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secao 4!

CASA CULTIVO

Pedro Dlugosz Angi

Helena Aparecida Ayoub Silva

Projeto de habitação coletiva integrada a estúdio musical e escritório de produção artística.

A banda Cultivo, formada em São Paulo em 2004, mudou0se para Florianópilis em 2007, onde a idéia de uma habitação coletiva ganhou força.

O projeto oferece as condições básicas para moradia e trabalho na banda, garantindo ainda a privacidade de cada um dos moradores.

Área do Terreno 900m²
Área construída 825m²
Local: Praia do Campeche, Florianópolis-SC.

Idealmente, o projeto da CASA CULTIVO deve conciliar o contexto de praia urbana em que se insere com um estilo de vida sustentável, através de algo como uma racionalidade orgânica, incorporando ecologia, economia, industrialização e trabalho artesanal. O projeto deve oferecer espaço para a manutenção da privacidade da vida particular de cada integrante, espaço para a realização das atividades de trabalho da banda e espaço para o convívio e lazer dos habitantes da casa, seus amigos e familiares. A proposta é uma habitação coletiva e ecológica, um espaço de imersão no ambiente artístico da música, conectado com a natureza e o oceano.

O lote escolhido para o projeto fica na esquina da Servidão João Batista Pires com a continuação da Servidão Nelson Conrado da Silva, próximo à Av. dos Eucaliptos a à praia do Campeche. Nesse trecho, a praia e a região do bairro são chamados de Jardim Castanheiras. O projeto é implantado na verdade em dois lotes, numa área de aproximadamente 30 x 30m, ou 900m². Esta esquina fica em uma das principais ligações entre o Jardim Castanheiras e a praia e tem um movimento relativamente intenso, principalmente de pedestres, durante o verão.

Programa do Projeto

8 kitchenettes 33m² cada
Ambiente Integrado de Convívio 60m²
Lavanderia Coletiva 28m²
Deck Coberto 120m²
Estúdio 40m²
Sala Técnica de Som 12m²
Ambiente Integrado dos Músicos 25m²
Escritório CULTIVO 30m²
Jardim e Horta Ecológicos
Piscina Natural
Pátio Descoberto
ÁREA CONSTRUÍDA TOTAL 825m²

O projeto divide o programa em dois blocos, um de moradia e outro de trabalho, que se comunicam através de um deck ajardinado e coberto. Toda a planta se orienta por uma modulação de referência de 0,70,m x 0,70m. Essa modulação foi escolhida em caráter experimental, na busca por uma modulação flexível capaz de orientar a modulação estrutural e o posicionamento de vedações, aberturas e mobiliário. Essa opção orientou uma modulação estrutural de 4,90m x 5,60m de eixo no bloco de moradia. As vigas de cobertura são espaçadas em 2,80m.

O acesso principal acontece por uma rampa de madeira de 2,10m de largura, que passa ao lado da piscina natural e leva ao pátio central, ou deck, que se configura como uma espécie de varanda ou jardim coberto. O deck ocupa posição central na planta e faz a ligação entre os dois blocos do projeto e a transição entre interior e exterior da casa.

Uma única cobertura contínua protege os dois blocos e o pátio central, fazendo alusão às ondas tubulares, símbolo da praia do Campeche. A casa foi implantada no sentido de oferecer pouca resistência ao forte vento sul, apenas desviando para cima os ventos frios dessa direção, deixando assim os ambientes internos e inclusive o pátio coberto protegidos desse vento. Em Florianópolis alternam-se dois ventos predominantes: o vento sul atinge grandes velocidades, frequentemente traz chuvas pesadas e frio; o vento nordeste costuma ser mais ameno e quente. Dessa maneira, ao mesmo tempo que a casa oferece proteção aos ventos frios e de chuva, se abre para a brisa de nordeste, enquanto recebe o melhor da incidência solar.

