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secao 4!

Apoio e acolhida à população de rua -

Albergue na Vila Leopoldina

Daniela Marinho Marques

Antonio Carlos Barossi

A existência de indivíduos que estão em situação de rua é um fenomeno tipico das grandes cidades. Com a perda gradual da autoestima e das relações sociais, sem apoio do poder público e ignorados pela sociedade, os moradores em situação de rua encontram-se em um circulo vicioso que não os permite superar sua própria condição sem apoio e instrumentos adequados.

Sem acesso aos direitos basicos como moradia, saúde, educação, esse grupo social não consegue exercer sua cidadania plena. Muitas vezes o individuo não possui nem a mínima documentação que lhe permita votar ou ascender ao mercado formal de trabalho e acabam por subsistir de “bicos”, pequenos trabalhos, coleta de matérias recicláveis etc. A situação de pobreza, falta de relações familiares e afetivas, o cotidiano das ruas, violência, e em muitos casos consumo de álcool e drogas são difi culdades encontradas no delicado processo de reintegração social dessas pessoas.

A população em situação de rua se encontra à margem do desenvolvimento econômico e urbano e longe de ser uma prioridade na agenda publica, vê sua vulnerabilidade agravada pela falta de políticas voltadas a sua reintegração social. As poucas ações e políticas surgidas nas últimas décadas, nas esferas municipais, estaduais e federias que propuseram espaços de discussão e diretrizes quanto à situação dessa população se perderam nas trocas de gestões administrativas. Alguns esforços mais recentes têm sido feitos, como o lançamento da Primeira Política Nacional para a População em Situação de Rua, lançada pelo governo federal em 2010, com o apoio de movimentos ligados à causas sociais, mas ainda sem refl exos práticos. A omissão do poder público nessa questão faz com que instituições filantrópicas e assistenciais mantidas pela iniciativa privada e/ou por grupos religiosos se ocupassem em prestar apoio aos indivíduos em situação de rua. Na cidade de São Paulo, é possível verifi car a existência de serviços voltados à atender essa população como casas de acolhida e albergues que são mantidos por essas iniciativas com algum subsidio do Estado.

Os números ofi ciais levantados pelo último Censo da População de Rua de São Paulo, realizado em 2009 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE, demonstra o crescimento dessa população, que saltou de aproximadamente 4 mil em 1991 para quase 14 mil pessoas no ano da pesquisa. Essa crescente população, itinerante e heterogenia dispõe de poucos aparelhos públicos que oferecem serviços específi cos de qualidade como acolhida, alimentação, e banho.

Os aparelhos à disposição da população de rua, como os Centros de Acolhida, Núcleos de Convivência e Repúblicas, mantidos por instituições ou pela prefeitura são construções muitas vezes adaptadas e que não satisfazem tanto os aspectos construtivos e sanitários quanto necessidades funcionais importantes no processo de ressocialização e superação da condição de rua. As rígidas regras internas dessas instituições, por vezes pautadas em comportamentos de cunho religioso, o tratamento oferecido por parte dos funcionários e o relacionamento entre os albergados fazem com que muitos individuos que necessitam do serviço se recusem a procurá-los.

Neste contexto, o presente trabalho dedica-se ao estudo de um modelo de Centro de Apoio e Acolhida que respeite as necessidades operacionais e funcionais do processo de ressocialização do individuo em situação de rua. Mais do que um espaço para pernoite, o projeto busca propiciar instâncias de socialização onde possam ser oferecidas atividades, oficinas e serviços de saúde em um ambiente que favoreça o fortalecimento da confi ança e autoestima.

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