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secao 4!

Conexões Urbanas:

Maringá

Paulo Catto Gomes

João Sette Whitaker Ferreira

A cidade de Maringá, localizada no norte do Paraná, apresenta uma condição de conturbação com três municípios vizinhos: Paiçandu, Sarandi e Marialva. Esse arranjo metropolitano possui uma população de mais de 500 mil habitantes. Maringá, a cidade polo, concentra a maior parte da população: 350 mil habitantes; e também concentra a maior parte dos empregos. Existe entre essas cidades uma relação de interdependência quanto a trabalho e consumo. Diariamente, aproximadamente 50 mil pessoas chegam a Maringá para trabalhar ou estudar, e a única opção de transporte público é o ônibus.

O trabalho parte da premissa de que um novo sistema de transporte coletivo está em funcionamento. A própria Prefeitura Municipal de Maringá desenvolve um estudo para descentralizar o sistema. Além do terminal na área central, existirão outras duas estações (uma a oeste e outro a leste) que farão a conexão entre o sistema composto pelos ônibus e um novo sistema de transporte ferroviário. O trem, que hoje está ativo apenas para o transporte de cargas, voltará a levar passageiros.

As cidades em questão foram formadas a partir da ferrovia, e a sua reativação para o transporte coletivo trará nova dinâmica. A primeira diretriz do presente trabalho é a extensão da ideia dos terminais de Maringá às cidades vizinhas, formando uma rede metropolitana eficiente.

Na área central de Maringá a linha férrea cruza o eixo monumental. Esse eixo é formado por uma série de praças – são os mais importantes espaços e equipamentos públicos que se encontram alinhados, num percurso de cerca de dois quilômetros. O centro desse eixo, onde estará instalada a estação intermodal, é o coração da cidade. De uma ponta a outra, o eixo monumental agrupa equipamentos religiosos, esportivos, culturais, educacionais, além de atravessar o centro, principal área comercial da cidade.

O objetivo desse trabalho foi conectar todos esses equipamentos e espaços públicos, criando um percurso legível e confortável. O eixo passa a ser ele próprio um equipamento único, uma espécie de parque que se integra à cidade e dissolve-se por ela. A intervenção busca transformar a espinha dorsal de Maringá, privilegiando o domínio do público e do pedestre, tornando essa área um espaço de mobilidade, acessibilidade, cidadania e civilidade. Uma vez que o eixo monumental relaciona-se, enfim, com um novo sistema de transporte de massa, passa a ser um órgão estruturador não apenas da cidade de Maringá, mas de todo o arranjo metropolitano do qual é o centro.

Linhas expressas de transporte coletivo cruzarão o eixo monumental em pontos, reforçando a identidade unificada do eixo como um equipamento, ao criar novas conexões entre os diferentes trechos do eixo, e dele como toda a cidade. Estacionamentos públicos também foram implantados em diversos locais ao longo da área. Esses novos equipamentos fazem todo o sentido na articulação entre um sistema de transporte coletivo que supre a uma grande demanda, uma rede de espaços livres na área central da cidade e equipamentos de interesse público.

Seguindo as diretrizes urbanísticas para o eixo monumental de Maringá, a cidade recebe uma proposta de projeto urbano. Trata-se de um conjunto de decisões que interferem no espaço, no traçado viário e nos fluxos de veículos, na disposição e no caráter de equipamentos públicos e nos parâmetros de ocupação e uso. O objetivo do projeto é reforçar, senão criar, uma identidade visivelmente una para a sequência de espaços, momentos e fatos urbanos que vão da UEM até a Catedral. Proporcionar percursos nesse eixo que sejam legíveis, seguros, confortáveis e convidativos.

A cidade está posta e em aberta transformação. As praças e edifícios públicos têm seus lugares conhecidos. Basta, então, conectá-los entre si e com seus múltiplos contextos urbanos. O espaço livre – qual seria seu “programa”? – capaz de vivificar. O programa do espaço público é dar possibilidades; é aquilo que acontece. Por isso, quando se vai intervir, é após julgar ter compreendido razoavelmente as dinâmicas que se passam em cada trecho desse recorte de cidade, com seu ritmo e seus intervalos, que se propõem outras atividades, novos caminhos, novas e criativas possibilidades de vida na cidade.

Por fim, após uma intervenção que transforma o chão do eixo monumental, tornando-o um caminho novo no centro da cidade, são propostas últimas conexões sobre os espaços que compõem essa área. São passarelas que terminam a costura urbana realizada por esse TFG. As passarelas são objetos que explicitam o projeto todo. Faz a ligação final entre a cidade e as arquiteturas presentes nela. Conecta momentos diferentes entre si, serve de caminho; mas também é espaço, e qualifica o lugar onde se insere.

A forma dessas passarelas assume e explica o significado “monumental” do eixo. Monumental, ou monumento, de acordo com Choay, vem do verbo monere, que significa advertir, fazer relembrar. O eixo monumental recebe esse nome por ser o eixo de um projeto de cidade, desenhado para ser o centro da vida urbana. Órgão vital – coluna vertebral. Essa é a mensagem a que alude o eixo – à própria origem de seu desenho, o projeto da cidade. Esse eixo não é um espaço percebido pela população. O propósito desse trabalho é esse, tornar um espaço vivo e real. As passarelas, enquanto monumento, comunicam através de sua forma que existe esse espaço, e que ele foi criado para ser plenamente apropriado e usufruído por todos.

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