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secao 4!

CONSTRUçãO DE ESPACIALIDADES

Iara Caroline Pimenta de Mello

Luís Antônio Jorge

O projeto para este trabalho final de graduação se propõe a pesquisar dois momentos de uma exposição: a parcela mais teórica, que parte de algumas premissas conceituais e constrói uma narrativa que será embasada na relações entre obras de arte, denominada curadoria e o que apóia espacialmente esta especulação, a arquitetura da exposição, sua expografia e cenografia.

Dentre as diversas formas de produção artística, foi escolhida para a pesquisa curatorial a fotografia. Ao longo do processo se percebeu que o vídeo e o cinema também deveriam fazer parte da exposição por serem estas duas mídias de base fotográfica. Desde o princípio foi estabelecido que a temática abordaria a relação entre a fotografia e os espaços construídos arquitetonicamente, seja na escala do edifício ou na escala urbana. Além da fotografia ser um instrumento no processo de produção arquitetônica, há um importante paralelo entre fotografia e arquitetura que é o constante jogo entre bidimensional e tridimensional e a necessidade de passagem entre eles, responsável pela discussão da construção de realidades baseadas no existente, além do fato de ambos os códigos, da fotografia e da representação da arquitetura, estarem pautados em regras visuais.

Cidades e edifícios sempre foram objetos sobre os quais a fotografia se debruçou, no documentarismo, no fotojornalismo e na fotografia artística. A partir do momento em que nos deparamos com estas produções fotográficas, realizadas além do campo da arquitetura, percebemos que elas trazem importantes aprendizados e questionamentos, e o trabalho em questão se restringe à produção de caráter artístico. Porém, é preciso esclarecer duas coisas: este estudo acredita que a fotografia é uma mídia de construção de realidades visíveis e não de representações fiéis (miméticas); e não houve qualquer intenção de questionar estilos arquitetônicos, e sim especular sobre o que o conjunto de projetos em grandes cidades, como São Paulo, gera em nossas percepções visuais e como as pessoas convivem visualmente com as cidades em que habitam, assim como o que produzem a partir delas através de meios óticos.

Por ser mais coerente às ideias acima, o presente estudo pretende criar leituras e recortes da produção da fotografia contemporânea. Toda a pesquisa desenvolvida foi um desafio, pois estudar arte contemporânea é uma tarefa difícil devido à proximidade entre os tempos de produção e de compreensão da obra. Assim, se fala mais em especulação que em teorização.

Nesse sentido, por algumas dificuldades encontradas ao longo do processo, buscou-se esmiuçar o universo artístico pesquisado através de diversas leituras e análises de obras, o que resultou no texto Diálogos, que também coloca a temática da curadoria e relações entre algumas obras.

Não se deixou de pesquisar projetos de exposições, mantendo a premissa de trabalhar em conjunto curadoria e expografia, o que foi feito a partir de referenciais de exposições já realizadas, além de pequenos estudos sobre as formas de se exporem as obras propostas para a exposição. O texto Sobre Exposições de Fotografia trata mais especificamente deste universo expográfico. Deste processo foram explicitados o partido da exposição e suas diretrizes, somados às problemáticas do local escolhido, que foram desenvolvidos na segunda parte do trabalho.

"Construção de Espacialidades" é uma exposição que apresenta conflitos visuais. Fotografias, vídeos e filmes de artistas de diversos países questionam nossa visualidade a partir de diferentes tipos de construções poéticas. Seus olhares são direcionados a metrópoles como São Paulo, Nova Iorque, Berlim, Hong Kong, e eles subvertem a lógica do olhar banal e distraído trazendo até nós imagens que impressionam à primeira vista.

Todas elas exploram as paisagens urbanas de grandes cidades e ao mesmo tempo discutem as possibilidades do próprio meio fotográfico. Trabalham com a linguagem contemporânea e foram produzidas entre o final da década de 1970 até 2010.

A multiplicidade de planos e perspectivas contidas numa mesma imagem foi o princípio que guiou a escolha das obras, porém, ao longo do desenvolvimento do projeto outros processos relacionados a este foram somados. São eles a influência do cubismo e da colagem na fotografia contemporânea, a influência do vídeo na fotografia e suas imagens em sequência lógica, a exploração do extra-quadro e a expansão deste conceito com a ampliação dos quatro cantos da imagem.

Além disso, os conflitos visuais urbanos são gerados dentro da problemática da arquitetura e do urbanismo, o caos e a desordem são dados da paisagem urbana contemporânea. Há uma constante sobreposição de conceitos e desenhos, de visualidades, de concepções espaciais. Busquei assim, artistas que não escolheram pela ordenação do caos, mas que decidiram por assumir e explorar os conflitos destas paisagens metropolitanas.

O conjunto formado pelos estranhamentos visuais e pela subversão das bases da fotografia conduz a uma forma diferente (não comum) de compreensão dos espaços urbanos em que vivemos. São lançados múltiplos olhares sobre eles.

A exposição foi projetada para os espaços do Ed. Joaquim Nabuco, parte do complexo do Centro Cultural Maria Antônia. Local de importante localização e história para São Paulo, possui espaços com características diversas, todos interessantes para o abrigo de mostras de diferentes tipos.

O projeto em questão interveio em quatro áreas: o pátio entre os edifícios Rui Barbosa e Joaquim Nabuco, em que foi proposta a projeção de filmes e de um vídeo com as obras; a primeira sala do térreo, que abriga fotografias; a caixa de escadas com a uma instalação de espelhos e um vídeo; as salas do primeiro pavimento, a primeira com fotografias e a segunda com vídeos.

Ao final, pode-se afirmar que o aprendizado com o processo de trabalho foi fundamental nesta parte final da formação e que a liberdade de discussão das questões propostas, assim como o tipo de projeto e suas soluções são contribuições essenciais para o exercício desta profissão.

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