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secao 4!

O PAPEL DAS IDEIAS

Eunice Shibue de Pontes

Vicente GIl Filho

O papel das ideias é uma animação stop-motion de caráter lúdico e experimental sobre a ação projetual e o desenvolvimento de uma ideia. Incentivada por disciplinas que priorizaram a habilidade manual, o conhecimento de técnicas e processos não-digitais e buscando colocar em prática esse repertório, nasceu a vontade de trabalhar com maquetes e papel.

O movimento conferido a objetos inanimados, na forma de cortes e dobras do papel, foi buscado devido a sua força expressiva gráfica e abstrata, criando ainda certo caráter lúdico à experimentação. Todo o trabalho seguiu em duas vertentes, uma fundamentalmente prática em que me dediquei às experimentações gráficas e ao aprendizado da técnica da animação; e a outra, teórica, em que buscava um tema que pudesse ser adequado a linguagem do vídeo.

O PROCESSO

Durante todo o tempo do trabalho, buscava definir um tema que pudesse se adequar aos estudos de animação. Em virtude da técnica do vídeo ser para mim um novo e desconhecido meio de expressão e da minha vontade de encontrar uma linguagem satisfatória em meus experimentos, o foco do projeto acabou se modificando ao longo do percurso de maneira a meus objeivos e realizações ficarem cada vez mais sintéticos e simplificados.

A princípio me propus estudar os espaços da casa, em seguida em um primeiro roteiro dividi o tema da moradia e seus espaços em sub-temas a serem trabalhados individualmente. Cada sub-tema funcionaria para o roteiro como núcleos de ideias facilitando a abordagem de diversos pontos de vista do tema, possibilitando assim, diferentes soluções gráficas para cada um deles. Por meio de referências teóricas e práticas particulares, pensaria os espaços ou questões próprias da casa, como por exemplo, a mudança, a cozinha, a sala de estar, entre outros.

Ao levantar referências ao tema da moradia, acabei me deparando com textos de abordagem histórica como os do prof dr Carlos Lemos. Estes textos e livros, apesar de proporcionar uma compreensão da evolução da moradia paulista não preenchiam a minha busca por referências talvez mais poéticas e diretas em relação ao “morar”. Busquei então o livro A poética dos espaços de Gaston Bachelard, porém apesar de alguns pequenos trechos corresponderem a minha expectativa, o livro como um todo acabou se desvirtuando de minha busca por uma relação e uma representação mais direta das pessoas com seus espaços de moradia.

Ao mesmo tempo, embora estivesse com dificuldades em encontrar referências teóricas que alimentassem o desenvolvimento de meu tema sobre a casa, comecei a dar atenção ao trabalho prático, realizando modelos em papel que seriam utilizados para primeiro experimento em stop-motion.

Em conversa com meu orientador, o experimento propôs novas abordagens ao tema, talvez menos narrativas e diretas, e podeira ainda buscar embasamento em algum livro, conto ou poema. Assim, comecei a buscar outras referências poéticas e a selecionar alguns poemas que pudessem desenvolver a sensação de viver a casa, encontrei também algumas referências teóricas sobre a moradia contemporânea, como, por exemplo, a tese de doutorado Casa, doce lar de Érica Negreiros de Camargo, mas todas as referências apontavam para testumunhos parciais e particulares sobre o tema proposto, e não conseguia identificá-los como possíveis referencias unicas para a representação do espaço e das moradias contemporâneas.

Assim aos poucos, continuando os experimentos ainda que com a temática da casa, estes me apontavam para a uma representação mais abstrata e de formação dos objetos (experimentos nº 2 e 4), utilizando-se somente do espaço e das cadeiras, objetos eleitos para representá-lo. A princípio, tinha a intenção de representar espaços ainda detalhados, porém com a escolha da unidade visual por meio da utilização somente do papel, a simplificação das formas daria mais força à linguagem gráfica.

Notando que a concepção das formas tridimensionais estava presente desde o primeiro experimento, a formação de objetos ?a partir de recortes bidimensionais começou a ser trabalhada. Desde então um dos desafios foi unir de forma convicente, a aparente simplicidade do papel aos modelos de cadeira acabados. Utilizar-se da imagem negativa foi a maneira satisfatória de dar unidade ao vídeo. Torná-lo branco e preto daria força aos objetos como imagens, mantendo uma opção estética e ainda conceitual, pela quebra da realidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Creio que o projeto, como na concepção de qualquer ideia, prentendia, em um primeiro instante, realizações demasiado complexas perante o tempo disposto e a inexperiência em animação. Estava em seus fundamentos ser um vídeo curto, nunca pretendendo ter a duração maior do que alguns minutos. Com o tempo, os aprendizados e as experiências foram lapidando as ideias de maneira a meus objetivos se tornarem cada vez mais sintéticos, simplificados e, espero, expressivos.

A busca de uma linguagem que pudesse unir satisfatoriamente formas e ideias dispares em uma mesma sequencia audiovisual, exigia constantemente a redução da proposta inicial e das realizações materiais ao que se mostrasse o mais essencial.

Pude compreender que a animação é um campo de atuação que exige constante estudo, dedicação, e desenvolvimento do olhar sobre o movimento e sua aplicabilidade sobre diversos elementos e sensações. A graduação com seus estimulos ao estudo das formas, pensamento gráfico e espacial, foi a base para que eu pudesse observar e me interessar por esses movimentos, representá-los e comunicá-los ainda que de outra forma.

O principal foco deste trabalho foi a animação, como não pode ser incluso nesta publicação, por favor procurar o cd no setor audiovisual da biblioteca.

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