Este trabalho final de graduação tem como objeto de estudo a área do reservatório de retenção Ecovias Imigrantes e a sua relação com o entorno. O reservatório em questão está instalado em uma das áreas residuais geradas pelo entroncamento entre a Rodovia Imigrantes e as Avenidas Antonio Piranga e Fábio Eduardo Ramos Esquível no município de Diadema.
O pressuposto que norteia este trabalho é o de que os reservatórios de retenção construídos para enfrentar o problema das enchentes poderiam ser pensados como parte viva da cidade, recebendo outras funções além de retenção das águas. Se não forem projetados de forma a interagir com a malha urbana, como estruturas que possam ser apropriadas pela vida urbana, os reservatórios de retenção acabam como grandes construções esperando por manutenção e cuidados. Nesse sentido, este estudo aponta para a necessidade de se pensar para estas estruturas projetos que extrapolem a função da retenção de águas pluviais e que permitam um uso alternativo para estas construções nos períodos de estiagem.
Inicialmente o foco do trabalho estava restrito ao “piscinão” propriamente dito buscando inserir novos usos na estrutura existente. Entretanto os levantamentos de campo realizados e a análise do contexto no entorno do “piscinão”, conduziram para a expansão do escopo do estudo e para a definição de um perímetro de intervenção ampliado. Este perímetro compreende o conjunto formado pelo reservatório, o Parque do Paço e as áreas residuais geradas pela implantação do entroncamento viário resultante da construção da Rodovia dos Imigrantes.Este trabalho busca, portanto, uma nova forma de interação entre a rodovia, o reservatório e o Parque do Paço.
O programa de intervenção proposto busca complementar os usos que o Parque do Paço hoje possui, para consolidar um espaço de lazer que utilize o reservatório de retenção existente quando vazio.
A discussão contida neste trabalho final de graduação se pauta na reflexão do modelo de cidade que queremos construir.O estudo questiona se as soluções de custo mais baixo e construção de caráter imediatista são as que devem ser adotadas se pensarmos num horizonte mais distante, no legado que essas obras deixam para a cidade e no que elas definem para a vida urbana no futuro. Os reservatórios de retenção abertos são menos custosos, exigem projetos menos complexos e puderam ser construídos com relativa rapidez, por isso foram adotados como solução recorrente ao longo destes 14 anos de PDMAT e instalados por toda a Grande São Paulo para combater as enchentes. Entretanto, o fato é que sua construção não foi simultânea a uma iniciativa experimental de novas técnicas ou soluções construtivas, novos tipos de projeto menos impactantes para o entorno e menos agressivos na relação com a malha urbana consolidada. Foram aplicados, na sua grande maioria, como grandes piscinas cuja função é unicamente armazenar água para depois do momento crítico, devolvê-la ao seu curso d’água. Não se pensou em como afetam a vizinhança na qual se inserem ou como é a relação daqueles pedestres que passam ladeando o grande vazio, nas épocas de estiagem, ou o grande reservatório de águas turvas, nas épocas de chuva.
Três aspectos foram essenciais para definir as diretrizes de projeto para o perímetro de intervenção: a drenagem urbana; os espaços residuais e as questões de administração e manutenção destes espaços.
Para a elaboração das diretrizes de intervenção, foram utilizados os dados obtidos pela análise urbana realizada e as informações resultantes do questionário aplicado aos usuários, revelando a expectativa dos mesmos para a área em questão.
O redesenho proposto permite que seja acrescentada ao Parque do Paço uma área de 59 000 m², incluindo os 15 000 m² de área do reservatório Ecovias Imigrantes.A pista de caminhada e a ciclovia, que percorrem todo o perímetro do Parque do Reservatório, possuem percurso de 1,2 Km. Integrada por meio da passarela ao percurso de 600 m que o Parque do Paço possui hoje em seu interior, a pista de caminhada totalizaria 1,8 Km de extensão.
O ponto principal desta intervenção é agregar novas formas de utilização ao reservatório de retenção, cuja função usualmente se restringe à armazenagem de água para o amortecimento da vazão nos picos de chuva.
proposta é que a extensão do Parque do Paço se aproprie do “piscinão” como área de lazer no período de estiagem. Para que isso seja possível foram pensadas algumas intervenções, com o intuito de garantir acessibilidade e segurança aos usuários.
Medidas estruturais se aliam às medidas não estruturais no combate às enchentes urbanas. Dentre as medidas estruturais podemos citar as obras na infraestrutura de drenagem urbana, como construção e manutenção de galerias subterrâneas e reservatórios de retenção. As medidas não estruturais vão desde a conscientização da população sobre a importância de não jogar lixo nas ruas porque este pode ser obstáculo no pleno funcionamento das galerias de recolhimento de água, bem como dos reservatórios, até ações de controle do uso e ocupação do solo.
Adotar a instalação de reservatórios de retenção como solução recorrente e, até o momento, como única solução aplicada, não é uma postura aceitável. Não é possível trabalhar em cima de uma possibilidade única até que ela se esgote. Acredito na necessidade de que mesmo com a escolha dos “piscinões” como solução a ser colocada em prática, solução imediatista , deveriam ser estudadas e experimentadas outras alternativas para a drenagem urbana e o combate às enchentes. Eles não são estruturas de baixo custo, mas ainda assim foram adotados como de aplicabilidade imediata e as suas construções foram feitas a toque de caixa. Entretanto, não foi determinada uma medida de estudo por novas soluções, não se experimentaram outras alternativas para que, no momento (inevitável) em que a cidade com sua malha consolidada já não possa mais receber novos “piscinões” por falta de espaço físico mesmo, as enchentes não voltem a aterrorizar a população.
