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secao 4!

LC-10-65.info

Gabriel Sepe Camargo

José Tavares de Correia Lira

Este trabalho é uma tentativa de pensar o problema da produção e difusão do significado em arquitetura como algo não restrito à obra edificada, mas como algo que adentra outras esferas linguísticas exteriores ao campo do projeto e da construção, notadamente a esfera da comunicação.

A análise da obra do arquiteto Le Corbusier (1887-1965) é oportuna, já que ela constantemente oscila entre, de um lado, uma exigência normativa para a arquitetura, e, de outro, uma forma de expressão que trabalha diversas camadas de significado.

Essa dualidade, além de percorrer sua obra edificada e sua atividade na pintura, adentra também o espaço dos seus livros.

Le Corbusier dedicou meia década de trabalho à edição de uma revista sobre arte de vanguarda, L'Esprit Nouveau (1920-1925); produziu continuamente publicações durante aproximadamente meio século (1912-1965); e na década de 1920, inseriu-se no campo das vanguardas arquitetônicas não com uma obra construída, mas com a publicização contínua de diversos artigos através da revista L'Esprit Nouveau, e por fim com a publicação de um livro - manifesto, Vers une Architecture (1923).

Enquanto figura central dentro do movimento moderno, a influência decisiva de Le Corbusier só pode ser corretamente avaliada se analisarmos a implicação da publicização contínua de sua produção e seu enfrentamento com a mídia.

A justificativa para esse trabalho apoia-se na constatação acerca do engajamento cada vez maior da arquitetura com suas representações difundidas através do espaço da mídia impressa , do registro fotográfico e principalmente do livro, durante o século XX.

Esse engajamento faz com que o próprio campo de produção da arquitetura se modifique.

Como afirma a historiadora Beatriz Colomina:
“[ o engajamento com a mídia] ... pressupõe uma transformação do campo de produção da arquitetura – não mais restrito ao canteiro, mas, de forma cada vez mais intensa, penetrando os espaços imateriais das publicações de arquitetura, das exibições e revistas. Esse espaço da mídia, supostamente mais efêmero do que a construção, paradoxalmente, resulta em uma permanência muito maior. Assegura um lugar para arquitetura na história -um espaço histórico desenhado não apenas por historiadores e críticos, mas também pelos próprios arquitetos que se utilizaram desse meio.”

Assume-se as publicações como ponto de partida, procedendo uma análise por seus componentes próprios: texto e imagem.

Assim, o objeto desta pesquisa são os livros realizados por Le Corbusier.

O produto é um levantamento dessa produção bibliográfica que procure indicar a extensão dessa atividade dentro do trabalho do arquiteto.

A presença no espaço do livro de conteúdos relacionados a arquitetura e outros, provenientes de diversos campos, que implicam a compreensão e assimilação de outros códigos linguísticos, é o assunto desse trabalho.

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Este projeto expõe 54 livros de autoria de Le Corbusier.

O acesso ao conteúdo de cada livro é organizado através de um painel que revela a extensão dessa produção no tempo.

A organização cronológica do painel sugere diversas possibilidades de leitura. O painel permite ainda a delimitação de três conjuntos temáticos que orientam uma primeira aproximação à produção do arquiteto. Contudo, os livros não incluídos dentro desses conjuntos iniciais, assim como as ausências – as quais o levantamento foi incapaz de contornar - podem sugerir outras entradas e interpretações.

Essa organização cronológica contempla ainda um índice de todas as obras arquitetônicas de autoria de Le Corbusier, disponibilizado através da listagem contida nos oito volumes de suas obras completas. Esses oito volumes indicam ainda o intervalo de tempo o qual o título desse trabalho faz alusão: 1910-1965.

O levantamento foi realizado durante o ano de 2011 e teve lugar nos acervos das bibliotecas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, do Instituto de Estudos Brasileiros e da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.

Procuramos afastar a pretensão de configurar uma pesquisa acerca da especificidade da atividade editorial do arquiteto. No lugar, nos propusemos a pensar o livro como um suporte que registra diversos momentos do trabalho intelectual de Le Corbusier. Os livros constituem um espaço privilegiado para aferir o contínuo deslocamento da sua atenção entre a arquitetura, o urbanismo, a pintura e a teoria.

O trabalho final de graduação ensaia duas pequenas leituras a partir desse painel.

Analogia e montagem: a metrópole nas páginas de Le Corbusier

A análise pretendida nesse primeiro artigo têm como ponto de partida o conjunto de livros publicados no período compreendido entre a experiência da edição da revista L'Esprit Nouveau até a apresentação do Plano Voisin para Paris em 1925.

Entre esses livros, Vers Une Architecture, L'Art Décoratif d'Aujourd'hui e Urbanisme constituem os principais produtos da atividade intelectual do arquiteto no período.

Interessa aqui as qualidades estruturais do livro enquanto suporte linguístico e a função desempenhada pela analogia e pela montagem na argumentação.

O jogo de diferenças movimentado por essas duas figuras de linguagem revela uma compreensão particular dos circuitos de circulação e consumo que têm lugar na metropole. Essa compreensão é de natureza diversa à imagem da metrópole enquanto processo unificado e totalizante, que domina suas proposições arquitetônicas e urbanísticas no período.

Garder mon aile dans ta main

O ensaio é resultante da formalização do painel enquanto ferramenta de pesquisa. Ele dá conta de um atributo desse painel que é a exposição em extensão da obra de Le Corbusier através de seus livros.

Essa visão analógica permitiu aferir a recorrência de um simbolismo inerente à obra do arquiteto, que encontra definição no livro Poema do Ângulo Reto.

Enquanto o primeiro artigo dá conta das qualidades intrínsecas ao objeto livro, o caminho percorrido aqui é outro. O argumento do ensaio movimenta-se entre os diversos momentos do trabalho do arquiteto – da pintura para as artes gráficas, da pintura para arquitetura, da arquitetura para os livros.

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