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secao 4!

Pratica expandida:

experimentação conceptiva

Rodrigo Arraes Gianoni

Carlos Roberto Zibel Costa

Este trabalho tem por princípio o estudo metodológico das etapas de composição do espaço e da interdisciplinaridade por meio da experimentação de formas, linguagens e funções. O principal objeto de estudo não é o produto final, mas sim os processos de desenvolvimento e construção projetual, narrando o caminho trilhado conforme ele aconteceu, com todas as suas indefinições, dúvidas e reflexões.

Colocar a metodologia no papel principal neste ponto permite compreender as etapas de projeto de uma forma não linear. As soluções, pesquisas, desenhos, visitas, protótipos, referências devem estar em constante revisão e aprimoramento. Dar margem para a reflexão dos processos projetuais é fundamental para a sua compreensão, por isto o resultado final não deve ser abordado como um projeto sólido e apresentado com soluções definitivas, mas sim uma narrativa complexa e fielmente organizada conforme a trajetória do trabalho. Para que esta metodologia pudesse ser estuda com propriedade, foi necessário primeiramente compreender todo o novo cenário contemporâneo pela qual a sociedade atravessa. O ato projetual atual ainda está demasiadamente atrelado as necessidades do século XX, quando as relações e troca de informações eram estáticas, pouco dinâmicas. Porém, com o avanço das novas tecnologias, a revolução na disseminação das informações e os formatos das comunidades de consumo criaram um cenário mais liquido, e é neste cenário que se insere o trabalho, da modernidade líquida (Bauman). A modernidade liquida permite que esta troca de valores aconteça constantemente, ao passo que define os processos projetuais de forma absolutamente liquida e instável, sempre sujeita a transformações originadas de circunstâncias muitas vezes imprevisíveis. A condição de fazer parte de uma realidade líquida pressupõe que a metodologia adotada também não deva ser estática e rígida.

No inicio deste trabalho, nunca se imaginou o percurso a se seguir até o momento em que ele começou a ser construído. Os caminhos pré-estabelecidos, dados a priori, induzem soluções pouco pensadas e contemplativas, onde a produção linear e direta acontece sem que haja nenhum tipo de reflexão. Isto é preocupante para o desenvolvimento de um projeto, uma vez que uma série de possibilidades ficam pelo caminho, ao passo que a reavaliação do programa ou das diretrizes inicias não faz parte do trabalho. Novamente colocando a modernidade liquida em questão, observa-se que o espaço existe diretamente conectado as necessidades dos sujeitos que o usam. Portanto, a inconstância de tais necessidades gera o anseio pela mudança para se adaptar a estas transformações, gerando valores e programas que sempre devem ser revisados. Para que este objetivo fosse alcançado, dois caminhos diferentes foram propostos: o primeiro seria solidificar um momento desta modernidade liquida em forma de uma possibilidade de projeto, explorando todas as suas possibilidades, alternativas e potencialidades dentro de um universo especifico, levando em conta como critérios para esta seleção o dinamismo e a possibilidade de se trabalhar a interdisciplinaridade, mesmo ela estando dentro dos limites projetuais (espaco, urbano, gráfico e produto).

A segunda etapa estava em desenvolver a construção dos processos de projetual, iniciado com uma profunda avaliação critica de diversos projetos dentro deste universo selecionado. Esta analise permitiu a desmontagem destas referencias, possibilitando depois uma remontagem da mesma em um diagrama muito mais complexo do que o previamente imaginado. Em um segundo momento, quase que renegando a estrutura pensada previamente, uma serie de experimentações foi proposta, focadas em uma operação constante entre forma e linguagem, ate mesmo em alguns momentos revisando os aspectos funcionais. Estes experimentos são composições tridimensionais de texturas usando objetos selecionados conforme uma situação; a propriedade de uma objeto, a circunstancia de um erro em um programa computacional, a identidade de uma tipologia e a combinação de um processo com uma linguagem já existentes. Todas elas são trabalhadas usando a maior variedade possível de referencias, a maioria delas pouco auto-referenciais (como na arquitetura, por exemplo) abrangendo todas as áreas de produção pensativas. Estas colagens seriam estudas em outro momento, onde o potencial de cada uma delas foi desenvolvida, explorada, desmontada, com o objetivo de deixar mais clara as possibilidades que cada uma das experimentações pode contribuir para a revisão de um pensamento engessado. Com o resultado final destas experimentações, elas se revelaram eficientes no seu papel principal, entretanto careciam de diversas novas adaptações para que pudessem ser mais coletivas, integrando tanto projetistas em si quanto o projeto com seus possíveis usuários. Assim sendo, a metodologia apresentada propõe soluções para alguns problemas e vícios típicos dos processos dados a priori, deixando portas abertas para a reinvenção, para a abertura das mentes mais engessadas no conteúdo estático do século que se passou. Lembrando que todos os processos são dados em estado work in progress. Nada é definitivo, tudo muda tudo se transforma inclusive a própria metodologia, que deve acompanhar as mudanças dando respostas pouco imaginadas em circunstâncias diversas, estimulando constantemente a inventividade, a inovação e a inquietação. Nada é para sempre, tudo flui em uma velocidade impressionante na nova modernidade; tanto que, ao término deste trabalho, o sentimento mais evidente é do anseio pela continuidade, pelas novas experimentações e pela inquietação produtiva e investigativa.

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