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secao 4!

Os espaços de brincar no parque Lina e Paulo Raia

Fernanda Varella Borges

cibele Haddad Taralli

O espaço de brincar foi o tema escolhido por ser um ambiente lúdico de convívio, aprendizado aberto para experimentações. As crianças brincam por brincar, mas nesta atividade os ganhos não se limitam à brincadeira. É uma atividade livre na qual a pessoa convive com outras pessoas, podendo estabelecer laços de amizade. Este convívio proporciona o aprendizado de entrar em acordo e estabelecer boas relações com o local e com as pessoas. O espaço pode contribuir para que o convívio entre as pessoas seja bom.

Na disciplina optativa de Jonas Malaco, no primeiro semestre de 2010, me chamou a atenção a seguinte frase dita por ele: ”A boa arquitetura é aquela que torna prazerosa a ”virtude” e desprazeroso o “vício”.”. Essa frase dirigiu o rumo do TFG, provocando o desejo de que as “virtudes” estivessem no pensamento do projeto do espaço de brincar.

A partir das leituras sobre as “virtudes” ficou clara a exclusividade de cada situação, na qual o contexto determina se a atitude é uma virtude ou não. Desta forma constatou-se a necessidade de que o projeto fosse feito para um lugar específico, o menos “vicioso” possível, para que não houvesse uma interferência negativa na internalização das “virtudes”.

A escolha do local não foi definida a partir de uma necessidade de recuperação do espaço e sim da necessidade de que o espaço tivesse uma série de qualidades que fossem favoráveis a uma atitude virtuosa.

O local escolhido foi o parque Lina e Paulo Raia. Este parque apresenta um entorno heterogêneo com diferentes usos, que gera um movimento de pessoas na rua. Este movimento torna o ambiente mais seguro.

As ruas que dão acesso ao parque não tem uma movimentação grande de carros por serem sem saída, mas o parque é bem acessível, próximo a uma grande via. Com isso, o acesso de pedestres é mais agradável e cria uma situação favorável ao uso pelas pessoas que moram próximas. A circulação feita pelos pedestres estabelece um contato muito maior com a rua do que a circulação de carros, tanto pela questão da velocidade quanto pelo contato direto das pessoas com o meio.

Dentro do parque encontra-se uma EMIA e ao seu lado há uma EMEI, o que torna freqüente a presença de crianças nas proximidades, o que justifica os espaços de brincar no parque.

O parque é pequeno e destinado a população que freqüenta a região. Portanto quem freqüenta o parque são os moradores do bairro e as pessoas que trabalham no entorno. Esta situação favorece que as pessoas do bairro se conheçam ao menos de vista, o que faz com que o espaço seja mais seguro e mais amistoso. As crianças se sentem seguras de percorrer o parque sem acompanhamento.

O espaço do parque tem uma vegetação densa e um desnível irregular que formam alguns vazios diferentes, proporcionando uma variação grande da paisagem e possibilitando várias experiências com relação ao espaço.

Proposta

Este projeto mantém as estruturas existentes no parque: a vegetação, os pisos de pedra e mosaico português, as áreas de estar, as áreas com mesas, os bancos ao longo do parque, as três casas. Somente foram alterados os espaços de brincar existentes e o vale e alguns elementos foram inseridos ao longo dos caminhos. Esta alteração na forma de uso do parque para a brincadeira afeta o parque como um todo.

O projeto para o parque consiste em três áreas principais para que nestes espaços ocorram as brincadeiras com lugar definido: o Vale, Praça de areia e água e o Parquinho das árvores; que são interligados por trilhas-brinquedos criadas para uma brincadeira de passagem e exploração dos espaços do parque.

O Vale fica na cota mais baixa do parque. A idéia é que no vale em si haja poucos elementos: uma delimitação de espaço para jogos com bola, um brinquedo de cordas que possibilite admirar este lugar do parque e uma trilha sobre o pedrisco. Para o acesso do vale foram pensados em mirantes e escorregadores além de duas escadas.

A Praça de Areia e Água foi pensada para uma faixa etária não definida; é um espaço para todas as idades brincarem. O espaço é versátil, formado por jatos d’água, que podem estar ou não ligados, e tanques de areia, que podem estar abertos ou fechados. A idéia do espaço de brincar com areia e água surgiu ao ver o interesse das crianças em brincadeiras com estes dois elementos. A areia e a água proporcionam juntas possibilidades de criação de esculturas, na qual a criança exercita sua criatividade.

A Praça das árvores é formada por um brinquedo principal, de cordas, caminhos de cilindros, tanque de areia e um escorregador no talude. Blocos de concreto na forma de bancos podem ser utilizados como elemento da brincadeira, criando obstáculos e uma conexão entre o brinquedo de cordas e o tanque de areia. As árvores também são obstáculos que podem fazer parte da brincadeira e a disposição dos brinquedos favorece este diálogo com elas.

Foram criadas trilhas de cilindros e muretas de concreto com diferentes alturas e distâncias. Nestes percursos a proposta é trabalhar o equilíbrio, a atenção e a calma da criança, pois neles o passo é desautomatizado e é preciso pensar em cada movimento examinando as distâncias e alturas dos diferentes cilindros e muretas. As trilhas foram pensadas para locais gramados, onde a vegetação é menos densa.

Os brinquedos não são temáticos e apresentam dificuldades que demandam da criança uma postura ativa na brincadeira. A criança necessita transformar o brinquedo a partir da sua imaginação para definir o seu uso. Os brinquedos criam dificuldades, que propõe à criança uma postura observadora, curiosa, cuidadosa, calma, equilibrada, coordenada e criativa.

Para um objeto se tornar um exemplo com relação às virtudes, este deve ser bem feito, ter uma forma clara e inteligível e estar bem relacionado com o meio onde se encontra e com as pessoas que se relacionam com ele (quem constrói, quem cuida e quem usa).

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