Um dos primeiros requisitos para fazer o projeto era que ele fosse localizado na cidade de Piracicaba, que se encontra no interior do estado de São Paulo a cerca de 160 km da capital. Isso porque esta é a cidade onde nasci e vivi grande parte da minha vida, sendo o trabalho final de graduação uma grande oportunidade para aprofundar meus conhecimentos sobre a mesma.
Piracicaba é uma cidade de porte médio, com cerca de 360.000 habitantes, que apresenta atualmente um setor industrial desenvolvido e que está passando por um período de grande expansão e crescimento.
O intuito do trabalho foi que a partir do estudo das lógicas do mercado imobiliário atual da cidade fosse possível identificar nichos de mercado para assim propor um edifício multifuncional.
A partir disso foram propostas a confecção ou leitura de três mapas com a intenção de analisar a cidade, sendo eles: um mapa de crescimento imobiliário, no qual foi possível identificar o potencial da cidade de atrair pessoas em uma escala regional, uma análise mostrando as rodovias que dão acesso à cidade e suas principais avenidas e por fim o mapa de zoneamento com o intuito de identificar quais áreas da cidade possuem os maiores potenciais construtivos.
Ao terminar estas análises foram localizados cinco bairros de Piracicaba com as condições desejadas. Assim passou-se a uma busca por terrenos pertinentes a implantação do projeto. Nessa busca foram levados em consideração locais que possibilitassem visuais interessantes e que fossem passíveis de compra pelo mercado imobiliário, ou seja, não precisavam ser terrenos vazios, mas tampouco poderiam ter grandes obras implantadas, como, por exemplo, edifícios altos.
A área escolhida para a realização da proposta é uma quadra localizada no encontro das avenidas Carlos Botelho e Centenário em frente a ESALQ – campus da Universidade de São Paulo em Piracicaba, no Bairro São Dimas que tem um coeficiente de aproveitamento igual a 4 e uma taxa de ocupação de 80% para uso não residencial.
O programa estabelecido para o projeto foi de funções que se voltassem ao turismo de negócios, já que se identificou o potencial de atrativo da cidade. Portanto foram buscadas funções que pudessem se relacionar entre si e conseguissem se complementar. Os usos escolhidos foram: hotel padrão 4 estrelas-superior, centro de convenções e eventos, academia de ginástica, restaurante e uma área comercial voltada a locação.
A definição da quantidade de quartos e conseqüentemente do porte deste hotel se deu pela combinação de duas informações, a primeira foi uma reportagem que saiu no Jornal de Piracicaba no dia 30 de julho de 2011 na qual era dito que em uma pesquisa feita pela Secretaria de Turismo de Piracicaba havia-se constatado a falta de 1000 vagas em hotéis da cidade e que ainda Piracicaba comporta mais, pelo menos, dois hotéis de classificação 4 e 5 estrelas. A segunda informação tomada como base foi a de que o Hotel Beira Rio, um dos únicos da cidade com classificação superior, terminou uma reforma, no ano de 2009, na qual ampliou seu número de quartos de 90 para 150 e ainda deixou suas fundações preparadas para a ampliação de mais 80 apartamentos, o que totalizará 230 unidades. Assim sendo definiu-se que o hotel proposto teria 235 unidades.
Em relação ao projeto propriamente dito o térreo foi projetado para ser o espaço de conexão entre todas as funções do edifício. Para isso buscou-se formas diversas de interações entre os ambientes, fazendo com que alguns tenham acesso somente pela rua, como é o caso da área comercial, outros tenham múltiplos acessos - pelo interior do edifício e pela rua, como o restaurante, ou ainda um terceiro tipo que tivesse seu ingresso mais controlado por meio da recepção, caso este dos quartos do hotel, da academia e do bar.
No primeiro pavimento o projeto do espaço de eventos foi pautado na palavra flexibilidade, pois se entendeu que esta área deveria ser capaz de comportar eventos de escalas distintas ao longo de sua vida e ao mesmo tempo conseguir atender a esses vários eventos ocorrendo de forma simultânea.
Assim como as outras funções descritas anteriormente a academia também pode ser de uso misto entre os hóspedes e o público da cidade, podendo estes últimos pagar uma mensalidade como em qualquer outro centro de fitness. Esse uso de caráter misto foi proposto porque, geralmente, as academias de hotéis são muito pequenas e subutilizadas, não conseguindo nem trazer grandes benefícios aos hóspedes, tampouco aos administradores do hotel.
No andar tipo a distribuição dos apartamentos se da com unidades dos dois lados de um corredor central, isso porque, esta relação traz a melhor relação custo-benefício, com um maior aproveitamento da área. A torre possui 10 andares sendo que 5 deles apresentam 24 unidades e os outros 5 contam com 23, sendo que em todos os andares encontramos uma área de serviços reservada as camareiras que se localiza ao lado do hall do elevador de serviços. Ainda em relação à conformação do pavimento tipo foi estudada a forma do corredor, no qual se adotou o recuo das portas dos quartos com o intuito de alargá-lo exatamente nos pontos onde as pessoas param com bagagens.
Abaixo do térreo encontramos ainda três pavimentos, sendo que o segundo abaixo do térreo tem saída direta para a Rua Edu Chaves que se encontra, aproximadamente, 6m abaixo da Av. Carlos Botelho, sendo possível, assim, projetar toda a entrada de serviços voltada para esta rua. Assim encontramos ali a entrada de funcionários, as docas de carga e descarga de mercadorias, a saída de lixo e o acesso ao estacionamento. Ainda nestes pavimentos inferiores se encontram áreas de uso restrito a funcionários como refeitório, área de descanso e rouparia.
O projeto conta ainda com 3 níveis de estacionamento em sistema de meio nível, aproveitando assim o giro dos carros para subir meia altura do pavimento, totalizando 254 vagas de carros e 30 vagas para motos.
Dimensões terreno: 40,80 x 88m
Área terreno: 3586,85m²
Área construída: 13970m²
