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secao 4!

O Imaginário Simbólico nas Cidades da Antiguidade

Victor Estanislau Alarsa

Artur Simões Rozestraten

O que é?

Trate-se de um ensaio sobre o imaginário simbólico, que intrínseco à percepção de realidade do homem da antiguidade, utilizava a forma urbana como um de seus instrumentos para fazer presente sua mitologia. Através de um estudo abrangente, teórico e prático (maquetes), foi feita a interpretação espacial da forma urbana de 16 cidades, a saber: Çatal Hüyük, Ur, Khirokitia, Tulor,Poverty Point, Cahokia, Pueblo Bonito, Tikal, Great Zimbabwe, Teotihuacan, Tiwanaku, Huaca Del Sol y de La Luna, Coaña, Kejara e Skara Brae.

Reflexão:

Na História, em seu papel ancestral, o arquiteto tinha um contato muito maior com a natureza, com a paisagem em seu entorno, tinha profundo conhecimento dos materiais de construção, das técnicas construtivas, uma maior relação com os fenômenos naturais, o corpo era relacionado com aquele espaço ao seu entorno; em suma, era um outro tipo de arquiteto. Hoje em dia este profissional tem uma função muito mais técnica, reduzido ao domínio da imagem, utilizando-se da racionalização abstrata (euclidiana); causado por uma ruptura da forma de pensamento pré-científica, pela revolução industrial, pela retomada do pensamento clássico, e sobretudo com o surgimento da era eletrônica. Encontra-se todo intermediado por um pensamento mais da máquina do que do arquiteto.

Este trabalho procura um espaço para discussão na produção do arquiteto atual.

O homem é um animal social, que progressivamente em sua trajetória, desenvolve cada vez mais uma complexidade de comunicação da representação daquele mundo em que ele habita, produzindo uma simbologia que afeta o seu entorno (cidade) e este volta afetando o homem.

A partir do mundo que o homem começa a transformar, o homem ancestral tenta buscar uma explicação para a própria existência, se enriquecendo de símbolos para narrar tal explicação. E estes símbolos têm como matéria prima a paisagem natural e seus fenômenos. Por exemplo, a arqueologia demonstra uma constante preocupação do homem da antiguidade com os ritos de sepultamento, tentando explicar tais significados transcendentais através de cerimônias.

O homem tenta compreender a si próprio e o mundo que ele vive, e nesse processo ele começa a desenvolver essa simbologia, sua cosmovisão. Situa a construção do habitat na paisagem, transformando-a em paisagem cultural, ambiente transformado pelo homem, rico em símbolos. Este é o objetivo deste ensaio, para que possa identificar tais relações simbólicas.

A arquitetura também é uma linguagem, seja na arquitetura vernacular ou quando esta começa a se monumentalizar, ela esta constantemente comunicando com seus habitantes através de códigos urbanos, e estes com ela.

A cidade quando surge, já conta com seus elementos presentes desenvolvidos (Mumford, 2008), porém existe toda uma trajetória (anterior à cidade) gradual do amadurecimento destes elementos, seja na Mesopotâmia, ou na América, sendo que tais elementos possuem trajetórias semelhantes. Tal conformação urbana está relacionada aos símbolos (não que hoje em dia tais símbolos não estejam presentes), o símbolo como mecanismo intermediário entre a realidade e a consciência humana. O homem foi, ao longo do tempo, tornando isso cada vez mais complexo, até hoje em dia estar muito mais distante dos fenômenos naturais e das paisagens naturais inicialmente simbolizadas, hoje o homem está em uma realidade mais artificial do que na antiguidade, onde símbolos simbolizam outros símbolos.

Então chega se em um objeto que é a maquete, como elemento representativo e de estudo. Ela possibilita a visibilidade das diferentes escalas, o entorno da paisagem natural, as perspectivas naturais, entendendo sua espacialidade e facilitando uma interpretação simbólica de seus volumes. Sua materialidade também possibilita seu manuseio; o observador pode se colocar em diferentes pontos de perspectivas, simulando a visão de uma pessoa transitando pela cidade. Assim, facilita a identificação de alinhamentos urbanos, orientados pela nascimento de astros, demonstrando sua relação simbólica com o cosmos. Ou então sua relação com o entorno geográfico, como no caso de uma montanha que influencia na implantação de algumas construções.

Conclusão:

O homem tradicional, fixado em um ponto, envolve todo o seu entorno em símbolos, fazendo-se presente com uma cosmologia na qual funciona como se fosse uma narrativa das explicações do mundo. E como narrativa, está refletida em todas as formas de linguagens possíveis, entre elas: a forma urbana. Portanto os construtores destas cidades buscaram narrar em “formas urbanas” sua cosmologia, como se esta fosse uma forma de linguagem.

Estes construtores utilizaram-se de alguns artifícios como:
-Orientar e alinhar os edifícios através dos astros.
-Criar formas antropomórficas ou formas zoomórficas, funcionando como uma espécie de mitografia urbana.
-Forte redundância na arquitetura e forma urbana, o que facilitaria uma leitura urbana da cidade, comunicando melhor a sua cosmologia.
-Relações diacrônicas com as formas ou sua disposição espacial.

Tais características, comuns nos exemplos aqui estudados, mostram a grande possibilidade de utilizar tal metodologia de leitura urbana das formas, como um dos meios de entender a visão de mundo deste homem tradicional, compreender melhor sua cultura, relacionando-as entre si e com a realidade atual.

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