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secao 4!

Parque (Não) Linear Vila Madalena -

Propostas para a qualificação dos Espaços Livres Públicos do Bairro

Paula Ferraz Dondon

Eugenio Fernandes Queiroga

De início, ao pensarmos na concepção desse trabalho, tinha-se a idéia de elaborarmos um trabalho teórico abordando a questão do uso e apropriação dos espaços livres públicos em São Paulo. Procurávamos tratar do uso de parques, praças, ruas e vielas através da análise do contexto onde estão inseridos e da forma com que dialogam com os moradores de seu entorno. Buscávamos, tendo a Vila Madalena como objeto de estudo, observar como a relação que a sociedade possui com o conceito de público ou privado é refletido na produção de seus espaços, em uma tentativa de compreensão da vida pública.

Contudo, concluída uma série de levantamentos, estudos de campo, registros fotográficos e leitura sobre o tema, vimos que a maneira como os moradores e freqüentadores do bairro vê e utiliza seus espaços desencadeava a tomada de outro posicionamento em relação ao trabalho.

Para a elaboração deste projeto procuramos observar os conflitos e potencialidade da região da Vila Madalena como um todo e realizar uma análise do cotidiano do bairro sob diversos pontos de vista.

O trabalho assumiu, portanto, a busca pela introdução de uma nova forma de se fazer uso do bairro, procurando estimular a relação cotidiana de moradores e freqüentadores com seus espaços livres públicos, propondo outras formas de apropriação de suas ruas tanto como espaço de convívio quanto como espaço de passagem.

Assim, podemos dizer que apesar da principal proposta apresentada aqui consistir na implantação de um parque linear, título deste trabalho, outras áreas e aspectos foram contemplados justificando e complementando a idéia do parque ao longo de seu percurso.

Procuramos então abordar a composição e organização da malha viária e do sistema de transportes da região assim como a reurbanização de duas ruas consideradas de grande expressividade para o projeto por desempenhar papéis importantes tanto na reestruturação proposta para o sistema de transportes quanto pela conexão física e conceitual com o parque linear.

Dessa forma, podemos afirmar que buscamos sempre que possível tratar o projeto sob o ponto de vista do pedestre, estimulando o caminhar como forma de acessar o bairro, circular e usufruir de suas potencialidades. Em outras palavras, foi pensado, levando-se em consideração algumas adversidades, na viabilidade de tornar o bairro mais convidativo aos passeios feitos a pé através da utilização de meios de transporte alternativos ao transporte individual em conjunto com medidas para arborização de calçadas e de drenagem urbana.

Para a situação do transporte, portanto, pensamos em três propostas para o bairro:
A primeira consistiria na adoção de mão única para as Ruas Wisard e Aspicuelta, mais usadas na conexão leste-oeste citada anteriormente, e na alteração da trajetória dos ônibus de linha.
A segunda, na introdução de um sistema de transporte público complementar ao já existente ligando as ruas do bairro com as vias estruturais mais próximas que, por sua vez, são servidas de outras linhas de ônibus, conectando-as com o restante da cidade
E para a terceira proposta para o plano de transporte elaboramos um estudo de declividades feito para a verificação da viabilidade da implantação de ciclovias no bairro.

No que diz respeito à reurbanização das ruas Wisard e Aspicuelta, nos dois casos o leito carroçável ficou mantido com uma largura em que possam transitar dois veículos. O espaço destinado para vagas de estacionamento seguiram o mesmo critério nas duas ruas: Em um dos lados foi utilizado para a ampliação da calçada existente e do outro foi substituído pela ciclovia, citada anteriormente, na rua Aspicuelta, ou mantidas como espaço de estacionamento, no caso da rua Wisard, sendo apenas ampliadas o espaço do passeio nas esquinas.

Assim, podemos dizer que, de maneira geral, a proposta de reurbanização das ruas em questão não configura um modelo que pode, ou deve, ser aplicado a todas as ruas de São Paulo. Julga-se que cada parte da cidade possui especificidades que tornam necessário o estudo caso a caso das diferentes situações. Tem-se como intenção portanto, sugerir circunstâncias e condições que incentive o passeio, o encontro e o convívio na esfera da vida pública.

Enfim, a proposta de criação do parque linear foi pensada a partir de quatro motivações: unir as potencialidades do bairro, atribuindo valor a espaços que atualmente se encontram desconexos, dar continuidade ao plano de transporte público, indicando alterações no desenho do viário em alguns entroncamentos que dificultam a circulação tanto de automóveis quanto de pedestres, apontar saídas para o problema das freqüentes enchentes no bairro e ressaltar a presença do córrego Rio Verde.

É importante observar que apesar de assinalarmos uma série de imóveis incorporados no desenho do parque as desapropriações propostas foram pensadas para construções que, atualmente, se encontram deterioradas, abandonadas ou em mau estado de conservação.

Durante o desenvolvimento do trabalho, em nossa busca por soluções em relação ao problema da drenagem urbana levantado no início deste livro, nos foi colocado que a única solução definitiva para o problema das enchentes no bairro seria a execução de um reservatório de águas pluviais, em lugar próximo à nascente do córrego Rio Verde, e a reforma das galerias subterrâneas do bairro.

Foi pensando então que, mesmo que as medidas adotadas ao longo do projeto não representassem uma solução definitiva para as enchentes, se traduziriam em conceitos que podem indicar um conjunto de ações aplicáveis em demais partes da cidade.

De uma maneira geral, a intenção para toda extensão do parque linear, assim como na reurbanização das ruas, foi buscar medidas que retardassem o caminho das águas da chuva em seu caminho para as galerias subterrâneas. Para tal, pensamos que a introdução do piso drenante trabalhando em conjunto com uma maior oferta de áreas permeáveis se caracterizaria como uma solução, mesmo que apenas paliativa, para o problema enfrentado pelos moradores do bairro.

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