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secao 4!

VELEIRO 45’ –

DIALOGANDO COM O MEIO AMBIENTE

Carolina Carvalho Leme

Júlio Maia de Andrade

A maioria das pessoas quando se idealizam velejando, deslumbram-se com uma linda paisagem, dia ensolarado, mar de água límpida, animais marinhos e algumas aves. Tal imaginário não revela apenas um romantismo latente, mas a inerente necessidade do ser humano de interagir harmoniosamente com a natureza.

Ponderando sobre essa idéia pode-se extrair alguns anseios da sociedade moderna que devem ser considerados no ato de projetar. O veleiro é a representação da fuga da rotina frenética e cansativa da vida urbana e, portanto, deve proporcionar situações e prazeres não encontrados na metrópole.

Velejar é a possibilidade de se manter afastado dos problemas cotidianos, da ditadura do tempo, podendo usufruir mais intimamente da natureza, da tranqüilidade do oceano. No entanto, é preciso compreender como o veleiro interage com o meio, as necessidades, cultura e costumes desses usuários.

A escolha de trabalhar com um veleiro que dialogasse com o meio ambiente surgiu de reflexões sobre os anseios e imaginários dos indivíduos quando se idealizam navegando, além de ponderar sobre como isso ocorre atualmente. É diante dessas questões que busco projetar um objeto (o veleiro) que aproxime o ideal do real, que consiga desvanecer a rigidez da vida urbana e integrar o homem à natureza.

Para desenvolver esse veleiro que se relaciona harmoniosamente com o meio ambiente foi necessário a análise da interatividade do lugar com o produto. A partir de então, definir o conjunto de soluções tanto de caráter estético, quanto técnico, que constituirá o projeto.

Esse trabalho foi dividido em duas etapas, a primeira trata-se da investigação teórica dos pontos abordados, definindo o conjunto de premissas aplicado ao projeto. A segunda etapa se refere ao projeto propriamente dito, no qual se apresenta o produto resultante das soluções encontradas na etapa anterior.

PROJETO

O partido desse projeto consiste num hibridismo entre os conceitos modernistas, ecológicos e regionais, trabalhados, principalmente, com cores, planos ortogonais e materiais, para criar um ambiente confortável e funcional.

Alinhado aos atuais questionamentos e preocupações ecológicas da sociedade moderna, propõem-se neste trabalho a implantação de uma infraestrutura que atenue os impactos ambientais quanto ao uso da embarcação. Um veleiro se caracteriza por um produto com baixos danos ao meio ambiente, já que sua principal forma de navegação não agride a natureza. No entanto, as atividades desenvolvidas dentro dessa embarcação são prejudiciais ao ecossistema marinho e por isso desenvolveu-se um conjunto de soluções que minimizem esses impactos.

Água e energia são o gargalo das embarcações de lazer. É um desafio manter um nível de conforto semelhante ao das residências quando se está a bordo, devido principalmente à escassez desses elementos. Assim, as soluções que diminuam o consumo de água e energia e consigam produzi-los a bordo, não está associada apenas as questões ambientas, mas também a sobrevivência de seus usuários.

O sistema elétrico proposto é composto por duas fontes de energia, a solar e a célula de combustível movida a hidrogênio. A energia solar será empregada como fonte principal de fornecimento elétrico e a célula de combustível para manobras e back up de eletricidade e propulsão.

O sistema hidráulico do projeto foi abordado em duas etapas: primeiro os equipamentos hidráulicos, segundo a produção de água doce.. Em relação à primeira etapa propõem-se a instalação de aparelhos economizadores de água, pois evitam o desperdício e controlam a vazão.

A segunda etapa é a produção de água potável, pois quando se está embarcado longe da costa, a única fonte hídrica disponível é o mar. A garantia de abastecimento de água potável durante a navegação é o principal argumento à implantação de dessalinizadores nos barcos. Depender exclusivamente de tanques de água doce abastecidos em terra é arriscado e em muitos casos irrealizável.

O tratamento e a destinação adequada dos resíduos produzidos a bordo são fundamentais à manutenção do equilíbrio marinho. Assim, o terceiro sistema a ser definido foi o de “saneamento básico” da embarcação, ou seja, a correta destinação do lixo produzido a bordo. O tratamento sanitário a bordo pode ser dividido em dois sistemas: o primeiro é a utilização de vasos sanitários a vácuo e equipamentos hidráulicos com consumo hídrico reduzido. Esse sistema reduz o consumo de água que conseqüentemente minimiza a produção de esgoto. O segundo é o tratamento das águas residuais, tanto cinzas, quanto negras, e seu adequado armazenamento para o posterior descarte em marinas, portos e/ou terminais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ambiente contém o objeto e talvez seja essa relação espacial uma das diferenças entre arquitetura e design. Entretanto, quando se inverte a escala, e o objeto passa a conter o ambiente ou a constituí-lo, a relação entre as duas áreas é alterada e indagações que eram pertinentes somente a uma, passam a ser comuns a ambas.

O projeto de embarcação é uma das áreas em que esta situação é recorrente. Formado pela tríade arquitetura, design e engenharia, um de seus desafios está em projetar um habitat prático e confortável num espaço mínimo delimitado por uma volumetria complexa.

O desenvolvimento desse trabalho possibilitou uma melhor compreensão dessas considerações e das peculiaridades do universo náutico brasileiro, que repercutiram tanto no processo projetual, quanto no produto final. Além disso, aproximou problemáticas da sociedade moderna ao projeto de embarcações.

O TFG apresentado foi fruto de um longo processo teórico e prático, que proporcionou amplo e vasto conhecimento. Obviamente, que não se está livre de erros e deslizes, entretanto este trabalho foi executado com muito empenho e comprometimento, e acredito ter resultado num projeto coerente.

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