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secao 4!

CEU desenho cidade

Marina Nóbrega Reato

Monica Junqueira de Camargo

Este trabalho se propõs a analisar o projeto dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) de São Paulo, inaugurados entre 2003 e 2004, durante o governo da prefeita Marta Suplicy. Estudou-se aqui as origens, referências e os princípios norteadores do CEU, procurando-se observar como um projeto com equipamentos padrões foi solucionado em diversas situações diferentes, e como cada disposição influencia na criação dos lugares.

A análise foi feita através do estudo de plantas, cortes, elevações, fotos satélite, leitura especializada no assunto, entrevista com os profissionais envolvidos e visita a campo às unidades. Foram estudadas as vinte e uma unidades da primeira fase de implantação do projeto dos CEUs na cidade de São Paulo, que correspondem ao mesmo projeto tipo. Atualmente existem em funcionamento 45 unidades, porém os 24 conjuntos construídos na segunda fase não representam o mesmo projeto original, e por isso não fazem parte deste estudo.

O trabalho está dividido em três capítulos: 1. Antecedentes do projeto, em que foram estudados os projetos e experiências escolares que serviram de referência para o CEU, como a Escola Parque Escola Classe, os Parques Infantis, o Convênio Escolar e os CIEPs; 2. CEUs, onde foi apresentado a origem do projeto, os objetivos, princípios norteadores, programa de atividades, arquitetura, aspectos construtivos e escolha dos terrenos; 3. Análise, em que foram demonstradas as diretrizes de implantação e apresentação e análise dos 21 CEUs.

Das experiências escolares anteriores surgiram alguns princípios norteadores do projeto dos CEUs, podendo-se destacar a vontade de criação de uma escola democrática, a ampliação do currículo escolar, a estruturação das escolas em rede, a extrapolação do espaço escolar e a proposta de cidade educadora, a defesa de uma escola voltada a formação do cidadão através da participação ativa nas decisões do espaço que levariam a um regime mais democrático e desenvolvimento do país. Além disso, a importância do edifício público como símbolo de cultura, como marco referencial na paisagem. Quanto aos aspectos construtivos, foram levados para o projeto dos CEUs a modulação e a pré fabricação.

O projeto de arquitetura dos CEUs, teve em sua origem a Praça de Equipamentos Sociais (PES) inicialmente proposta pelo EDIF em 1989 na gestão da prefeita Luiza Erundina. As PES reuniam vários equipamentos educacionais, culturais, esportivos, de lazer e saúde, com programa desenvolvido em conjunto por diversas secretarias, com proposta de gestão intersecretarial e participação da comunidade na gestão dos equipamentos, formando assim um cidadão ativo na transformação do espaço publico, alcançando assim melhores condições nas estruturas ambientais urbanas. Infelizmente o projeto não conseguiu ser concretizado nesta gestão, e apenas em 2001, quando Marta Suplicy assume a prefeitura e o projeto é mais uma vez apresentado, pode ler levado adiante, sofrendo modificações que levaram a definição do programa e arquitetura dos CEUs.

Os equipamentos dos CEUs estão divididos principalmente em três edifícios: Bloco Didático, Bloco Cultural Esportivo e Bloco da Creche, além do balneário e parque esportivo, expressando na arquitetura os princípios de uma cidade educadora e proposta de cidade mais humanista. A composição dos equipamentos do projeto permitiu diversas variações de implantação, gerando qualidades de espaços diferentes em cada conjunto, influenciando a percepção dos usuários, a integração entre eles e a apropriação do espaço pelos mesmos.

Esta variação deu a cada conjunto uma particularidade especial, buscando apropriar-se das características do terreno e das necessidades da população local, de modo a adequar-se da melhor maneira possível ao sitio onde estava sendo implantado.

Alguns aspectos foram fundamentais para que o projeto de implantação pudesse gerar espaços tão diferentes. Um deles foi a modulação dos espaços, que permitiu combinações diversas, porém sempre seguindo uma ordem de diretrizes de implantação que permitissem seguir os princípios de projeto defendidos. Desse modo, a identidade visual do CEU não foi descaracterizada, as diretrizes básicas estão presentes em todos os conjuntos, possibilitando o reconhecimento do projeto.

Além disso, a definição de um programa que reuniu em um mesmo edifício diversas atividades, além dos motivos econômicos, possibilitaram que o programa básico fosse sempre cumprido, independente de onde a unidade fosse implantada. Garante-se assim uma dignidade mínima em cada um.

A apropriação das características do entorno, assim como a adição de mais equipamentos de lazer nos casos em que isso foi possível ser realizado, só enriqueceram o projeto. Esta preocupação em adequar o conjunto às necessidades do local é de extrema importância para a valorização e apreciação dos usuários com o espaço construído.

Pelas visitas e observação das atividades desenvolvidas em cada CEU, que ainda se mantém em bom estado de conservação após quase 10 anos desde a primeira inauguração, só reforça a idéia de que o equipamento foi incorporado pela comunidade.

Além do reconhecimento pela população, a intenção de estruturação dos bairros fragmentados é vista na criação dos conjuntos enquanto pontos centrais na periferia, revelando o potencial do desenho estruturador e do papel simbólico contido na arquitetura. O significado que o edifício público assume nessas áreas mostra-se, então, transformador e necessário.

Apesar do trabalho ter se focado nos aspectos da arquitetura da implantação, reconhece-se a importância dos questionamentos políticos, sociais e pedagógicos por ele suscitados, apontados no desenvolvimento do trabalho.

Com relação ao desenho, ao projeto, este representou principalmente uma intenção, na medida que propôs uma cidade mais democrática, digna, uma resistência ao modelo urbano que encontramos hoje.

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