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secao 4!

Fazer a Ponte –

Projeto de uma escola

Luiza Orsini Cavalcanti

Angelo Bucci

O trabalho se propõe a criar o projeto de uma escola adequada ao projeto educativo da Escola da Ponte, referência de ensino em Portugal e no mundo. Seu objetivo principal é repensar o método de ensino tradicional, para que se encontrem novas formas de ensinar. O desafio do projeto é conceber um espaço único para uma escola de características tão particulares, que exprima seus ideais e possibilite suas práticas.

A Escola da Ponte é uma instituição pública de ensino, localizada na Vila das Aves, no Distrito do Porto, em Portugal. Seu projeto educativo Fazer a Ponte é referência mundial de ensino.

Os alunos dessa escola são divididos em três grandes grupos: Iniciação, Consolidação e Aprofundamento. A idade não é usada como critério de divisão. As crianças que estão na escola pela primeira vez passam pelo processo de alfabetização. Ao adquirirem as competências básicas que lhes permitem integrar-se à comunidade escolar e trabalhar em autonomia, gerenciando de forma responsável o tempo, espaços e objetivos, as crianças passam para o Núcleo de Consolidação. No Núcleo de Aprofundamento, os alunos têm total liberdade para gerenciar seu tempo dentro da escola.

Não existem salas de aula, mas sim, espaço de trabalho, sem lugares fixos. Não existe a aula convencional. Os alunos formam grupos heterogêneos com um interesse comum por algum assunto dentro de um tema que lhes é dado pelo orientador. O grupo se reúne com um professor, que junto com os alunos, estabelece um plano de trabalho de 15 dias, orientando sobre a bibliografia e os temas a serem pesquisados. Ao final desse período, o grupo se reúne novamente com o professor e avalia o seu aprendizado. Se o resultado for considerado adequado, aquele grupo se dissolve e forma-se outro para estudar outro assunto. O estudo ocorre em grandes pavilhões equipados com mesas para trabalho em grupo, computadores e bibliotecas para pesquisa.

Os orientadores estão divididos em 5 dimensões: lingüística, identitária, lógico-matemática, naturalista e artística. Além dos estudos nos pavilhões, as crianças se distribuem por oficinas que exploram o universo da dança, consciência corporal, culinária etc.

O funcionamento da Escola da Ponte revela uma forma de lidar com as crianças que respeita as suas individualidades e as diferenças de cada uma. Um aluno que tem o poder de gerenciar seus estudos com autonomia mostra-se mais interessado, e se sente respeitado. Cada criança é única, com interesses únicos, então cada currículo deve ser único. Cada um também tem a sua velocidade de absorção de determinados temas.

O terreno escolhido atualmente abriga a EMEF Amorim Lima, escola cujo projeto educacional é muito inspirado na Escola da Ponte. Localiza-se na Avenida Corifeu de Azevedo Marques, no bairro do Butantã, em São Paulo. Por esse terreno passa um córrego, hoje canalizado.

Optou-se por distribuir o programa em diferentes edifícios, espalhados pelo terreno. Dessa forma possibilitaram-se circulações livres, caminhos ora cobertos, ora descobertos, e uma forte presença da natureza. O projeto apropria-se do córrego existente como um eixo principal de circulação da escola. A água seria descoberta e ficaria visível para os alunos. Em alguns pontos o córrego foi alargado, criando espécies de lagos, para potencializar a interação das crianças com a água.

Sobre o córrego, foram posicionados três volumes de maior destaque no projeto, onde ficam os pavilhões. Existe um edifício destinado aos estudos das dimensões lingüística e identitária, outro para os estudos das dimensões lógico-matemática e naturalista e o terceiro para a dimensão artística. Os três são iguais para quem os vê de fora, e aquilo que vai diferenciar um do outro são as atividades que acontecem dentro de cada um deles.

Os alunos da Consolidação e do Aprofundamento, por uma escada, sobem a uma passarela um nível acima, que os distribui para os três diferentes prédios. Cada um deles tem mais dois andares. No segundo andar, fica o pavilhão das crianças da Consolidação e no terceiro, o Aprofundamento. As crianças do aprofundamento ficam em um nível mais alto para que tenham uma visão mais ampla do exterior da escola e do mundo para o qual estão se preparando para sair. A escolha de separar os núcleos em pavimentos diferentes foi feita para que se destacasse o ritual de passagem que a criança experiencia ao dar um passo adiante em sua formação.

As crianças da iniciação ficam separadas em outro edifício, enterrado a meio nível do térreo, o que proporciona um ambiente mais reservado. Os pavilhões desse prédio têm portas de vidro que abrem a sala para o exterior, possibilitando que os estudos aconteçam tanto dentro quanto fora da sala. Na cobertura fica um espelho d’água, visível para aqueles que andam pelo térreo. Do outro lado da passarela de entrada da escola, no mesmo volume, está a administração.

Do lado oposto da quadra coberta encontra-se o auditório, cujo palco pode se voltar tanto ao seu interior quanto ao gramado externo. Assim como a da cobertura da quadra, o auditório conta com paredes laterais que descem quase até o chão, deixando uma fresta de 50 cm por onde penetra a luz natural.

A cobertura da quadra abriga, além da quadra poliesportiva, um refeitório e uma cozinha. A cozinha fica a 50 cm do solo, apoiada nos pilares da cobertura. No entanto, os pilares se posicionam nas duas margens do córrego, fazendo com que a cozinha funcione como uma espécie de ponte. A inclinação da cobertura proporciona a captação da chuva em seu nível mais baixo, onde fica um rasgo que leva a água a cair sobre o espelho d’água na cobertura da administração. No caso da cobertura do auditório, a água cai sobre um espelho d’água no nível térreo, que leva a água até o córrego.

A escola conta com uma grande passarela, no nível 3,30m, que funciona como um grande espaço de encontro. Sua laje maciça, ora apoiada em pilares, ora levantada por cabos, possibilita um desenho livre que permeia por toda a escola.

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