O projeto de uma exposição de conteúdo ligado ao meio ambiente como projeto de TFG veio do potencial educativo e comunicativo do espaço para tratar de um assunto de grande importância. A função principal de uma exposição é o de difundir o conhecimento, e isso pode ser feito aliado a sensibilização do visitante a partir de uma experiência em um espaço físico. Percorrer uma exposição e viver o tema em um espaço junto a outras pessoas, participando de uma atividade social favorece o aprendizado e a memória.
A exposição deveria apresentar estes conteúdos de maneira envolvente, promovendo o exercício de reflexão e questionamento a respeito do tema. Por isso, outra intenção do inicial é que a exposição fosse imersiva, no sentido que absorveria os visitantes, fazendo com que eles se sentissem em um lugar diferente e mergulhassem no tema, contando com uma cenografia envolvente.
Pelo fato do tema meio-ambiente ser muito abrangente, era interessante fazer um recorte do tema. Para isso, durante as visitas e pesquisas sobre exposições contemporâneas, também pesquisei alguns autores ligados a ecologia e alguns temas em geral, mas a escolha era sempre muito difícil. Inicialmente pensava que a exposição, que poderia dispor de recursos interativos, teria mais potencial se retratasse algum tema diretamente ligado com o público, como alimentação, consumo e etc. Ao avaliar como eles poderiam ser tratados na exposição e a complexidade que estes temas possuem, o primeiro recorte escolhido foi de desastres ambientais, por serem fatos mais pontuais, mesmo não sendo diretamente ligado aos possíveis visitantes. Apesar disso, o tema ainda estava um pouco abrangente, então surgiu a possibilidade de representá-lo através de apenas um espaço: o oceano.
O tema oceano será apresentado principalmente a partir das ameaças aos ecossistemas marinhos, incluindo não apenas os desastres, mas também outros problemas decorrentes da ação humana. O objetivo é promover reflexões a respeito da maneira como os oceanos são explorados, os impactos que esta exploração geram, como eles se interconectam e também maneiras de diminuir estes impactos.
Os estudos de exposições contemporâneas tiveram um foco maior nos aspectos ligados a parte emocional da exposição, como a cenografia, experiência, imersão, interatividade, sedução, percurso e etc.
Das visitas realizadas três foram selecionadas para um estudo sucinto de seus pontos positivos e negativos. As exposições estudadas foram: Água na Oca, Rio São Francisco: Navegado por Ronaldo Fraga e o acervo permanente do museu do Instituto Oceanográfico da USP.
Com as primeiras intenções propostas, veio o nome da exposição: Explorando o Oceano. O nome foi escolhido pelo duplo significado. A palavra explorar reflete tanto a própria atividade de visitar a exposição, quanto o assunto que a exposição irá tratar: a exploração dos oceanos pelos seres humanos. A criação do nome antes do projeto foi importante para definir um conceito para os espaços expositivos. A visita ser feita de forma que as pessoas visitariam a como exploradores.
Para o projeto era importante definir quais os objetivos a respeito forma de transmitir a mensagem e como isso seria feito. Foram eles:
Mensagem:
- reflexões a respeito da ação humana;
- reflexões como indivíduo e como sociedade;
- questionamento a respeito dos hábitos de consumo;
- valorização do meio-ambiente e de outras formas de vida;
- a importância do oceano e como ele influencia diretamente a vida;
- as ameaças que os oceanos estão sofrendo e a possibilidade dos danos não poderem ser reparados;
- o que pode ser feito para solucionar os problemas
Exposição:
- para todas as idades, mas priorizando o público infantil alfabetizado
- incorporar elementos existentes do navio;
- visitantes percorrendo a exposição como exploradores;
- instalações interativas (como forma de conectar a pessoa aos problemas);
- cenografia aliada ao entendimento da mensagem;
- abordagem diferente em cada ambiente
- imersão (visitante é absorvido pela exposição);
- elementos visuais, táteis, sonoros, estáticos, em movimento, analógicos ou digitais;
- suportes físicos pouco nocivos ao meio ambiente
Para a realização da exposição foi escolhido um navio, que percorreria o litoral brasileiro, resultando em vários pontos positivos. Em primeiro lugar, a exposição estaria inserida diretamente no objeto de estudo: o oceano. Além disso, o navio é uma representação simbólica da presença humana nos oceano. Ao se localizar em um ambiente móvel seu potencial comunicativo será potencializado.
O navio Alpha Crucis, do instituto oceanográfico da USP foi escolhido para o projeto da exposição, considerando que seu espaço seria transformado para abrigar a exposição, sem realizar pesquisas durante este tempo.
O início do projeto foi a definição de um percurso, que deveria surpreender o visitante, fazendo a visita mais interessante, com mais chances de transmitir efetivamente a mensagem. Com o percurso definido, veio um aprofundamento do conteúdo exposto, que nele seria distribuído.
Com este esquema definido, as quatro grandes áreas ganharam um novo nome e um símbolo associado a elas, que as representasse e fossem ligadas a termos náuticos. As frases são em tom imperativo, como marujos se marujos estivessem navegando e guiando a visita. Seus nomes seriam: “Zarpar Navio!”, “Problema à vista!”, “Aproximando, Capitão!” e “Ancorar Navio!”.
Para trabalhar a mensagem como um todo houve a necessidade de projetar todos os ambientes, mesmo que de uma forma mais simples, através de descrições e ilustrações. As salas com maior potencial de configurar a experiência imersiva da visita foram escolhidas para serem mais desenvolvidas.
Como este projeto seria normalmente realizado por uma equipe, foi possível perceber que ele não pode ser desenvolvido em sua totalidade. Ele representa mais um exercício criativo e experimental de trabalhar o espaço como discussão de uma questão ambiental.
