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secao 4!

entre mar e morro:

por uma relação porto-cidade santista

juliana pinheiro gonçalves

fábio mariz gonçalves

As relações entre cidade e porto mudam ao longo de suas histórias. As dinâmicas presentes em cada período demonstram que estes dois entes ora estão devidamente conectados, ora separados fisicamente. Uma cidade portuária convive com zonas portuárias que se encontram degradadas enquanto espaços para uso do cidadão. O processo projetual deste TFG foi acompanhado de muitas leituras que discutiam a importância da cidade e da cidadania para os projetos urbanos. Entender estes conceitos foi de extrema importância para alcançar aquilo que este trabalho entende por projetar a cidade e de que maneira o Projeto Urbano pode auxiliar na busca pela reutilização do espaço

Entende-se; portanto, que os projetos devem cumprir uma função estruturadora e indutora; chamemos de Projetos Sistêmicos em Vetores de Intervenção Urbana (VIU’s) e, logo, não faz sentido imaginar que uma intervenção urbanística realizada em um dado perímetro não afete o todo ou pelo menos uma região além do perímetro de projeto. Em outras palavras, Projeto Sistêmico é aquele que está inserido em um sistema e este, é “um conjunto de elementos heterogêneos (materiais ou não), em distintas escalas, relacionadas entre si, com uma organização interna que tenta estrategicamente adaptar-se à complexidade do contexto, constituindo um todo que não é explicável pela mera soma de suas partes. Cada parte do sistema está em função de outra; não há elementos isolados. Dentro dos diversos sistemas que se podem estabelecer, a arquitetura e o urbanismo são sistemas do tipo funcional, espacial, construtivo, formal e simbólico.” (MONTANER, 2009).

Como possível resposta à cidade santista, buscou-se a relação cidade|porto em um dos vetores (VIU’s) analisados (imagem 2). O vetor escolhido está entre mar e morro, segue o desenho do rio dos Soldados, que nasce no morro do Jabaquara, tem um braço no Mont Serrat e deságua na Bacia do Mercado, região das catraias que fazem o transporte entre Santos e Vicente de Carvalho, distrito comercial da cidade de Guarujá.

Espera-se com a interveção proposta uma conexão através das águas e ciclovia e espaços e equipamentos públicos. Sem ignorar a questão do déficit habitacional da região, buscam-se alternativas que respondam a esta problemática.

No vetor foram selecionados três lugares para se pensar em espaços públicos: na nascente do rio no Morro do Jabaquara (o cais do morro), no braço vindo do Mont Serrat (a praça das águas) e na foz, na Bacia do Mercado (a praça da bacia).

CAIS DO MORRO

A região delimitada englobou o terreno onde hoje é o Centro de Treinamento do Santos Futebol Clube; um estacionamento de ônibus, o TERRACOM da Prefeitura, uma escolinha de futebol, o Clube da Portuguesa Santista, o terreno de aluguel de quadras e os terrenos do lado direito da rua Joaquim Távora.

Um espaço público que abriga vários equipamentos para o cidadão: escola de barcos, restaurantes, píeres, raia para prática de esportes náuticos, escola de urbanismo, bicicletários, escolinha de futebol, canal de ligação com o canal 1

PRAÇA DAS ÁGUAS

As duas quadras foram desapropriadas para a realização deste projeto. Ali havia edificações de até dois pavimentos e um prédio de uma empresa de serviços logísticos de 10 pavimentos.

Aqui pensou-se em resgatar a lembrança do rio dos Soldados através de duas bacias. A conexão entre as duas quadras é feita por uma passagem subterrânea que atravessa a av. Senador Feijó, importante conexão entre o centro e a orla santista. Nesta passagem subterrânea encontram-se cafés, lanchonetes e espaços para exposição. A escada rampa permite o uso de pedestres e ciclistas novamente. É um espaço onde shows podem acontecer, danças, happenings, enfim, espaço de multiplicidades, de pluralidades. As marquises podem abrigar feiras de hortifruti de produtos trazidos pelas catraias, vindos diretamente da bacia do mercado; bem como servir para eventos de rua, ou apenas, um local com sombra nesta cidade tão quente e abafada. Tais marquises são também bicicletários.

PRAÇA DA BACIA

Por fim, a proposta para este lugar é norteada tanto por aspectos de mobilidade, quanto culturais. Local de estação de barcas, com proposta de ciclovia tanto na avenida portuária (PCM) quanto no canal da av. Campos Sales; a região pode ser encarada como um importante nó. Considerando que uma linha de VLT passando na av. Portuária seria extremamente importante para a ligação mais rápida entre Santos e Guarujá, este trabalho optou por propor a tal linha. Então foi pensada numa estação de ônibus, numa nova estação de barcas, em bicicletários, na estação de VLT e em estacionamento para carros que ali quiserem parar. O térreo foi pensado para garantir que todos estes fluxos aconteçam de maneira clara e organizada. Este conta ainda com duas marquises nos fundos do Mercado que são áreas de sombra e eventuais feiras ao ar livre. A ciclovia atravessa a bacia e continua através de uma passagem subterrânea que dá acesso ao outro lado da avenida portuária. Do outro lado, é possível continuar o percurso por bicicleta pela ciclofaixa da av. Portuária ou pela ciclofaixa que leva ao píer do estuário.

Quando voltam para o lado do mercado, se quiserem, podem subir por elevadores, ou por escadas ou pela escada-rampa para o Centro de Compartilhamento de Conhecimento do Cidadão (o CCCC), um espaço onde cada um pode dividir seus conhecimentos e adquirir outros. Um espaço de todos, onde dança, teatro, cinema, cultura, conhecimento e lazer estão concentrados num edifício que faz a transição entre porto e cidade, que proporciona criatividade com espaços que se adaptam para a ocasião. Com o mínimo de paredes e com cores, os espaços são amplos e podem ser acessados tanto a pé quanto de bicicleta. Um edifício rua, um edifício bicicletário, um edifício urbano, um edifício coletivo, um edifício cidadão.

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