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secao 4!

Uma Alternativa de Ocupação para a Vila Leopoldina

Laila Kaori Kosaka

Antonio Carlos Barossi

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma alternativa de ocupação do espaço urbano, diferenciada do modelo imposto pelo mercado imobiliário atual. Os investimentos em infra estrutura, equipamentos públicos e habitação atingem apenas algumas parcelas da população e o mercado imobiliário é quem tem definido o padrão de ocupação de grande parte da cidade, deixando de lado a qualidade das ruas para os pedestres e privilegiando os automóveis. A paisagem urbana de São Paulo vem sofrendo muitas transformações e consequentemente a qualidade de vida das pessoas também.

A Vila Leopoldina, assim como muitos outros bairros de São Paulo, está sofrendo com esse processo de transformação do espaço urbano; as antigas fábricas dão lugar aos grandes empreendimentos imobiliários, caracterizados por gigantescas torres de edifícios e muros instransponíveis aos olhos de quem passa pela rua. A qualidade da habitação fica restrita aos espaços internos condominiais, que oferecem todo tipo de apoio e lazer dentro do limite de seus muros enquanto que as ruas e espaços públicos de convivência ficam abandonados.

O entendimento do processo de formação do bairro e de suas transformações, conciliados com instrumentos legais de regulação do território, foram fundamentais para a elaboração de diretrizes de ocupação resultando numa proposta de plano de massas para a região, levando em conta elementos considerados essenciais para uma cidade mais acessível e diversificada. Neste trabalho, essa alternativa de ocupação será caracterizada tanto na escala do bairro, com a elaboração de um plano de massas, como na do edifício, com a caracterização de usos e das unidades de habitação, com o objetivo comum da busca por uma cidade mais democrática.

As reflexões resultantes dos levantamentos e estudos sobre a região levaram a proposição de um plano de massas baseado na volumetria dos edifícios como forma de criar espaços, públicos e particulares, valorizando o pedestre e conectando elementos que contribuem para a organização da cidade. Ensaios do projeto do edifício foram realizados paralelamente ao plano de massas, um contribuindo para a elaboração do outro, chegando assim numa proposta alternativa de ocupação fundamentada não só na escala do bairro como também na escala da unidade de habitação.

A área escolhida para a elaboração do plano de massas, foi o atual terreno do Ceagesp. Pressupondo o deslocamento do entreposto para outra região, uma área tão grande e bem localizada como esta, cairia nas mãos de especuladores e o mercado imobiliário continuaria a transformar a cidade do modo como faz hoje.

Foram propostas melhorias no infra estrutura local, conciliando diretrizes do PRE – Plano Regional Estratégico, com as percepções obtidas ao longo deste trabalho. Para o sistema viário, foram criadas duas novas transposições, que fazem ligação direta de um lado ao outro do Rio Pinheiros, sem o caráter de trevo, desconcentrando assim, o tráfego nas travessias existentes e permitindo um menor intervalo entre elas. O sistema de transporte, levando em consideração a expansão das linhas do metrô indicados no PRE, deverá ter interligação de diversos tipos de transporte, com estações intermodais e com a criação de uma linha de VLT no eixo da Av. Gastão Vidigal.

Para a questão das enchentes, freqüentes na região, foi proposto o destamponamento de córregos e a criação de canais de retenção de água pluvial com margens rebaixadas, que em seu funcionamento normal, se configuram com espaços de lazer e de aproximação da população com as suas águas. Em épocas de chuva intensa, essas margens podem servir como áreas alagáveis, aumentando a capacidade dos canais. Conjuntamente a isso, foram criados parques lineares, com aumento da área permeável e consequentemente diminuição da velocidade de escoamento das águas para o rio. Esses parques fazem parte de um sistema de espaços livres, interligados entre si, que contemplam também equipamentos públicos de educação, lazer e cultura.

O pavilhão da feira livre do Ceagesp foi mantido como espaço de múltiplo uso, além de preservar o caráter histórico da região. Os galpões de apoio mais próximos ao pavilhão serão mantidos com seus usos atuais, de comercialização de produtos agrícolas.

Os edifícios propostos foram pensados de forma a configurarem volumes edificados com gabaritos medianos e espaços livres entre eles, que podem ser utilizados como espaço condominial ou espaço público. Buscou-se uma ocupação diversificada, com comércio predominante nos térreos, serviços nos primeiros andares das edificações e unidades habitacionais nos demais pavimentos. Essa diversidade além de possibilitar à população, um acesso maior a diferentes tipos de serviços, dá mais vida às ruas, que passam a ter uma melhor qualidade para os pedestres.

O projeto do edifício também foi proposto de forma alternativa aos que estão sendo construídos na cidade. O edifício em lâmina, com unidades que possuem abertura para as duas fachadas opostas, possibilitam uma melhor iluminação e ventilação, privilegiando todas as unidades do pavimento quanto à sua orientação. Foi criado um bloco hidráulico, concentrando as áreas molhadas numa única parede, de onde as tubulações descem por um shaft, formado pelo afastamento das paredes de divisão de unidades vizinhas. A circulação foi afastada da fachada, permitindo um pouco mais de privacidade, já que existem aberturas para ela. As circulações horizontais conectam dois blocos através de uma área de convivência, diferenciada por pavimentos ímpares e pares e que possuem uma escada de ligação entre eles. A área interna aos edifícios foram destinados ao uso condominial, com algumas vagas de estacionamento e espaços de lazer. O térreo possui pé direito duplo, possibilitando a construção de mesaninos, dentro de cada unidade. Foi criada uma laje, entre o térreo e os pavimentos de serviço, que formam uma grande marquise para quem passa pela rua, e um grande mesanino de apoio das unidades de serviço, com salas de conferência e reuniões.

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