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secao 4!

SUPERFÍCIE SOBRE O CORPO

Suddy Kim

Clice de Toledo Sanjar Mazzilli

considerações sobre moda

Nessa pesquisa acadêmica a Moda é contemplada por seu viés histórico como fenômeno sócio-cultural. Ela figura o imaginário coletivo sensível às transformações políticas, exprimindo a subjetividade estética de cada geração de acordo com o seu momento político.

Hoje, a possibilidade de se compor uma imagem evidencia uma estrutura social transitável, e a hegemonia da filosofia individualista. A moda é contemporânea da conquista da liberdade moderna.

Na esfera particular, está relacionado ao imaginário íntimo, onde se formata a imagem individual de acordo com as sensibilidades, subjetividades, necessidades psíquicas pessoais. Assim sendo, a moda é uma matéria de revestimento - primeiramente constituída por um material de natureza simbólica à têxtil- sobre uma identidade.

tema: projeto

Era desejado que esse trabalho de conclusão de curso fosse uma oportunidade de síntese das experências, pesquisas e aprendizados acumulados ao longo do período de graduação. A interpretação comum da moda apenas como um adorno de obsolescência quase instantân ea subtrai muito do seu verdadeiro significado cultural, contribuição tecnológica e profundidade imaginária. A sua subjetividade- sua fugacidade, ao julgo de uma lógica puramente racionalista- é estranha ao ambiente de uma escola de tradição modernista. Contudo, apesar dessa aparente incompatibilidade, a produção indumentária e arquitetônica se convergem no raciocínio projetual, cada qual em sua escala de desenho. É a partir desse tema que se estrutura esse estudo, adotando “O Artífice” de Richard Sennett como leitura central.

o artífice Richard Sennet

“O Artífice” é uma literatura de convergência entre as distintas áreas que envolvem o pensamento de projeto, de diferentes escalas e objetos de estudo. A atividade criativa e o raciocínio técnico da produção são os fatores comuns entre esses diferentes universos.

Pelo modo como enfatiza cada etapa construtiva, fica evidente que valoriza a evolução do trabalho tanto quanto o produto final. Com essa mesma intenção, parte significativa desse trabalho consiste no arquivamento do processo, por meio da coleta de imagens e croquis que relatam toda a pesquisa e a produção.

desconstrutivismo vanguarda japonesa

A vanguarda japonesa se pronunciou nas décadas de 70 e 80 através do Desconstrutivismo. Seus expoentes mais influentes como Rei Kawakubo, Yoji Yamamoto, e seus descendentes são personalidades atuantes no cenário da moda suscitando profundos questionamentos sobre a imagem, tecnologia, espaço, tempo, regionalidade, identidade, além de outros. O movimento reflete sobre as convenções do traje, desmanchando sua estrutura, sua costura, seu sentido. Desbotam a matiz, borram a cor, e erguem um novo conceito para redimencionar, propor novos usos, novas proporções, novos valores estéticos. A superação de paradigmas técnicos e a proposta de um novo conceito estético fazem parte da filosofia japonesas que instigam à revisão da construção indumentária.

pop arte Linchtenstein

Linchenstein é posto como uma referência metodológica. O artista fazia o recorte de imagem, ampliava sua escala até a imacular do seu significado primário. A reduzida figura omissa entre os apelos de uma cultura de massificação é ampliada até a exposição dos seus segredos técnicos. A significância estética das suas obras obviamente transcende a questão dimensional, a dilatação de uma imagem ordinária a eleva à plasticidade do pontilhismo. O artista evidencia a retícula, disseca a técnica de produção da imagem e os “processos tipográficos”.

O que se captou dessa referência foi o método de recorte de uma estrutura seguido de uma reprodução criativa, numa lógica metalinguística- a imagem comunica sobre a imagem, o tecido sobre a trama, a bolsa sobre o acessório, o padrão gráfico sobre a estamparia.

metodologia

O trabalho se inicia pela pesquisa de superfícies têxteis, observando a montagem da trama, os perfis estruturais, materiais e o comportamento de manuseio. A partir desse estudo, a etapa prática é a elaboração de planos que derivam das características dos itens estudados. Contudo, deve-se observar que não se inteciona reproduzir uma cópia dos tecidos observados. A pesquisa vale como referência da qual se origina um conjunto de peças com traços plásticos e que exprimem uma interpretação aberta sobre os objetos analizados. O terceiro momento consiste na construção dos volumes tridimensionais derivados das superfícies anteriormente criadas, os quais terão o corpo como suporte.

tecido plano

O Tecido Plano se caracteriza pelo entrelaçamento ortogonal entre os fios dispostos no sentido da largura e do comprimento- esse último é paralelo à ourela, que é o arremate lateral no sentido do comprimento fixando o tecido.

Dentro dessa pesquisa foram produzidas duas peças. O primeiro modelo apresentou vários imprevistos por conta da excentricidade do material. Apesar do molde ter sido provado em uma peça piloto, o corte da peça no “tecido” definitivo apresentou um efeito contrastante.

veludo

composto por uma trama bem estreita, em que o lado avesso é liso, e o lado aparente é coberto pelas laçadas de fios, que depois de aparadas, ficam como cerdas, resultando no toque de “pêlos”. Nesse caso as laçadas foram mantidas como uma soperfície entoalhada. Para controlar os volumes foram feitos gabaritos de diferentes tamanhos. Na parte interior da peça a laçada foi distribuída de maneira mais livre, resultando em fragmentos com planos de diferentes profundidades.

volume

Nesse caso não se trata diretamente da produção de uma superfície, mas sim a formação de um único plano de molde pela fusão de dois volumes inicialmente avulsos. O desenvolvimento dessa peça é um pretexto para um exercício de modelagem.

O primeiro volume é uma peça de ser vestir, próximo ao uso de uma saia. Já o segundo foi retirado de um exemplar de embalagem. A junção desses dois objetos não é soma deles, mas exige o desenho de uma terceira forma e a subtração de faces sobrepostas.

O material com o aspecto de couro, e a pesquisa do volume de embalagem remeteram às características de um acessório. Disso, a peça foi pensada como roupa-objeto. Apresenta três possibilidade de exposição.

malharia

Apesar de concluída, a primeira tentativa , pela maneira como foi executada, resultou em um modelo que era apenas um contorno volumétrico em torno do manequim. Mais tarde, o material- fibra de revestimento relativamente densa - se mostrou frágil para esse uso, se desfiando com facilidade.

Na segunda tentativa desenvolveu- se um módulo por dobraduras. Os passos que se seguiam para concluir o modelo viriam a ser muito trabalhosos, e a interrupção da montagem dessa peça que seria temporária não cumprirá com a data de conclusão desse trabalho. Contudo, até o ponto em que a atividade foi suspensa, pode-se notar resultados positivos nas duas tentativas: Apesar do material pouco flexível, a trama é maleável pela associação das fitas. As aberturas entre os encaixes na superfície permitem entender o “respiro” característico das malharias.

estamparia

Para que se atingisse o melhor aproveitamento da área, o tamanho da tela foi dimensionado de acordo com a maior peça de molde, totalizando uma área de 1,00 X 0.90 m

Com as devidas adaptações, a aplicação é feita pela técnica Serigráfica.

A imagem escolhida foi extraída de um diagrama que representa, numa linguagem técnica, os movimentos das laçadas que o fio deve fazer para tricotar uma determinada trama.

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