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secao 4!

Habitação Econômica -

Proposta em "Light Steel Framing"

Lígia Massetto de Aquino

Antonio Gil da Silva Andrade

Segundo o IBGE (dados de 2009), a população brasileira total é de aproximadamente 192 milhões pessoas, sendo que cerca de 84% dessas pessoas vivem em áreas urbanas. A região metropolitana de São Paulo, uma das mais importantes do país, apresenta a maior taxa de urbanização do Brasil — de 95,7% —, principalmente devido ao seu elevado desenvolvimento econômico, que atrai pessoas de diversas regiões do país em busca de melhores oportunidades de emprego e qualidade de vida.

Esse contingente populacional, associado ao esgotamento da capacidade territorial desta região, tem resultado num crescimento desordenado das cidades, muitas vezes sem que haja um adequado planejamento urbano. Dessa forma, uma parcela desta população tem ocupado áreas periféricas de forma irregular e que, consequentemente, não atendem às principais necessidades básicas, como moradia adequada, saneamento básico, saúde, transporte e educação. Vale lembrar que esse fenômeno ocorre em várias outras regiões metropolitanas do país e o enfoque especial dado à região metropolitana de São Paulo deve-se ao fato dela ser objeto da presente pesquisa.

A necessidade de moradia, por sua vez, é caracterizada por duas demandas distintas: aqueles que habitam em condições inadequadas ou improvisadas como as favelas e cortiços e aqueles que coabitam uma unidade, ou seja, há mais de um núcleo familiar partilhando da mesma habitação. Um estudo da Ernst & Young revela que, em 2005, o passivo habitacional girava em torno de 7,8 milhões de domicílios, sendo que a região sudeste apresentava a maior demanda em números absolutos. Avaliando-se as necessidades segundo as classes de rendas, constata-se que as principais carências habitacionais estão nas classes de menor poder aquisitivo: segundo o estudo, nas famílias com rendimentos de até R$ 1.000,00 (Classe E), a necessidade por moradias adequadas atinge cerca de 20% da classe.

Esse déficit habitacional só poderá ser suprido através de políticas governamentais, uma vez que essa faixa de renda não possui potencial de consumo no mercado privado. Para isso é interessante a utilização de sistemas construtivos racionalizados e industrializados, tendo em vista que eles permitem maior produtividade e, consequentemente, menor prazo de construção. Além disso, esse tipo de sistema construtivo possibilita menores perdas na produção, seja ela relativa aos materiais ou mão-de-obra.

Dentro das possibilidades existentes, os sistemas construtivos em aço apresentam grande potencial para atender a essas exigências e apresentar custos compatíveis com esse tipo de construção. Porém, o aço ainda é pouco utilizado no mercado brasileiro – representa cerca de 15% do total de edificações construídas no país, enquanto em países como Estados Unido esse valor chega a 50% –, notadamente na produção de habitação. Dentre os motivos pelo qual isso ocorre destacam-se: falta de tradição no uso do aço na construção civil; preconceito em relação ao custo final por parte dos construtores e em relação à qualidade do produto por parte dos compradores; falta de projeto no canteiro, permitindo a tomada de decisões na obra. A partir dessas dificuldades deciciu-se estudar a tecnologia construtiva do "Light Steel Framing" aplicada à produção habitacional, culminando na proposta de um projeto de habitação econômica para a cidade de São Paulo. Entre os assuntos que fazem parte do escopo desse trabalho destacam-se as questões de modulação dos elementos construtivos, industrialização e racionalização da construção, custos e qualidades dos espaços.

A presente pesquisa foi dividida em duas etapas distintas: 1) etapa de embasamento teórico e busca de repertório, ocorrida em sua maior parte durante o primeiro semestre do TFG; e 2) etapa de desenvolvimento do projeto, realizada durante o segundo semestre do TFG.

Na etapa de embasamento teórico, inicialmente foram necessárias breves definições, destacando-se as de habitação econômica, sistemas industrializados e racionalizados. Em seguida foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o aço como material de construção civil, visando obter informações acerca de processos construtivos e de sua utilização tanto no Brasil quanto em países desenvolvidos. Buscou-se, então, obter conhecimento específico sobre o “Light Steel Framing”, sistematizando o conhecimento adquirido. Em paralelo houve uma pesquisa intensa para conhecer projetos diversos, primeiramente edificações construídas com estrutura metálica e depois projetos de conjuntos habitacionais, independente de seu sistema construtivo. Finalmente passou-se para a segunda etapa, na qual todo o conhecimento adquirido foi aplicado no projeto de uma habitação econômica e no seu detalhamento.

Após o desenvolvimento do trabalho, concluiu-se que tal tecnologia construtiva é interessante para aplicação em larga escala, como no caso de conjuntos habitacionais. Porém, é necessário ter em mente suas limitações, como, por exemplo, as limitações em relação ao gabarito máximo - de oito pavimentos - que a tecnologia comporta. Além disso, o "Light Steel Framing", aqui no Brasil, se encontra no estado de tecnologia construtiva e não de sistema construtivo, ou seja, nem todas as interfaces estão resolvidas, notadamente as questões relativas às juntas construtivas e às esquadrias. Pesquisas mais aprofundadas sobre o tema são necessárias para uma conclusão definitiva. De qualquer maneira, é interessante que se trabalhe com projetos modulares, racionalizados e industrializados, possibilitando a utilização de diversos sistemas construtivos. Dessa forma, é possível fazer uma arquitetura interessante e eficiente tanto no que diz respeito ao espaço construído, quanto ao custo total da obra - materiais ou não.

FICHA TÉCNICA:

Habitação econômica com foco em HIS (Habitação de Interesse Social)
- dois edifícios de quatro pavimentos cada um
- 160 unidades habitacionais padrão (área=46m2), 5 unidades habitacionais adaptadas (área=58m2) e 60 unidades comerciais (área=23m2)
- Terreno: Área=9.941m2
- Estrutura em "Light Steel Framing", fechamento em placas de gesso acartonado e OSB, revestimento de massa cimentícia Baucryl

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