Desenvolvimento de oito ensaios, sendo que sete são sequências de imagens e um é a abordagem teórica desse processo. É um estudo sobre a composição de imagens a partir dos processos fotográficos, concentrando-se no emprego da fotografia digital.
Trata de temas como: as aspectos técnicos, relacionados à manipulação e ao processamento de imagens; os aspectos compositivos, como a relação das formas, linhas, volumes e o uso da cor; e os aspectos ligados à comunicação, como a alteração das mensagens transmitidas pelas imagens devido ao seu modo de apresentação.
Seu processo de construção delineou-se como o aprendizado de uma linguagem que se fez a partir da prática e da reflexão sobre ela. O conhecimento fotográfico se deu no próprio exercitar da fotografia. Com a produção e análise do resultado - a imagem finalizada -, é que se pôde produzir imagens aprimoradas e ter novas idéias para a investigação. Dessa forma, o praticar foi contínuo e sempre renovado.
Na observação desse fazer, percebeu-se que a fotografia busca a produção de belas imagens, que servem de intermediadoras no diálogo entre o fotógrafo e aquele que olha suas fotografias. Para entender esse resultado desejado, investigou-se o caminho até ele e tudo que esteve a sua volta, como: a técnica, o olhar, as escolhas, o mostrar, entre outras coisas.
No processo de edição, refletiu-se sobre o modo de apresentação e como ele influencia a apreensão das imagens. Ao se notar a característica da apresentação de imagens numa sequência, que estimula o observador a entendê-las como um grupo e associar as suas mensagens, decidiu-se trabalhar pensando no ordenamento das imagens pelo seu modo de leitura, o que implicou na maneira como os Ensaios são apresentados, ou seja, no formato do caderno. Os Ensaios fotográficos são desenvolvidos então, a partir do encadeamento de imagens, visando a construção de uma estrutura narrativa, para que dessa forma, possa estabelecer uma comunicação mais intensa com o observador.
O formato dos cadernos permite a visualização de cada foto individualmente e em conjunto. Neles, pode-se ver a relação de cada uma das partes com o todo onde estão inseridas. O tamanho de cada um deles foi pensado para que na œltima foto vista, ainda se pudesse lembrar da primeira. Nos Ensaios formados por mais de um capítulo, o abrir e fechar das páginas funciona como uma pausa, que dá tempo para que as imagens anteriores se acomodem e novas imagens possam ser vistas. O peso do papel também constrói o ritmo de visualização, porque faz com que a página seja virada mais vagarosamente. O formato do caderno não permite uma visualização rápida. Ela leva tempo, que pode ser o mesmo tempo estendido de apreensão de cada imagem. Tudo isso é uma tentativa de tornar essas fotografias significantes e desprendê-las do excesso de imagens do mundo. Dessa forma, o formato dos cadernos acaba sendo também um ensaio para uma narrativa feita a partir de imagens.
