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secao 4!

Restauro do Palacete Lara

Mariana Cavalcanti Pessoa

Beatriz Mugayar Kühl

Trata-se do desenvolvimento de um projeto de restauro para o Palacete Tereza de Toledo Lara, edifício eclético situado no centro histórico da cidade de São Paulo, revitalizando-o. O trabalho se inicia com uma apresentação do objeto, sua localização, características e dados importantes para compreender as informações que seguem. A partir de então segue um percurso cronológico passado-presente-futuro. Por “passado” se entende o estudo histórico do edifício e seu entorno, imagens antigas, cronologia construtiva e importantes considerações para entender as fases pelas quais o edifício passou. No módulo “presente” trata-se do objeto como ele se encontra hoje, seus usos, os materiais que o compõem, a metodologia de diagnóstico e hipóteses de patologias visíveis presentes no edifício. Esta parte é a mais extensa porque é muito importante para o restauro conhecer profundamente o objeto de intervenção, para que as propostas sejam coerentes com suas aptidões. Na parte “futuro” se encontram hipóteses de tratamento para as possíveis patologias e o projeto de intervenção desenvolvido para o edifício.

O Palacete foi projetado pelo arquiteto alemão Augusto Fried e é datado de 1910. É também conhecido como “Antiga Rádio Record”, pois o edifício ficou famoso por abrigar a rádio Record no início da década de 1940. Enquadra-se na zona de proteção Z8-200, de 1977, com limitação prevista para os prédios classificáveis como P1 devendo ser totalmente conservado, tanto interna quanto externamente. O edifício fica no largo da misericórdia, tendo suas fachadas voltadas para as ruas Quintino Bocaiúva, Direita e José Bonifácio. Foi encomendado por Antônio de Toledo Lara, um dos fundadores da Antarctica e financiador da restauração da catedral da Sé, que batizou o Palacete com o nome de sua filha. A arquitetura desta edificação é de caráter eclético. As esculturas na fachada do palacete ilustram bem sua incorporação de estilos. Possui composição elaborada e complexa.

O edifício mantém hoje suas características formais quase integralmente preservadas, porém como conjunto perdeu sua unidade. No pavimento térreo, cada loja pôde intervir em seu trecho de fachada como quis. O único tipo de restrição que tiveram foi a recente Lei da Cidade Limpa, que os obrigou a diminuir o tamanho das placas publicitárias. Com isto, o edifício deixou de ser visualmente lido como um conjunto e parece uma galeria de lojinhas independentes.

Além disto, alguns problemas surgiram nos materiais, o que é normal em qualquer edifício, mais ainda em um centenário. Em termos gerais, na fachada, a parte inferior em granito está totalmente pintada, muitas das bandeiras em ferro não existem mais ou foram substituídas. Também existe a presença de muitos fios e tubulações aparentes. Na parte superior, encontramos sujidade acentuada e manchas de umidade principalmente no coroamento, depósitos de calcário, obturações com materiais diferentes dos originais, eflorescências e pichações. Alguns elementos decorativos ou parte deles estão faltantes, como o pé de uma escultura e a ponta de alguns pináculos. Internamente, o piso em ladrilho hidráulico está bem conservado, apenas com partes substituídas por materiais diferentes, partes quebradas ou desgastadas. Já os pisos em madeira estão mais deteriorados, com problemas nos encaixes, partes quebradas e descaracterizadas. Também existem patologias nos forros como extensas áreas substituídas por forro em PVC de baixa qualidade.

O módulo “futuro” do trabalho foi efetuado em duas frentes, cuidando da matéria física e fazendo novas propostas de uso para os espaços. Para as superfícies prevê o tratamento das principais patologias visuais propondo hipóteses para cada caso. Trata de forma especial da limpeza das superfícies, que de modo geral é vista como manutenção simples, porém é uma operação delicada e irreversível.

As propostas de uso buscaram ser muito cuidadosas, respeitando o edifício e suas fases. Tendo em vista as atividades já consolidadas há uma centena de anos no edifício, a proposta não altera muito os usos atuais. O que o projeto busca é dar mais dignidade ao edifício e prover recursos para que estes usos se mantenham respeitando necessidades dos usuários atuais. Desde o estudo preliminar, a ideia do projeto seria resgatar a vocação musical que o edifício possui. Ele ainda tem vestígios desta vocação na loja Amadeus, mas isto poderia ser aprimorado com um projeto integrando outros programas. Nas fachadas o esforço maior se concentrou em buscar trazer de volta a unidade do edifício.

Com os usos atuais o subsolo é pouco utilizado. Trazendo um pouco de volta a veia musical a proposta é ter parte do subsolo ocupado por uma oficina de luthieria. Esta oficina seria vedada com vidros com tratamento acústico e sua ventilação seria feita mecanicamente, trazendo até o fosso de ventilação do edifício. Na outra parte, e ocupando o fosso se localiza um bar-café, promovendo um espaço de lazer e descanso para os usuários do edifício.

No térreo quase nada foi modificado. Os usos se mantêm, foi apenas proposta uma reestruturação das áreas molhadas das lojas da fachada nordeste, que se encontram niveladas. Com esta reestruturação foi possível liberar mais espaço para o fosso de ventilação.

O primeiro pavimento seria chamado o andar musical. Para este andar foram reestruturadas as áreas molhadas e uma parte do andar foi dedicada a uma sala de dança. Outra sala foi reservada para a administração e apoio deste espaço. Foram criados banheiros e vestiários. Uma grande sala continuou reservada para a loja de música Amadeus Musical.

O segundo pavimento seria o andar de escritórios. Nele, os banheiros também foram reestruturados para melhor atender aos usuários e foi proposta uma pequena área de descanso. As salas não sofreram alterações, apenas estão destinadas para escritórios. A divisão das salas internamente dependeria das necessidades de cada escritório, sendo possibilitada a utilização de divisórias leves piso-teto pelo tipo de forro especificado para este andar.

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