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secao 4!

Registros Fotográficos de uma Cidade:

uma imagem contemporânea de Mogi das Cruzes

Gabriel Juliani Mentone

Mônica Junqueira de Camargo

Com o objetivo de explorar e se desenvolver na linguagem fotográfica, o trabalho final de graduação a que esse resumo se refere teve início com uma especulação acerca do objeto que seria representado por meio da fotografia, mais especificamente a fotografia digital, e apresentado na forma de um ensaio.

Como morador da de cidade de Mogi das Cruzes e tendo ela recentemente sofrido transformações visuais em seu espaço urbano em razão de leis que reduzem o número e o tamanho do anúncios publicitários e alvo de breve concurso interno para a criação de imagens de suas sete maravilhas, escolhidas pelo público, essa cidade foi logo escolhida como objeto para ser fotografado.

Assim, com base no método de leitura da cidade apresentado por Kevin Lynch em seu A Imagem da Cidade, fora estabelecido um perímetro urbano no centro da cidade em que seriam produzidas as imagem para o ensaio final. Esse recorte tinha como propósito uma área entendida como síntese das relações urbanas e sociais da cidade, dentro do qual se estabeleciam elementos referenciais da cidade que seriam fotografado com a intenção de se descrever sua malha urbana.

Estabeleceu-se certo percurso dentro da região recortada que balizou a edição desse ensaio. Isto é, as imagens são apresentadas em sequência de um caminhar pela cidade, embora não explicitamente.

Desse processo resultou o Primeiro Ensaio, o qual não chegara a ser completado pois tal processo foi descartado. As imagens resultantes desse processo não justificavam o uso fotográfico. A fotografia servia apenas de suporte para dar a ver elementos e intenções urbanas que poderiam ser melhor representadas pelo desenho, por exemplo. Também dessa forma, o ensaio não se distinguia muito do pequeno concurso para as sete maravilhas da cidade, pois apresentava, nem sempre isoladamente, apenas edifícios e/ou espaços.

Após o contato com o professor João Luiz Musa da ECAUSP e a apresentação de referências fotográficas como Robert Frank, Mary Ellen Mark, entre outros, partiu-se para o Segundo Ensaio, no qual se procuraria a representação de uma Mogi das Cruzes mais subjetiva oriunda do olhar de um morador. Embora ainda limitado pelo perímetro urbano estabelecido pelo método de Lynch.

A ideia de um percurso foi abandonada e por pouco se explora de maneira consciente a construção de realidades ficcionais que será adiante abordada.

Do Segundo Ensaio foi desenvolvido o ensaio final, apresentado sob o título de Construção. Nesse ensaio o conceito que o baliza é a ideia de construção ficcional oriundo dos textos de Boris Kossoy e Philip Dubois apresentados na bibliografia. Isto é, a Mogi das Cruzes apresentada é uma nova cidade de existência exclusiva no meio fotográfico e sob o olhar subjetivo do fotógrafo que a captura, motivado por suas próprias experiências nesse espaço. Há o abandono do perímetro estabelecido por Lynch pois não há mais o interesse em se procurar pela Mogi das Cruzes coletiva, mas a criação de uma entre infinitas que coexistem.

Para sua edição, separou-se as imagens selecionadas para o ensaio em três grupos, ou três partes, por afinidades de aproximações ao objeto fotografado, isto é, a maneira de se colocar como fotógrafo perante o que será fotografado pela câmera fotográfica, e intenções narrativas. A primeira parte, constitui-se por texturas e elementos primários, há quase total ausência de pessoas nas imagens e o curto ensaio coloca elementos no repertório do leitor para serem utilizados posteriormente.

Na segunda parte esses elementos passam a ser trabalhados e o espaço começa a se abrir para o leitor. Há a percepção de habitações, estruturas urbanas e surgem algumas poucas pessoas. Essa segunda parte também é uma síntese da produção fotográfica do autor em afinidade com a referência fotográfica de Cristiano Mascaro e de alguns pensamentos sobre a imagem fotográfica em preto & branco oriundas de Villém Flusser, tanto que em sua totalidade, esse pequeno ensaio não possui cores.

A terceira e última parte do ensaio consiste no rompimento do que até então se construiu. É também o momento em que se procurou a maior aproximação ao objeto fotografado e às pessoas. Alguns elementos referenciais trabalhados no Primeiro Ensaio são retomados por meio de reflexos, nunca diretamente.

Após a finalização de sua edição, viu-se que até o momento a apresentação do ensaio, isto é, o suporte que receberia as imagens, não havia sido pensada. Optou-se pela apresentação na forma de livro normal para se folhear e após breve levantamento de tipos, decidiu-se pela construção desse livro e a fixação das imagens com material adesivo, de modo a evidenciar o conceito usado no ensaio. Experimentou-se alguns papéis para apresentação e o papel kraft 320g/m² foi o que melhor apresentou as imagens, às vezes como extensão da imagem outras isolando-a, mas nunca “transformando-a em arte” como faria o suporte branco como “cubo branco”, tal como discutido por Brian O’Doherty em seu No Interior do Cubo Branco. E também que tal gramatura pouco sede ao movimento de virar a página e não induz ao descolamento das fotografias fixadas, contribuindo assim para a maior vida do suporte.

Assim o ensaio Construção fora realizado. É possível dizer que esse trabalho final de graduação em muito auxiliou a exploração e conhecimento da linguagem fotográfica, embora a caminhada tenha apenas se iniciado e que contribuiu para melhor compreensão e uso das referências, iconográficas e bibliográficas, até então adquiridas, além, é claro, das descobertas no processo.

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