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secao 4!

Entre o bairro e a metrópole

Projeto de uma biblioteca

Juliano Ijichi Machado

Luís Antônio Jorge

O trabalho partiu de um desejo de investigar a relação entre a sociedade e o acesso à informação no espaço da biblioteca.Ao mesmo tempo, esta investigação foi convergindo para outra questão; como potencializar a vida em comunidade, criar uma postura coletiva em bairros de uma metrópole como São Paulo, em que as pessoas conhecem cada vez menos seus vizinhos, e a busca do indivíduo parace ser sua proteção da interferência do outro. Nesta conjuntura, a questão que coloco é como a biblioteca poderia fazer parte do cotidiano dos moradores de um bairro, aproximando as pessoas que vivenciam as mesmas inquietações perante sua situação na cidade.

Diante das complexidades do local, o partido do projeto mostra-se como um ensaio de como um ponto de chegada e partida de um bairro (no caso a estação de metrô Vila Matilde) torna-se um ponto de irradiação de equipamentos públicos de interesse local ligados por uma biblioteca, o edifício que potencializa a postura coletiva do bairro em relação à metrópole.

A água agora tem importância fundamental na região, o piscinão, antes uma cicatriz deixada no bairro, agora se torna um lago, ainda com sua função no sistema de drenagem urbana, mas convidando a população local a usufruir e acolher o espaço para as mais diversas atividades. O Córrego torna-se elemento fundamental na estruturação de um novo eixo de circulação entre os equipamentos públicos locais.

Acompanhando o córrego, uma biblioteca linear 5 metros acima do nível da rua, funcionando também como passarela, um passeio ininterrupto para o pedestre entre os equipamentos públicos, tanto os pré-existentes, como os criados no projeto. A cidade agora se torna mais acolhedora ao pedestre, que tem sua própria camada de rua, sem a interferência dos automóveis, um local mais humano, passível de encontros, não esbarrões. Uma rua-biblioteca, mas não um caminho monótono e sim um caminho que mostra ao cidadão as diferentes formas de leitura, as diferentes formas de se construir o conhecimento. Este é o elemento chave do projeto, pois desta rua-biblioteca afloram os novos equipamentos na medida em que o contexto urbano se torna propício. Por exemplo, no encontro entre a biblioteca linear e as escolas infantis (CEI e EMEI) foi locada a biblioteca infantil, como uma extensão ao ensino das escolas, um local para educação, mas sem as obrigações e cobranças que inibem a descoberta guiada pela curiosidade típica das crianças.

Na ponta oeste da biblioteca linear, um volume de circulação vertical que atende tanto à biblioteca infantil como o auditório, um volume independente suspenso no meio das águas do lago; o que antes era o piscinão, uma cicatriz, um local esquecido no bairro, agora é o local das apresentações de artes, dos grandes debates, dos encontros, os moradores locais agora sentem que é um local a ser apropriado, aproveitado e acolhido.

No encontro entre o eixo da passarela do metrô e a biblioteca linear surge um edifício que articula as diversas cotas e de forma mais clara determina a ligação entre os dois lados do bairro, antes uma relação confusa, o eixo terminava em um jogo de rampas que descia até o terminal de ônibus, como se a função da passarela fosse apenas ligar o metrô ao terminal, agora de forma mais ampla liga os dois lados da cidade cortados pelo eixo da Radial Leste.

A quadra onde estes eixos se encontram torna-se então um ponto muito importante no projeto, lá está o maior potencial de encontro entre as pessoas, ainda mais estimulado pela forte presença do terminal de ônibus. Tamanho o potencial de encontro das pessoas, abre-se uma praça semi rebaixada parcialmente coberta, tornando-se um pátio para as salas de oficina, salas de música e dança, terminal de ônibus e a biblioteca do edifício de articulação. Acima da praça semi-rebaixada, a biblioteca linear também ganha características de praça, torna-se um ambiente mais aberto, mais livre, como local de encontro é onde se pode conversar mais alto.

Na ponta leste da biblioteca, a quadra que antes era totalmente ocupada por um estacionamento agora é um local mais humano, uma praça se abre dando respiro ao pedestre que caminha pela Radial Leste. As vagas de carro que antes ocupavam o solo foram transferidas para o edifício garagem, atendendo assim os usuários de automóveis que fazem percursos mais curtos, apenas em vias locais, e fazem os deslocamentos maiores de metrô, ao centro e em direção à Itaquera. Na praça, um bloco de circulação vertical faz a ligação com a biblioteca.

O pedestre, antes obrigado a utilizar o viaduto para atravessar o eixo da Radial Leste, agora pode utilizar uma passarela de pedestres para chegar ao outro lado do bairro, onde está localizada a Casa de Saúde. A passarela afasta então o transeunte de uma transposição que não foi pensada para eles, o viaduto com calçadas apertadas, sem proteção contra os automóveis, um local cujo ritmo frenético e desumano não é favorável à vivência da cidade, ao encontro, à conversa, à apreensão da paisagem urbana. Esta passarela, então, faz a ligação entre a biblioteca, o edifício garagem e o lado sul da Vila Matilde.

Na chegada da passarela de pedestres, um passeio público faz a ligação com a passarela do metrô, passando por um bicicletário. Este passeio público é muito importante para o projeto; faz o fechamento de um anel de circulação ininterrupta para o pedestre, reforçando a ideia do ponto de chegada e partida de um bairro como ponto irradiador de equipamentos para a comunidade local.

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