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secao 4!

DESDOBRAMENTOS –

PROCESSO CRIATIVO E PROJETO

LEILA SANTIAGO DEOLIVEIRA SANTOS

GIORGIO GIORGI JR.

O tema deste trabalho nasceu do desejo de estudar materiais novos. Não novos no sentido de inovadores, mas que tivessem sido pouco usuais durante o período da graduação. Como seria projetar com outros materiais? De que forma as diferentes propriedades de cada material influenciam na forma, na estrutura e no uso dos objetos que os possuem como matéria prima?

Um objeto construído com madeira dificilmente pode ser construído do mesmo modo utilizando tubos metálicos. Eventualmente, pode-se conseguir um efeito equivalente se for feita uma adaptação do desenho, como acontece com as cadeiras Eames DS, em que um mesmo modelo estrutural é adaptado para dois materiais diferentes.

Percebeu-se, todavia, que esse tipo de diferença não tinha origem somente nos materiais utilizados, mas também nos processos com que eles são trabalhados. Um objeto derivado de uma chapa de aço recortada a laser e dobrada provavelmente possuirá uma linguagem completamente distinta de outro produzido com uma chapa de aço exatamente igual a primeira, mas que tenha sido estampada.

Desta forma, o campo de interesse deste trabalho não poderia ser restrito apenas aos materiais, mas precisaria também englobar os processos de fabricação. Esse conjunto, de materiais e processos, foi chamado de técnica. Ainda assim, dizer que o foco do trabalho seria a técnica não era o suficiente, já que o objetivo não era estudá-la por si só, por exemplo, estudar alguma indústria ou a resistência dos materiais. O interesse está na influência da técnica sobre a concepção do produto, seja na forma, seja na função. Ou seja, o foco está na relação entre técnica e projeto, de modo que este seria um trabalho sobre processo criativo e atividade projetual, mais do que sobre tecnologia.

Para estudar o processo criativo e projetual nessas circunstâncias, decidiu-se que o melhor seria experimentá-lo. A prática mostra em um caso real como é seu desenvolvimento, as possibilidades e os percalços que aparecem, assim como as decisões que tem que ser tomadas. A experimentação iria expor, portanto, todo o caminho percorrido e permitir sua melhor compreensão.

Como objeto de estudo para esta pesquisa, foram escolhidos os processos de transformação dos materiais planos, de espessura mínima, em objetos tridimensionais. Enquadram-se neste critério, aqueles que têm como matéria prima as chapas de metais variados, folhas de madeira ou diversos tipos de plásticos, papéis, tecidos, espumas. A pesquisa se restringiu às chapas de metal, como aço e alumínio; entre os plásticos foram privilegiados o acrílico e o polipropileno; e, por fim, às lâminas de madeira pré-compostas, que apresentam uma maior padronização de comportamento que as naturais. Restringiu-se também, aos processos de transformação mecânicos e simples como recorte, vinco e curvaturas simples, ou seja, sem grandes deformações do material ou uso fôrmas complexas.

Foi feita, então, uma avaliação de toda a primeira etapa de pesquisa com o objetivo de encontrar algum princípio que fosse a essência para o projeto do produto final. Optou-se por estudar e projetar um assento utilizando polipropileno. Para evitar os alguns problemas previstos, foi definido que somente o assento seria feito com polipropileno em chapa de modo a explorar sua elasticidade para cumprir a função de almofada, ou seja, a estrutura plástica entraria no lugar do estofado. O que mais fosse necessário estruturar seria feito com o uso de outros materiais, como metal ou madeira. Optou-se, pelo uso do alumínio fundido que é relativamente leve e permitiria um desenho mais complexo da estrutura. Neste momento, também foi definido que a almofada seria base para dois objetos de uma mesma família. Um deles seria um banco individual de aproximadamente 45 cm de altura e o outro seria um banco de chão, de altura aproximada de 10cm, acoplável a outros iguais.

Devido às condições da infra-estrutura disponível no Laboratório de Modelos e Ensaios da FAU (LAME), assim como ao prazo para a finalização do trabalho, não seria possível desenvolver um protótipo da estrutura de alumínio. Optou-se, dessa maneira, pelo desenvolvimento de um modelo de testes em aço, de acordo com o que seria possível executar no LAME. Esse modelo, apesar de não ser uma representação fiel do objeto projetado, deveria ser uma aproximação volumétrica da forma final.

O projeto apresentado neste trabalho é a base do que poderia ser um primeiro protótipo desse produto. Existe ainda uma série de testes que deveriam ser feitos, sobretudo para a execução da almofada de plástico. Durante o desenvolvimento deste trabalho não foi encontrado outro objeto que utilizasse o polipropileno nas mesmas condições que foram trabalhadas aqui, ou seja, com vincos no material da mesma espessura, apesar dos testes terem mostrado que seria viável. Trata-se, portanto, do desenvolvimento de uma tecnologia, o que demoraria mais do que o tempo disponível e exigiria outras condições de trabalho.

Quanto às possibilidades de uso, os bancos podem ser utilizados em áreas externas se o polipropileno receber proteção UV. O produto também é lavável, tornando-se indicado para locais públicos, para público infantil ou para qualquer outro uso que necessite de limpeza freqüente. Acima de tudo, os objetos propostos, especialmente a versão do banco de chão, são objetos lúdicos e essa é sua principal característica. Acredita-se que a forma, assim como o estranhamento causado pelo uso inusitado do plástico sejam os principais fatores que levem à escolha dos produtos propostos caso sejam comercializados um dia.

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