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secao 4!

Dança e Artes Circenses:

um espaço em Sorocaba

Maria Elisa Crisp Fonseca

Antonio Gil da Silva Andrade

Este trabalho visa contemplar a cidade de Sorocaba, no interior paulista, com um centro de artes corporais. Considerando as demandas da cidade relativas a espaços para performances artísticas, mostrou-se clara a deficiência de espaços apropriados para a dança e as artes circenses. O projeto objetiva, portanto, a criação de espaços capazes de abrigar apresentações, ensaios e oficinas para grupos de dança e de circo de Sorocaba e região.

Os teatros da cidade de Sorocaba chamam à atenção quanto a suas limitações físicas, especialmente no que diz respeito aos espaços destinados aos bailarinos, como área de palco e camarins. Outra deficiência dos teatros é o número limitado de poltronas, além da grande dificuldade dos grupos em conseguir vaga na agenda dos teatros.

Com relação ao circo foi possível notar, como platéia, a ausência de um espaço fixo e apropriado onde os grupos pudessem se apresentar, o que os leva a limitar suas apresentações conforme os locais disponíveis, prejudicando por vezes o conforto dos artistas, bem como da platéia.

Distando apenas 92 km da cidade de São Paulo e com uma população de 583.311 mil habitantes (fonte IBGE, 2010), a cidade possui apenas dois teatros. O Teatro Municipal Teotônio Vilela e o Teatro Popular do SESI “Dr. Armando Pannunzio” com capacidade de platéia para 435 e 253 pessoas, respectivamente, são claramente insuficientes para atender às tantas escolas de dança da cidade.

Tendo em mãos o Plano Diretor e o mapa de zoneamento da cidade foi iniciado o processo de seleção do terreno. Tendo caracterizado o uso foi possível localizar no zoneamento do Plano Diretor quais zonas da cidade permitiriam tais usos.

O terreno selecionado fica próximo ao Paço Municipal de Sorocaba, em uma zona predominantemente institucional, onde se encontram, além do edifício da prefeitura, o Teatro Municipal e a Biblioteca Municipal. Dessa forma, me propus a desenvolver esse potencial pólo cultural da cidade. Trata-se de uma região em pleno desenvolvimento e expansão e já dotada de infraestrutura urbana. O terreno escolhido faz proveito da grande quantidade de linhas de ônibus que passam ali para permitir a acessibilidade de toda população ao Paço Municipal.

A princípio, para que fosse possível dar início à definição do programa, foi considerado necessário definir o cliente, ou seja, para quem o espaço seria projetado, quais atividades seriam desenvolvidas e quais as necessidades específicas. Os itens do programa foram classificados em áreas de apoio aos artistas, aos funcionários e à platéia.

A conceituação das duas artes envolvidas foi fundamental ao desenvolvimento do partido. Tais conceitos devem ser vistos refletidos na arquitetura. A partir da oposição entre os conceitos de sequencial (dança) e nuclear (circo) foi possível dar início a um estudo preliminar.

Considerando o dimensionamento do palco determinado, a princípio, em 18x9m, guardando a proporção de 1:2 observadas nos estudos de caso e as proporções entre o palco principal e os palcos laterais e de fundo foi criada uma malha modulada que serviria de base aos estudos para o teatro. Para o circo foi criada uma malha de eixos radiais com centro na área do picadeiro. O momento e o espaço onde ocorre a ação principal devem ser tratados com maior importância – o palco e o picadeiro.

Nos estudos foram consideradas questões como a hierarquia dos espaços dentro de cada um dos edifícios, a relação dos edifícios entre si, a relação com o entorno e com a topografia do terreno, o que refletiu na implantação, acessos e estacionamento.

Com o acentuado declive no início do terreno a proposta da praça permitiu criar dois níveis de estacionamento, por meio dos quais se tem acesso aos foyers no nível da praça. Esta praça é concebida como um elemento de união entre os edifícios. Nas duas laterais as rampas dão acesso ao estacionamento e a áreas de carga e descarga. Os artistas têm acesso ao edifício pelo nível inferior do estacionamento. É neste nível que estão o palco e o picadeiro e todos os espaços de apoio aos artistas, como salas de ensaio, camarins, copa, sanitários etc. No teatro de dança os espaços de apoio técnico encontram-se em um nível inferior, junto ao fosso do palco, enquanto no circo esses espaços dividem o nível do picadeiro com os artistas. Pela praça é feito acesso em nível ao foyer onde a platéia encontra toda a estrutura de apoio, como bilheterias, café, sanitários. No teatro, pelo foyer o acesso à sala de espetáculo é feito passando por uma antecâmara. Acima desta antecâmara está localizada a cabine de luz e som, onde opera uma equipe técnica. Enquanto isso, técnicos operam também nas passarelas sobre a platéia e no urdimento. No circo, a cabine de controle técnico fica junto ao bloco de camarins ao fundo do picadeiro. Em ambos os edifícios a área administrativa está localizada em um bloco acima do foyer, o que cria um volume de destaque e dá mais expressão a cada um dos edifícios.

Para a cobertura do circo foi determinada uma tenso estrutura em dupla curvatura, uma parabolóide hiperbólica. A lona retangular é fixada em pontos no alto de mastros e em pontos em baixo, no chão. Essa diferença de cota entre os pontos de fixação da lona cria uma grande eficiência no combate a cargas de vento. Os pontos de fixação da lona estão situados nas linhas que compõem a malha radial do circo e, para determinar quais seriam os pontos fixados no alto, parti do desejo de criar destaque, principalmente, para a área de picadeiro e a necessidade de altura generosa para poder fixar os equipamentos aéreos. Os blocos do foyer e administração também deveriam ter seu destaque volumétrico realçado pela cobertura.

Ficha técnica

Área total do terreno: 18.023,00m²
Área construída do Teatro de Dança: 7.822,07m²
Área construída do Circo: 3.541,00m²
Área permeável: 5.982,55m²

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