circulação não apenas voltados ao fluxo interno dos espaços livres, mas, sobretudo, aos deslocamentos ocorridos na região. Dessa forma, propõe-se que o sistema não seja cercado, e que possa servir de caminho para pedestres e ciclistas nos deslocamentos cotidianos.

Sistema de equipamentos
O sistema de equipamentos visa atender escalas de usos diversas, tanto regionais como locais, divididos em três categorias de espaços relativas à sua inserção urbana:
- Espaço de referência da cidade: contempla equipamentos de uso específico e que concentram um grande número de usuários, tornando-se uma referência urbana regional. São exemplos centros culturais e educativos de porte, espaços cívicos que podem contemplar shows, feiras e demais atividades.
- Espaço de referência do bairro: são praças que contemplam um conjunto de equipamentos de uso cotidiano, como quadras esportivas, pistas de skate, playgrounds, equipamentos comunitários, entre outros.
- Espaço de uso local: são equipamentos de uso cotidiano distribuídos de maneira dispersa por todo o sistema, voltados a atender demandas de uso locais, com pouca concentração de usuários, como playgrounds, equipamentos de ginástica, entre outros.

Trechos
Cada trecho detalhado constitui uma ação específica relacionada às funções ambientais do sistema e sua relação com o meio urbano, dada através da distribuição dos equipamentos e dos eixos de circulação. Os trechos destacados são os seguintes:
Trecho 01: bosque implantado junto a um fragmento de mata nativa de porte, localizado próximo das cabeceiras da bacia. Uso típico de áreas que necessitam de um grau maior de conservação ambiental.
Trecho 02: trecho linear situado entre o eixo viário e o córrego Itanguá, que representa os espaços de conexão entre os núcleos de maior concentração de equipamentos e atividades.
Trecho 03: reservatório em desnível em uma área que abriga construções de interesse histórico propícias para a implantação de um equipamento cultural.
Trecho 04: lagoa pluvial típica para controle de vazões, implantada em um afluente, próximo à confluência deste com o córrego principal.
Trecho 05: conjunto de lagoas de retenção e filtragem integradas à um espaço de grande visibilidade no contexto urbano.
Trecho 06: conservação ambiental de áreas alagadas, com estruturas compatíveis com sua fragilidade ambiental.

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