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secao 4!

Restaurante Popular –

Projeto na Vila Prudente

Lincoln Koiti Jyo

Helena Aparecida Ayoub

A escolha do tema decorreu de uma série de fatores que envolvem a minha graduação da FAU, tendo em vista que cada aluno tem uma formação particular na escola, levando-se em consideração as disciplinas escolhidas para cursar. Assim, entre os elementos determinantes para a definição do tema, é possível destacar: a curiosidade pelo projeto de um restaurante e o projeto de cozinha industrial, as questões sociais com as quais a arquitetura está envolvida e a importância da alimentação para o homem, em diversos aspectos.

Desta forma, a motivação para o desenvolvimento do tema se deu a partir de questões levantadas pelo próprio programa do projeto de um restaurante e suas especificidades, como aspectos de segurança alimentar, equipamentos utilizados, técnicas e escalas de produção, espaços, fluxos e tantos outros detalhes relacionados a um bom projeto na área de alimentação.

Além da curiosidade de saber como é possível produzir tantas refeições com qualidade e de uma só vez, questão fomentada pelo uso diário dos restaurantes estudantis da USP, os programas com assistência técnica nutricional e de segurança alimentar têm iniciativas louváveis, pois tratam também da parte educativa, que atenta para questões fundamentais acerca do tema.

Sendo a fome um problema mundial ainda não resolvido, cada programa tem especificidades que podem ser tomadas como bons exemplos. Nos restaurantes do SAS-USP, os excedentes produtivos são direcionados a algumas instituições de caridade e têm um rigoroso tratamento, em termos de segurança alimentar e supervisão, para assegurar a qualidade. Outro exemplo são as colheitas urbanas do “Mesa Brasil – SESC” que nos fazem perceber a dimensão do desperdício no nosso atual estilo de vida e nos mostra que é possível otimizar a distribuição de alimentos; com menores desperdícios, mais pessoas são alimentadas.

Os restaurantes populares também têm o papel de garantir segurança alimentar às pessoas que não têm a possibilidade de tê-la; ela também é importante para a valorização do cidadão que se utiliza do equipamento, indo de encontro ao conceito de vulnerabilidade tratado nesse trabalho. Desta forma, o auxílio governamental se torna importante, sendo os gastos públicos relativamente baixos, principalmente se observados os benefícios sociais que esse tipo de programa gera.

Outro ponto de motivação foi o estudo da região da Vila Prudente e suas favelas. Esta área de intervenção foi considerada prioritária para a Prefeitura municipal de São Paulo, pois essa região levanta questões diretamente relacionadas, mas não profundamente abordadas no presente trabalho, como por exemplo as moradias irregulares, a falta de saneamento, a precariedade das construções, a estrutura fundiária urbana, a regularização de lotes etc. Tais fatores são importantes para a visualização da necessidade de um equipamento que valorize o ser humano, oferecendo segurança alimentar, e auxilie na diminuição da condição de vulnerabilidade social.

Esse anseio de pesquisar meios de propor a melhora na condição social na cidade está relacionado ao papel do arquiteto e urbanista na sociedade, ainda mais aguçado naqueles que tem a sua formação em uma instituição pública.

Para a análise da região da Vila Prudente, foram obtidos junto à Prefeitura levantamentos atualizados sobre a área e, com auxílio deles, foi possível observar as problemáticas e possibilidades. Destas, é possível elencar: mobilidade, conexão com os municípios vizinhos, habitações precárias, habitações irregulares e usos vazios, por exemplo. Foram também visitadas as favelas, observado como elas se articulam com seu entorno, o que ajudou no momento da escolha do terreno para o projeto.

Para a sua elaboração, também foi fundamental a visita a alguns restaurantes populares, pois deles se obteve referências projetuais e testemunhos sobre a utilização dos espaços, o que permitiu dimensionar os usos para o programa.

Contribuindo para tornar o tema mais concreto, leituras foram realizadas, abordando a importância da alimentação na vida do homem, a refeição como fator socializante, as transformações sociais relacionadas ao aumento dos índices de refeições fora de casa e até da transformação do uso do cômodo cozinha, de um espaço sujo e recluso a um espaço quase performático.

Outro ponto desenvolvido durante o TFG foi a utilização do BIM (Building Information Model), através do software ArchiCAD no qual se constrói na tela um modelo carregado de parâmetros e informações e não apenas uma representação simples da arquitetura. A partir de seu uso, exemplificando, é modelada uma parede com material e método construtivo, medidas, cotas etc., em contraposição ao software CAD, no qual uma parede é representada, em planta, por quatro linhas e uma hachura. Através do BIM, são obtidos automaticamente plantas, cortes, elevações, maquete eletrônica, planilhas de quantitativos e especificações.

A orientação da professora Helena Ayoub também foi fundamental para guiar as pesquisas e o projeto, que se deram de maneira prática e objetiva. Como verdadeira orientadora, dúvidas que surgiam no projeto eram esclarecidas, além de novos questionamentos que eram postos, a cada orientação.

O projeto se desenvolve em três pavimentos. No térreo encontram-se os programas do centro de capacitação e do centro de convivência, de um jardim que integra o patamar 770,0 à cota mais baixa do terreno e o banheiro feminino junto à circulação vertical que acessa os patamares 773,5 e 778,5. Ainda no térreo e com acesso isolado está o programa de serviço, onde estão os vestiários, a doca, a recepção, os estoques e a área de pré-preparo. No primeiro pavimento, na cota 773,5 está o programa de serviço do restaurante e o salão. Na cobertura, o terraço e o café com acesso direto à circulação vertical da cozinha e pré-preparo.

Ficha Técnica

Projeto de restaurante popular
Localização: Rua dos Navegadores, 200 Sapopemba, São Paulo
3 Pavimentos: Térreo, 1o Pavimento e cobertura.
Área total construída: 2640 m²

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