A área de aproximadamente 63,7 ha se encontra na região central da cidade de São Paulo, o Cambuci, logo abaixo da Radial Leste e da Avenida do Estado está ao lado do bairro da liberdade. Essa área, que já foi entrada da cidade para as pessoas que chegavam do litoral, também já foi uma zona industrial e de abrigo para imigrantes empregados por essa atividade. Hoje ela está degradada e possui muitos lotes não ocupados, como galpões.
O projeto prevê a densidade media de 384.54 hab/ha (podendo variar dentro das quadras de 1.142,29 a 589,76 hab/ha), uso misto, forma urbana compacta com áreas centrais nos quarteirões servidos por uma rede de ciclovias, caminhos de pedestres, energia e produção de alimento em pequena escala – para uso pessoal – e tratamento e reuso de águas de chuva e cinza.
Com todas essas características o projeto pretende dar lugar a 24.492,00 de pessoas que viverão na área e aproximadamente 4.490,00 de pessoas trabalhando – todos com maior qualidade de vida, mais infraestrutura, lazer e trabalho.
O projeto trabalha com a ideia de como transformar uma zona urbana degradada em um pedaço integrante da cidade, contribuindo em moradia, transporte e vida. Para isso usos diversificados são trazidos para a área – perto de transportes públicos e integrando-se a eles.
Nessa linha o projeto propõe a geração de energia, alimentos e tratamento de águas e resíduos internamente à área, pois no futuro, essa demanda também será alta e necessária. A finalidade dessa infraestrutura é “aliviar” o sistema publico, não dependendo tanto dele em contrapartida, e tornando a área ecologicamente consciente.
Os usos variados definidos no projeto são um desafio a ser resolvido, uma vez que há a mistura do publico e privado dentro das quadras. Porem seu objetivo de misturar os usos – escritórios, indústrias, tecnológicas, comercio, habitação e aparelhos públicos e de serviço – com a infraestrutura e lazer responde a um estilo de vida extremamente atual dos moradores da cidade com necessidades futuras, mas não tão distantes. Afinal o tratamento de resíduos, água, geração de energia são necessários, geram empregos e ajudam o meio ambiente – não há mais como projetar sem levar em conta o impacto no meio ambiente. A variedade de usos também ira assegurar uma economia mais movimentada, mais vida para o lugar e ira minimizar a necessidade de deslocamento trabalho-casa ou para compra.
São Paulo é maior capital do país e está em constante crescimento. O déficit habitacional do estado gira em torno de 3.901.205,00 moradias. Essas famílias têm tamanho e padrão variados. Portanto não serão estipulados padrões habitacionais, apenas as implantações dos edifícios.
O uso industrial previsto não é a indústria usual e sim uma indústria de pequeno porte – de preferência que tenha a ver com desenvolvimento de produtos verdes sustentáveis, usando a própria área como experimento de novas tecnologias. E os escritórios propostos seriam de desenvolvimento da economia local, atraindo comercio e moradores.
O espaço para o comercio, assim como a maioria dos escritórios são designados principalmente nas unidades que estão diretamente em contato com as ruas, de forma que seja beneficiário tanto para o usuário que terá fácil acesso pelas maiores ruas ao local, para o dono do comercio, que terá seu negocio mais exposto a potenciais clientes e a região como um todo que terá mais movimento e segurança no entorno. Já nas ruas pequenas e locais é desejável também que o comercio na região seja tanto diurno como noturno trazendo movimento à região em diversas horas do dia.
Os aparelhos educacionais e de lazer também são deferentes do convencional, uma vez que eles ocorrem dentro de quadras grandes, protegidas do movimento e poluição geradas pela rua, mas de fácil acesso pelos usuários. Além disso, a proximidade dos aparelhos educacionais com a natureza propicia uma educação diferenciada, desde pequenos para as crianças que aprenderam de perto sobre os cuidados com meio ambiente.
O projeto faz uso de elementos que garantem um ambiente urbano que incentiva a interação social, atividade física, apreciação da natureza e um estilo de vida mais sustentável. Há pequenas praças em quase todo quarteirão e elas são conectadas por caminhos de pedestre e bicicletas.
143.117,50 m² é a área destinada à captação de águas de chuva, que são os jardins de cobertura, conhecidos como rooftop gardens e as coberturas que contém painéis solares. Os edifícios terão sistema de tratamento de águas cinza e de chuva, que serão reaproveitadas para irrigação do paisagismo, pequenas permeaculturas existentes em algumas quadras e bacias sanitárias. Além disso, os jardins poderão ser inseridos no processo de tratamento dessas águas, como um dos “filtros” pelos quais a água passará antes de ser considerada como própria para utilização novamente. O sistema é chamado de living machine e está sendo utilizado na Europa, que possui um clima extremamente adverso, comparado ao Brasil, ou seja, aqui tem menos dificuldades para ser aplicado. Não requer muito espaço e pode ser feito em jardins dentro ou fora dos edifícios. Esses jardins podem ser apenas pequenas faixas em torno dos edifícios.
O projeto conta com muita área verde-jardins internos, coberturas, fachadas calçadas – que aumentam a evapotranspiração nos meses mais quentes, reduzindo a temperatura urbana. Além disso, a concentração de poluição perto das residências acaba diminuindo e a área de drenagem aumenta, evitando que o nível da água na rua suba, já que a área está perto de um rio.
Área dos quarteirões 377,516.11 m²
Área de infraestrutura 259,403.57 m²
Área ocupada 143,117.50 m²
Área total construída 204,100.00 m²
Área construída destinada a residências 163,280.00 m²
Área construída destinada a escritórios e comércio 40,820.00 m²
Área total do projeto 636,919.68 m²
