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secao 4!

O “Bloco do Beco” e a rede de equipamentos culturais comunitários na zona sul de São Paulo

RAFFAELLA SAAD YACAR

VERA MARIA PALLAMIN

"Atacar as cidades, sob pretextos técnicos, é solapar a cidadania e apostar no mal estar social. Cidade é gente".
Nicolau Sevcenko

Este trabalho é um projeto e uma pesquisa em progresso. Tem como objetivo enquanto disciplina acadêmica, inventariar algumas experiências vivenciadas em minha trajetória junto a um grupo de amigos autodenominado Atelie, e refletir sobre elas à luz de outros trabalhos da mesma natureza. Enquanto imaginário maior, investigar, nos campos da participação e do projeto coletivo, novas formas da prática da arquitetura e da formação do arquiteto na universidade.

As inquietações motivadoras deste trabalho partem, em certa medida, do embate estabelecido, durante o período da graduação, entre a vontade de fazer edifícios belos e as necessidades, quase sempre urgentes, de reconstrução dos espaços ordinários da cidade aliados a uma postura política da arquitetura. Convencida, sob os auspícios modernos, do discurso da utopia, solapava-me o desconforto do ato de projetar despolitizado e alienado, traduzindo em imagens e desenhos, objetos solitários, depositários de uma gramática reificada de formas. Incomodava a análise da arquitetura e da prática de projeto partindo do pressuposto de que ela pode ser cindida, de maneira simplista, em instâncias aparentemente independentes: uma “social”, aliada à recionalidade tecnicista, e uma da “criação estética”. Mais do que isso, aceitar que a tarefa estava finalizada na prancheta, evitando qualquer contaminação das limitações e restrições do "mundo real" .

Em que pesem os três anos de experiência aqui narrados na periferia da cidade, em condições de precariedade, trabalhando espaços fragmentados, amorfos, de pobreza e promiscuidade, afirmamos que o caminho trilhado é complexo, de dúvidas e contradições. O sentido desta prática não é e nunca foi explícito. Na tentativa de traçar um fio condutor das ideias, busquei aprofundar a descrição, atraves de projetos de arquitetura e da paisagem desenvolvidos coletivamente junto a uma das parcerias do Atelie, o "Bloco do Beco",tais como o projeto de uma creche, das sedes da respectiva ONG, e os espaços livres: praças, margens de córregos, vielas, becos, escadarias, e, assim, confrontá-las com práticas da arquitetura contemporânea paulista no trato com a cidade informal, dentro de seus dispositivos e métodos de aproximação. Para tal, passei em revista o concurso Renova-SP promovido pela Prefeitura de São Paulo como terreno possível para análise das mais recentes iniciativas públicas (e privadas) em contrapartida das vivências dos projetos do Atelie, já que este contemplava um dos Perímetros de Ação Integrada (PAI) - a sub-bacia do córrego Ponte Baixa – abarcando a área trabalhando.

Poucas certezas subsidiam este trabalho, mas uma delas é a pretensão de explorar e incentivar a prática estético-criativa coletiva, capaz de realizar um chamamento da arquitetura para o real. É por meio do trabalho estético participativo e assumidamente político, na chave oswaldiana de técnicos versus poetas, que o conjunto de atores envolvidos em um determinado desenvolvimento de produção arquitetônica coletiva poderia potencializar novos processos de transformação social.

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