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secao 4!

Centro de Apoio à Pesquisa em Guaraqueçaba

Carla Rocha Soares

Marcos de Azevedo Acayaba

O projeto desenvolvido nas disciplinas de Trabalho de Graduação 1 e 2, deve explicitar todo o aprendizado do aluno durante sua graduação, mas, de certa forma, acaba mostrando, mais do que qualquer outro trabalho desenvolvido na faculdade, o perfil de projeto do aluno e suas preferências.

O trabalho em questão desenvolveu o projeto de um Centro de Apoio à Pesquisa, voltado para o incentivo ao estudo do ecossistema de Guaraqueçaba, cidade litorânea do Paraná, o qual possui rica fauna e flora da Mata Atlântica.

O objetivo maior era, não só criar um programa que atendesse às necessidades da população local, mas também fazer com que o projeto se integrasse harmonicamente com o meio ambiente, tanto por sua implantação e definição dos fluxos como pela redução dos impactos ambientais que seriam causados com sua construção.

O terreno escolhido fica localizado a beira mar, assim a implantação definida procurou aproveitar ao máximo a belíssima paisagem local. Primeiramente foi definido um eixo de passagem para pedestres e ciclistas, ligando duas ruas que se iniciam em uma bifurcação junto ao lote com outra via do lado oposto do terreno, a qual também da acesso ao local.

Posteriormente, foram definidos três edifícios para abrigar o programa. Dois deles, voltados para a hospedagem de turistas e para a administração do conjunto, ficam localizados na parte mais interna do terreno, enquanto o terceiro, de caráter mais público, forma uma diagonal junto ao eixo criado.

Um dos blocos de nome Acomodações possui alojamentos para grupos de até seis pessoas no pavimento superior, enquanto o térreo fica destinado para as atividades de lazer dos hospedes. O segundo bloco, de nome Administração, possui, no primeiro pavimento, dez suítes, sendo que uma delas foi dimensionada para atender deficientes físicos. No andar térreo fica toda a parte administrativa do conjunto de edifícios, como os escritórios e a lavanderia.

As salas de aula projetadas e a cozinha do restaurante ficam no térreo do terceiro edifício, chamado de Centro Acadêmico, enquanto a biblioteca fica localizada no pavimento superior, a qual pode ser acessada de duas formas, por dentro do edifício, pela escada ou elevador do hall de entrada ou pelo terraço jardim que é ligado ao prédio Administração.

A ligação entre o Centro Acadêmico e edifício Administração é feita por uma passarela que percorre os três blocos no piso superior interligando-os. Cria-se assim, novas opções de caminhos para hospedes, passando tanto por ambientes internos como por espaços abertos.

Além de toda a estrutura já mencionada, um anfiteatro foi implantado, não só para acontecimentos ligados ao turismo local, mas também para que os moradores de Guaraqueçaba tivessem um lugar para fazer reuniões ou qualquer outro tipo de evento que o espaço pudesse comportar. Assim como o anfiteatro, o salão do restaurante, o qual também funciona como foyer, fica voltado para o mar redefinindo o limite entre a água e a terra.

Em relação à preservação do meio ambiente, o projeto trabalha a tecnologia do edifício, artifícios que podem ser utilizados em uma construção para torná-la mais eficiente e termicamente confortável para seus usuários.

Com essa finalidade de trazer conforto térmico para os usuários, foram utilizados brises, venezianas, aberturas em alturas diferentes para favorecer a ventilação por efeito chaminé além da geotermia, a qual funcionada como um ar-condicionado natural.

O sistema funciona com a troca de calor do ar com a terra. Dutos são enterrados a certa profundidade, onde a temperatura não costuma oscilar muito durante todo o ano, por onde o ar é forçado a entrar e percorrer certo comprimento trocando calor com a terra que envolve os tubos, aumentando ou diminuindo sua temperatura dependendo se o tempo está quente ou frio. Após percorrer todo o trajeto, o ar é insuflado para dentro de alguns ambientes.

Os efeitos da geotermia foram simulados em dois softwares chamados Design Builder e Energy Plus, onde foram considerados o material que seria utilizado nas tubulações, o comprimento, já que quanto mais os dutos mais troca de calor pode ser considerada, a vazão máxima em cada ambiente, etc.

Também foi analisada, com o mesmo software, a situação de conforto dos ambientes permanentemente ocupados. Considerando a faixa da temperatura de conforto ao longo do ano, definida pela ASHRAE através dos dados climáticos da região, foi possível verificar se os cômodos ficariam agradáveis termicamente.

Como os dados climáticos de Guaraqueçaba não foram disponibilizados, foram utilizados os parâmetros da Ilha do Mel. Já que a ilha fica localizada muito próxima ao município do projeto, com características geográficas semelhantes, pode-se dizer que os resultados alcançados são bastante realistas.

Outra avaliação feita sobre o desempenho do projeto foi a de independência da luz natural entre as 6:00 e as 18:00 horas dos dias durante todo o ano. Para essa análise, foram utilizados os softwares Ecotect Analysis e Radiance, assim, foram imputados dados como a refletância das paredes, pisos e forros de cada ambiente de permanência prolongada.

A altura de medição considerada foi de 75 cm acima do piso, considerando a altura média de uma estação de trabalho e a iluminância base considerada foi de 300 lux, que segundo a NBR 5413 –1992, é o índice necessário para o desenvolvimento de tarefas como leitura, estudo e outras tarefas visuais de média precisão.

Como resultado obteve-se para os cômodos do primeiro pavimento que em 66% das horas onde há disponibilidade de luz natural 80% da área estudada possui valores de iluminância maior que 300lux, e no segundo pavimento esse índice chega aos 73%.

Concluindo o trabalho, pode-se verificar que estratégias bioclimáticas com baixo impacto ambiental, podem fazer grande diferença, não só para a preservação do meio ambiente, como também para tornar ambientes mais agradáveis aos seus usuários.

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