A escolha de um tema como proposta de trabalho para o Trabalho Final de Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo não é uma tarefa fácil. Tendo em vista a variada grade curricular da FAU-USP as opções de pesquisa tornam-se inúmeras, a dificuldade em delimitar um tema, uma área, ou um objeto, sem dúvida, torna-se uma etapa do processo. Ao longo da faculdade os estudos em torno da Metrópole de São Paulo, tanto em matérias como planejamento urbano, estudos do urbanismo ou projeto, permite ao aluno entender os problemas urbanos nas diversas escalas que se apresentam na Metrópole.
Essa ampla visão, adquirida através dos estudos sobre São Paulo, levantou a possibilidade de buscar outra cidade como objeto de estudo para este trabalho. Tendo em vista a proximidade com São Paulo, seu potencial turístico e sua característica de cidade dormitório, Atibaia mostrou-se um objeto interessante para uma intervenção.
Entender o funcionamento da cidade, seus atuais problemas, suas necessidades, foi uma etapa importante para delimitar a proposta de intervenção na cidade. Sabendo que o interesse maior se dá em projeto de edificações e que o desejo inicial era propor um edifício público, seria necessário delimitar o local e o programa.
Atibaia apresenta uma cultura rica e diversificada, que é aproveitada também para o turismo. Sua localização, no entroncamento de duas rodovias importantes, permite o fácil acesso. Aliado ao clima e suas belezas naturais, Atibaia apresenta aos finais de semana e feriados um aumento de aproximadamente 50 mil pessoas, o que contribui para a movimentação da economia.
Tendo em vista sua importância regional, seu potencial turístico e a falta de equipamentos voltados para a área da cultura, propor um edifício em um local estratégico, que amplie as possibilidades de eventos culturais bem como turísticos é o ponto de partida deste trabalho.
Dessa forma, este trabalho tem como objetivo propor um equipamento voltado para a área da cultura no Município da Estância de Atibaia. Busca entender a possível relação deste com a cidade e da cidade com o equipamento, não somente através da forma e sua relação com o entorno, como também através das atividades que ali ocorrerão.
O terreno escolhido influenciou na determinação do programa. Localizado em um lugar estratégico de ligação, aliado ao potencial turístico do local e suas proximidades, projetar um edifício voltado para a área da cultura que atenda tanto a população local quanto à flutuante e ampliar as possibilidades de eventos (congressos, palestras,oficinas,etc) do Município, é a idéia que norteou o trabalho.
Tendo em vista a importância econômica que o turismo tem para o Município, este equipamento atende também em escala regional e possibilita sua utilização em conjunto com o Centro de Convenções Victor Brecheret e o parque, ambos situados ao lado do terreno escolhido.
Para a escolha do programa mais especificamente buscou-se compreender a importância que a cultura tem para o indivíduo e para a sociedade. Sabendo que os meios de comunicação disponibilizam informações selecionadas, ou seja, parciais, onde justamente retiram a possibilidade de criação, é necessário disponibilizar para a sociedade um lugar onde seja possível informar-se conforme a decisão e escolha de cada um, possibilitando a visualização de alternativas.
Um espaço onde haja possibilidade não somente de informar-se, mas também de expor suas idéias e opiniões podendo assim ser capaz de ser um agente transformador da sociedade, percebendo que suas inquietações podem passar do âmbito pessoal e passar para o coletivo, podendo discutir e elaborar modelos diferentes, ou seja, criar. Dentro dessas idéias o autor Luís Milanesi coloca três ações como essenciais para um centro cultural, Informar, discutir e criar.
Compreendendo as atividades que ocorrem tanto no edifício já existente, o centro de convenções, bem como em todo o Município, percebe-se a necessidade de um espaço amplo para apresentações. Tendo em vista o anfiteatro externo existente, bem como a praça anexa, buscou-se com o projeto respeitar e ampliar o espaço já existente. Sendo possível diversos usos para o local. Juntamente a isso, priorizar a vista para a Serra do Itapetinga, tombada pelo Condephaat, foram dois importantes direcionamentos para o projeto.
No nível da praça não há nenhum programa definido justamente pelo seu caráter público por excelência. Com a necessidade de ali ser também um local para apresentações, a praça deve estar livre de qualquer interferência visual, não podendo ter árvores ou qualquer elemento para o sombreamento. Dessa forma, o volume ocupado pela biblioteca eleva-se da cota da praça e cria uma cobertura para a praça que se estende.
A biblioteca, juntamente com a midiateca e telecentro, por terem um papel fundamental no programa está alocada de forma visível dos mais variados pontos do entorno. Com uma fachada voltada para o Sul, possibilita uma transparência da sua utilização, destaca seu caráter público e torna o local atraente ao pedestre.
Com uma topografia de difícil transposição, o edifício propõe alternativas para o transeunte, bem como a possibilidade de entrada pelos diversos níveis existentes. Isso porque o edifício é semienterrado e quase acompanha o perfil natural do terreno.
Essa postura adotada, bem como o tamanho do prédio, tornou-se necessário uma proposta para a iluminação bem como a ventilação dos espaços nos seus diversos níveis. Para tanto foi proposto um vazio central com a existência de um jardim no térreo.
Os conceitos aqui expostos guiaram o projeto desde o início, sendo importantes para delimitar a volumetria bem como a divisão de seus espaços.
Canteiro Cultural
Local: Atibaia-SP
Data do projeto: 2011-2012
Área do terreno: 12.500m²
Área construída:7.000m²
