O projeto Linha Urbana propõe uma livre investigação de São Paulo. Este projeto teve início a partir de percursos de bicicleta pela cidade, na busca de locais significativos para o registro fotográfico e pesquisa. O projeto procurou não fixar roteiros e tempos de estadia, privilegiando o aprendizado guiado pela curiosidade, de apenas se interessar por aquilo que cruza nosso caminho. A cidade proporciona um rico ambiente para a experimentação e a observação, a essência desta produção. Este projeto pretende estimular uma reflexão tendo como ponto de partida a imagem da cidade : cenário onde expressam as harmonias e contradições políticas e econômicas. Para isso, a linguagem deste produto articula um discurso verbo- visual, associando fotografias de ícones e símbolos da metrópole à relatos das visitas e análises urbanísticas.
O resultado final consistiu em elaborar um website - o portal Linha Urbana (http://linhaurbana.com)- que explora a linguagem icônica (ou seja, por meio de imagens), pretendendo disseminar um maior conhecimento sobre São Paulo e provocar uma reflexão crítica a cerca de seus processos urbanísticos.
'Linha': traço contínuo, alongado, real ou imaginário, representativo de uma extensão; direção contínua em determinado sentido. 'Urbana' : relativa ou pertencente a cidade, ou que lhe é própria; dotada de urbanidade, afável, civilizada, cortês.
Esses e outros sentidos das duas palavras, estão envolvidos nesta produção em combinações variadas mas sempre em torno da cidade e sua experiência. A Linha Urbana, que consiste em em um traçado no mapa representativo da superfície terrestre é também, sob outra ótica, o fio condutor de uma pesquisa e produção gráfica sobre a metrópole de São Paulo.
A ótica de abordagem desenvolvida neste trabalho recai sobre váriáveis infra-estruturais e super-estruturais da cidade de São Paulo:
A análise infra-estrutural recai sobre o sistema técnico de equipamentos e serviços necessários à funcionalidade urbana, podendo estas funções serem vistas sob os aspectos social, econômico e institucional.
A análise super-estrutural vai além da materialidade do objeto, recaindo sobre suas inter-relações e impactos, considerando o todo como diferente da soma de suas partes.
A metrópole, sob essa ótica, é entendida como síntese da cultura contemporânea e sua aparência é encarada como um sistema de comunicação.
Este projeto e sua pesquisa caminham na direção de estabelecer uma interface entre as linguagens da ARTE e da CIÊNCIA, de forma a deflagrar um processo de geração de novos significados.
Ao priorizar o pensamento icônico, ou seja por meio de imagens, este projeto busca revelar signos e suas relações encobertas, entrelaçando redes de linguagem na busca de re-criar a cidade, sob uma nova dimensão.
O objetivo deste projeto consiste em elaborar o Canal de Expressão Fotográfica: uma interface através da qual são acessadas fotografias feitas na cidade de São Paulo. A fotografia surge neste projeto como possibilidade de comunicar a experiência urbana e revelar configurações físicas instantâneas da cidade. O espaço/tempo fixado jamais será repetido; a fotografia ousa parar o tempo com a finalidade de conhecimento, registro ou recordação. Uma cidade que morre e renasce todo o dia - inconclusa, mutante, em eterna construção - é preservada estaticamente na bi dimensionalidade fotográfica.
A interface definida para o Canal de Expressão Fotográfica foi o web site - mídia que evolui e se adapta, ajustando-se ao nosso pensamento, e paradoxalmente condicionando nosso comportamento. O conteœdo fragmentado, as diferentes possibilidades de interação do usuário com conteœdo, fazem da Internet uma espécie de alegoria da cidade e retrato fiel do mundo contemporâneo. Este projeto, pretendo se constituir em metalinguagem da cidade, se apropria da dinamicidade do formato, para re-criar virtualmente a fragmentação e a falta de linearidade do ambiente urbano.
Este projeto teve início a partir de percursos realizados de bicicleta na cidade de São Paulo. A bicicleta, ferramenta versátil e com grande poder de penetração na locomoção urbana, leva a descoberta de locais inimagináveis e praticamente inacessíveis a pé ou de automóvel. O tempo do pedalar induz a uma atitude de reflexão e contemplação: há uma maior proximidade com os espaços e é possível se surpreender com pequenos acontecimentos urbanos. Além disso, a descrição do ciclista , que aparenta estar sempre de passagem, proporciona certa tranqŸilidade nos deslocamentos pela cidade.
O projeto procurou não fixar roteiros, preferindo uma locomoção com o máximo de liberdade - priorizando o aprendizado natural de apenas se interessar por aquilo que cruzava nosso caminho. A disposição e a curiosidadade certamente contaram bastante para esta investigação guiada pelo olhar livre.
A partir dos livres trajetos realizados pela cidade foram definidas zonas de interesse: locais significativos para o registro fotográfico e pesquisa. Estes locais se destacaram durante os percursos pela expressividade de sua configuração na cidade, ou por sintetizarem processos urbanos contemporâneos. É uma produção sobre São Paulo, mas que contém conceitos urbanísticos que se aplicam a várias cidades. As cidades contemporâneas passam por processos urbanos semelhantes, decorrentes da mundialização da economia e do agigantamento das empresas e por isso tendem a minimizar suas particulariades e se tornar semelhantes.
Um grande arquivo de imagens gerado nos percursos pela macrometrópole, têm como tema recorrente - a cidade (patrimônio e degradação) e seu povo (diversidade e realidades sociais), confe-rindo uma dimensão humana a uma cidade que embora problemática, é a mesma que abriga nossas histórias.
Este projeto pretende, além do conhecimento da cidade, estimular o uso de meios alternativos de locomoção. Através da fotografia, dos relatos das visitas, da divulgação de rotas urbanas para o ciclismo, pretendemos dar o exemplo da possibilidade do uso da bicicleta, seja para o lazer, seja como meio de transporte.
