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Requalificação Urbana no Bairro do Jaguaré -

Um estudo a partir da Transposição do Rio Pinheiros

Mariana Siqueira Silva

Alexandre Delijaicov

A Situação Urbana

O bairro do Jaguaré, integrante da região Oeste do Município de São Paulo, está localizado às margens do Rio Pinheiros.

A comercialização do loteamento que originou o bairro se iniciou na década de 1940, sendo que os lotes destinados à indústria foram ocupados por companhias ligadas ao setor agrícola, alimentício e de beneficiamento, configurando grandes quarteirões com diversos galpões, cortados por ramais da Ferrovia Sorocaba, hoje em parte ocupados por moradias irregulares e precárias. Além dessas áreas de moradia irregular, o bairro comporta a Favela Nova Jaguaré, com aproximadamente 4.070 unidades habitacionais, significando uma demanda considerável por habitação de interesse social.

Hoje com menos indústrias que as encontradas no auge de sua vocação industrial, o bairro apresenta diversas quadras de grandes dimensões, com galpões industriais utilizados como depósitos ou estacionamentos e um sistema viário voltado para o escoamento de mercadorias, priorizando o automóvel e desabrigando o pedestre.

Análise Geral

As áreas dentro do perímetro de estudo do bairro foram observadas por meio de levantamento no local, com o objetivo de encontrar um ponto para o qual se pudesse desenvolver um projeto mais detalhado e bases para gerar diretrizes para um plano geral.

O déficit habitacional, as grandes quadras ocupadas e a característica não acolhedora das ruas foram os principais pontos a serem tratados pelas diretrizes gerais.

O Projeto de Transposição

O ponto escolhido para o projeto em escala local foi a transposição do Rio Pinheiros, sobre a Ponte Jaguaré, devido à sua importância como ponto de conexão entre transporte público sobre rodas, das avenidas Jaguaré e Queiróz Filho, e sobre trilhos, da Estação Jaguaré da CPTM.

A travessia hoje é realizada através da Ponte Jaguaré, projetada pela Proenge e executada entre 1972 e 1974.Uma análise detalhada da transposição revela primeiramente a insegurança e inadequação do trajeto ao qual o pedestre é sujeito a partir da Estação Jaguaré da CPTM até o início da Avenida Jaguaré.

Entre os dois tabuleiros da Ponte Jaguaré utilizada atualmente, está localizada uma antiga ponte, que fez a transposição do Rio Pinheiros entre as décadas de 1940 e 1970, projetada e construída pela São Paulo Light and Power Company.

Entre a pista local e a pista expressa da Marginal Pinheiros, no sentido Sul, há a Estação Transformadora de Distribuição Jaguaré, ocupando uma área de 2.200 m² e a Estação de Banco de Capacitores do Jaguaré, ocupando 2.600 m², ambas da Eletropaulo. Tais áreas acabam gerando um desvio entre as pistas e uma área com importante função de infraestrutura energética para a região, mas sem nenhuma possibilidade de apropriação do espaço por parte da população.

Como premissas de projeto foram adotados os seguintes itens:
-viabilizar a travessia de pedestres de maneira qualificada e segura durante o período diurno e noturno.
-integrar na travessia ciclofaixas, abrigando o modo cicloviário de transporte de maneira efetiva.
-integrar o Rio Pinheiros ao cotidiano, considerando que ele será recuperado. Para tanto, a ponte deverá ser suporte não só da travessia, mas da contemplação e da descida ao Rio Pinheiros.
-integrar a estação da CPTM à margem do Rio Pinheiros que se volta à Avenida Jaguaré.

O projeto de melhoria da transposição, apoiado nos pontos apresentados acima é composto de duas passarelas reservadas ao trânsito de pedestres e de bicicletas que percorrem a lateral da Atual Ponte Jaguaré e ligam uma margem à outra do rio, pousando nas quadras e delineando o alinhamento do passeio público.

Essas duas passarelas se encontram com o tabuleiro da Antiga Ponte Jaguaré através de dois novos tabuleiros propostos, um de cada lado, gerando uma área única ora sob as pistas da Atual Ponte Jaguaré, ora descobertas. Tal área configura um parque sobre o rio, e convida à descida ao cais proposto, através de escadas e elevadores, localizados em cada extremo do antigo tabuleiro.

O cais pretende atender o possível transporte fluvial turístico, de grande potencial no Rio Pinheiros, considerando-se principalmente o programa de equipamentos públicos proposto no Plano Geral.

Propõe-se ainda uma conexão vertical, por meio de uma escada e um elevador, entre a passagem de pedestres e bicicletas e a plataforma de embarque da Estação Jaguaré da CPTM.

Quanto à Estação Transformadora de Distribuição Jaguaré e à Estação de Banco de Capacitores do Jaguaré, considerou-se a possibilidade de substituí-las por uma Estação, com área de 1600m², que agrupe as duas estruturas de forma compacta e subterrânea na quadra vizinha ao Museu de Tecnologia da Fapesp. Poderia, assim, abrigar conjuntamente um centro de estudos para a Eletropaulo ou outra estrutura que pudesse compor um conjunto com o pólo de educação formado na cabeceira da Ponte Jaguaré.

Considerações Finais

A análise da área escolhida no Bairro do Jaguaré levanta reflexões importantes quanto à herança do loteamento e seu uso inicial na primeira metade do século XX e as conseqüências para a qualidade urbana atual.

Por outro lado, a inadequação da transposição do Rio Pinheiros através da travessia existente revela a prioridade reservada pela administração pública ao transporte individual em automóveis.

A proposta de plano geral foi uma oportunidade para repensar a estrutura urbana existente. No entanto, tornou-se clara a necessidade de aproximação de escala para que a atuação sobre o problema fosse possível em forma de projeto.

A transformação da travessia é um ponto inicial para a requalificação urbana da área de estudo, uma vez que contempla uma das condições fundamentais para a vida na cidade: a locomoção.

Porém, a requalificação efetiva da área só é possível com um conjunto de projetos que envolva e discuta as diversas propostas aqui feitas em uma escala mais próxima.

Ainda, é preciso dizer que são necessárias medidas que ultrapassam o perímetro de estudo determinado, alcançando os bairros vizinhos e lidando com as questões do transporte, da habitação e do uso do solo em escala metropolitana.

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