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secao 4!

Experimentos gráficos sobre pinturas e platibandas

Roberta Guedes Furlan

Clice de Toledo Sanjar Mazzilli

No começo de 2010 fiz uma viagem para o interior da Bahia, especificamente para as cidades de Santo Amaro, Cachoeira, Muritiba, Cruz das Almas e Maragogipe. Durante o percurso de carro de Salvador para o interior no estado notei a mudança da paisagem entre uma cidade grande em comparação com as cidades pequenas onde a carência de infra-estrutura é clara. O que me chamou mais atenção foi a forma como essas comunidades organizam visualmente suas casas. Diferentemente de São Paulo, onde a tradição de construção é outra, o interior da Bahia e no Nordeste possuem uma influência da arquitetura moderna dos anos 30 e principalmente anos 40. O repertório visual das fachadas, rico em detalhes e cores foi o elemento principal que chamou minha atenção para desenvolver esse trabalho.

Empiricamente eu comecei a fotografar e desenhar as fachadas das casas, pois em cada cidade, cada rua nova por onde passava , um novo repertório gráfico surgia. Essa minha curiosidade por essas linguagens acabou por transformar essa viagem de férias em uma viagem investigativa dessa realidade que me era desconhecida.

Após algum tempo, descobri que a fotógrafa Anna Mariani na década de 70 havia feito o mesmo registro dessas fachada, em seu livro “Pinturas e Platibandas”. Mariani em 1976, numa viagem em busca dos cenários sertanejos percorridos por Antônio Conselheiro, foi registrando em vários outro lugares essas fachadas que são recorrentes em muitas cidades pelo interior do Brasil.

Experimentos Gráficos

A totalidade da produção para o Trabalho Final de Graduação se desenvolveu guiada pela análise e entendimento das fachadas que se dividiu em cinco etapas. No entanto essas etapas não foram pré-estabelecidas antes dos estudos gráficos que antecederam a produção das pranchas finais. Essas etapas foram se delineando ao longo do processo de criação e estudos gráficos, juntamente com a pesquisa paralela de teorias de processos de criação e sobre o contexto histórico das fachadas, ao longo que elas foram necessárias.

Existem alguma linhas estruturais que defeniram as etapas de produção. A primeira e a mais importante, é a intuição, como Fayga define “A intuição está na base dos processos de criação”. Os processos intuitivos se identificam com a forma, ou seja, os processos criadores são essencialmente processos formativos, de ordenação da forma.

Ao intuir, procurei alcançar uma nova metodologia de entendimento e extração da essência gráfica das casas e, através de suas estruturas configurar novas formas dentro dessa materialidade específica.

Com essa metodologia estabelecida, o fazer torna-se a forma, e a necessidade da experimentação é configurar a matéria e transforma-la. Por essa forma, entende-se a configuração de superfície. É o modo como se configuram certas relações dentro de um contexto.

Os experimentos, como forma de configurar um espaço, no caso o papel, tem como objetivo criar relacionamentos visuais onde configurados juntos remetam a estética visual apresentada na fachadas. Pode-se dizer que em um nível pré-consciente ou talvez inconsciente, exista uma orientação prévia de um princípio organizador e orientador. Desse modo surgem ordenações na percepção que revelam enfoques seletivos existentes nos próprios relacionamentos.

Além das configurações intuitivas, outra base estruturadora do trabalho é a sistematização do olhar.

Alguns dos experimentos ora são guiados por um olhar totalizador das formas, ora são atentos para partes sem que elas percam a totalidade do conjunto visual.

O passeio do olhar é uma reprodução da sensação da visita de uma cidade onde essas casa são evidências. A minha intenção foi transpor o olhar do visitande à deriva, e como o entendimento gráfico das fachadas acontecem.

Desse modo, o trabalho se estruturou em cinco etapas definidas ao longo dos estudo gráficos que pré-antecederam as pranchas finais apresentadas.

Conclusão

Após ter passado pelas etapas, tanto de pesquisa teórica, como de estudos de criação, iniciei o projeto de montar uma exposição com pranchas que sintetizam todo o meu processo de desenvolvimento dessa linguagem gráfica que se desenvolvou durante o trabalho.

Desenvolvi 22 pranchas que seguem a linha projetual de todas as etapas que eu passei. Algumas são idéias que eu retirei dos estudos e outras são novas criações que ao desenvolver senti a necessidade de serem produzidas como forma de fechar o pensamento gráfico.

Essas pranchas finais foram desenvolvidas em um formato de 30x30 cm, mudando um pouco o formato que eu iniciei o trabalho. Na quarta etapa eu comecei a utilizar folhas quadradas que foi o espaço onde melhor consegui organizar as idéias.

Os materiais que eu utilizei na pranchas também foram selecionados dentre todas as técnicas que eu passei durante os estudos. Priorizei o uso dos papéis pintados com cal e tingidos com pigmento, abandonando de vez o uso de papéis já coloridos. Introduzi um novo elemento, a madeira balsa, como elemento rústico, fazendo alusão ao uso da madeira das portas que são um elemento visual importante.

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