No bloco de moradia, o térreo abriga os espaços de uso coletivo. Um ambiente integrado reúne as funções de sala de estar, espaço de refeições, lareira e cozinha. Com grandes portas de vidro de correr, esse ambiente integrado de convívio se funde com o pátio central. Ao redor da cozinha como polo centralizador do convívio, ficam os espaços de estar cobertos e abertos. No inverno a lareira ganha destaque, reunindo os moradores ao seu redor. O fogão a lenha na cozinha dá um toque de fazenda para a casa, e cria um atrativo para a preparação de cardápios diferenciados. Ainda no térreo desse bloco há uma ampla lavanderia coletiva.

Acima do térreo, dois pavimentos abrigam quatro kitchenettes cada um, Cada kitchenette é equipada com um banheiro e cozinha completos, uma mesa de trabalho, uma mesinha de refeições, cama, criados-mudos e guarda-roupa, garantindo um mínimo de conforto e privacidade quando necessário.

Na cobertura há uma laje técnica, onde ficam placas solares fotovoltaicas de geração de energia e placas de aquecimento solar de água. Além do calor solar, o sistema de água está ligado a serpentinas em ambas as chaminés, da lareira e do fogão à lenha, aproveitando melhor o calor da queima de lenha. Na laje também estão as caixas d’água fria e quente e eventualmente uma hélice para geração de energia elétrica.

A água da chuva é conduzida pela cobertura e filtrada em uma grande canaleta no térreo, e depois conduzida para a piscina natural. Bombas fazem a água da piscina circular por três tanques em série, passando por uma série de filtragens continuamente, promovendo a oxigenação da água e criando uma cascata. Esse trabalho de filtragem durante a circulação intensifica a limpeza da água realizada pelas plantas aquáticas e bactérias. No jardim há uma série de canteiros, destinados ao cultivo de alimentos, além de frutíferas e nativas.

No bloco de trabalho tem destaque o ambiente do estúdio. Ligado a uma sala técnica de som, e equipado com duas grandes portas basculantes, o estúdio comporta não apenas ensaios e gravações, mas também pequenas apresentações em casa. Uma pequena sala de estar integrada a uma cozinha, junto a um banheiro completo, dá apoio para realização de ensaios gravações e eventos. Há ainda um mezanino com bancadas de trabalho para a produção de material gráfico e para a realização do trabalho de promoção e comunicação da banda.

O térreo foi pensado de maneira a criar uma sensação de divisão entre os blocos, subdividindo o espaço em setores, porém com esses limites um pouco indefinidos. Em movimento o ocupante passa de um ambiente ao outro da casa sem perceber, no entanto, o momento exato da transição. Mesmo com suas linhas retas, a configuração do térreo reserva uma diversidade de pequenos ambientes integrados que propicia o convívio casual e espontâneo, tão desejável em um lugar em que a criatividade e a arte são valorizados. Apesar de não constarem nos desenhos, é intenção de projeto que a casa receba e abrigue objetos de arte ao longo do tempo, enriquecendo a atmosfera criativa nos ambientes coletivos.

A estrutura da casa foi pensada com pilares de seção circular de concreto usinado armado, com vigas metálicas da alma cheia, e pré-laje com concretagem no local. As vedações são erguidas em tijolinho aparente, de modo que a lógica construtiva fica evidente após a conclusão da obra. Telhas metálicas e transparentes fazem a cobertura. As portas e janelas dos espaços são de vidro, enquanto os caixilhos dos dormitórios são de madeira. As paredes hidráulicas no bloco de moradia são de painel cimentício, facilitando a instalação e manutenção das tubulações. Os eletrodutos também correm nesse vazio entre as placas cimentícias e ficam e são fundidos junto com as lajes, sendo que a maior parte das tomadas encontra-se no piso. As escadas e o piso do pátio são feitos em madeira. O projeto procura mesclar a industrialização e a construção artesanal de maneira complementar, deixando evidentes os materiais usados e as técnicas construtivas.

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