O projeto desenvolvido no TFG buscou atender a necessidade de habitação temporária de qualidade para pesquisadores em expedições de pesquisa instaladas em áreas de proteção ambiental.
Para o desenvolvimento do projeto buscou-se uma habitação de geometria diferenciada que permitisse o máximo aproveitamento do espaço, além de contar com itens de sustentabilidade para oferecer toda a infraestrutura necessária para a permanência prolongada de pesquisadores.
A temática clara e definida do projeto foi escolhida com o intuito de discutir questões recorrentes na atualidade, dentre elas a sustentabilidade e a habitação de espaço mínimo.
Permanecendo ainda como um ideal a sustentabilidade se perfaz pelo encontro entre as necessidades sociais pré-estabelecidas com os princípios de preservação do ecossistema.
O tema da habitação temporária em áreas de proteção ambiental exige um projeto capaz de interferir minimamente no meio ambiente e que possua toda a infraestrutura necessária para o cotidiano dos pesquisadores, que apesar de estarem distantes do meio urbano necessitam de um espaço tecnológico para o desempenho de seu trabalho.
O estudo dos espaços mínimos para desempenhar as atividades e a apropriação de todos os planos para utilização do usuário é essencial para a definição deste espaço mínimo de habitação. A arquitetura se utiliza destas premissas de forma criativa e inteligente para criar uma habitação confortável e compacta deixando estes princípios em evidência.
O projeto desenvolvido partiu destes princípios para criar uma habitação confortável e flexível que visa atender necessidades de moradores variados em situações diversas.
Expedições De Pesquisa Em Áreas De Proteção Ambiental
Entrando em contato com diversos grupos de pesquisa existentes no Brasil, dentre eles o INPA- Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia, o PPBio- Programa de Pesquisa de Biodiversidade e o PEQUI-Pesquisa e Conservação do Cerrado, foi possível conhecer as diversas formas de expedições de pesquisa e as necessidades específicas dos pesquisadores.
As expedições de pesquisa podem ocorrer de diversas formas, quando existe alguma cidade próxima, os pesquisadores buscam casas ou hotéis e a principal necessidade se torna o transporte para o local de pesquisa.
Já as pesquisas de longa duração realizadas em locais distantes, mas com um acesso relativamente fácil, despendem de construções de alvenaria precárias, com dormitórios para os pesquisadores e área para estudo. Estas construções, além de interferir no meio ambiente, muitas vezes não possuem qualquer infraestrutura. A alimentação é trazida de longe uma vez por semana e como não pode ser refrigerada é bastante precária, como arroz, farofa, frutas e carne seca. A água potável é armazenada em caminhões pipa, vinda de estações de tratamento.
Os equipamentos de pesquisa, bem como o material coletado, é armazenado precariamente. O que precisa ser refrigerado é mantido em caixas de isopor, precisando ser retiradas do local em um curto período de tempo. Pesquisas que envolvem coleta de amostras de DNA ou RNA, que precisam ser congeladas, exigem, além de muito isopor, nitrogênio líquido. As pesquisas que coletam animais inteiros necessitam de formol para a preservação dos espécimes. A fragilidade das amostras coletadas, armazenadas em um local tão precário, faz com que seja necessária a retirada das amostras da expedição às vezes mais de uma vez por semana. Além de existir a constante necessidade de um veículo para fazer este transporte existe ainda a necessidade de uma outra construção, em um local com infraestrutura, que possua refrigerador, freezer, ar condicionado, salas de estudo, laboratório, biblioteca, além de dormitórios para os pesquisadores fixos.
Montagem
• facilidade de transporte do módulo
• facilidade de montagem (máximo 3 pessoas)
• adaptação a solos variados
• estrutura e fechamentos resistentes
• facilidade de manutenção e troca de componentes
Infraestrutura
• autonomia energética
• captação e reuso de águas
• compostagem de dejetos
Necessidades dos Pesquisadores
• dormir
• alimentar-se
• Higienizar-se
• Estudar
• Trabalhar (iluminação adequada para trabalhos noturnos)
• Armazenar amostras (algumas precisam ser refrigeradas ou congeladas)
• Lazer
O projeto buscou uma forma de se relacionar com a natureza através da estética. Através da observação de formas naturais e orgânicas foi criada uma forma com geometria diferenciada, conquistada pela utilização do ângulo de 120°, que se relaciona com o seu entorno de implantação e nos remete a formas orgânicas, porém sem perder a praticidade construtiva.
Definido o partido de projeto buscou-se estabelecer uma situação única para a elaboração do projeto executivo. A situação escolhida foi a unidade mínima, com uma área de 23m² capazes de atender as necessidades de dois pesquisadores.
Com uma estrutura leve e esbelta a habitação pode ser transportada inteiramente desmontada em partes pequenas e leves. A montagem é simples e pode ser executada por apenas duas ou três pessoas, com o auxílio de um pequeno guindaste presente no caminhão de transporte.
O ângulo de 120° possibilitou a criação de um mobiliário interessante, no qual as camas se encontram em meio a um espaçoso casulo, com os armários ao redor e uma iluminação diversificada possibilitada por uma abertura triangular no ângulo de 120°.
O mobiliário em forma de ilha livra grande parte dos fechamentos verticais da habitação, possibilitando assim diversas aberturas em policarbonato transparente.
Externamente existe um deck fixo que é incorporado a residência ao rotacionar os painéis. Este deck é essencial para a área da habitação, servindo como espaço de estudo, trabalho e lazer. Na parte de baixo deste deck existe um importante espaço de casa de máquinas, que pode ser acessado através de portas basculantes.
