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secao 4!

RESIDENCIAL VILA MARIANA -

UMA OPÇÃO DE MORADIA PARA A TERCEIRA IDADE

Thiciene Caccia Feragi Cintra

Antonio Carlos Barossi

Nas últimas décadas, a média de idade da população mundial vem aumentando e a tendência para as próximas é que esse número cresça cada vez mais. Entretanto, mais do que os números, as necessidades dos idosos também sofreram grandes alterações: eles não só estão vivendo mais, como são muito mais independentes e ativos.

A idéia do velhinho sentado em uma cadeira de balanço, olhando o horizonte e esperando a vida passar não poderia estar mais ultrapassada. É fato que parte da população idosa encontra-se parcial ou totalmente incapacitada e necessita de cuidados intensivos, mas muitos ainda detêm quase o mesmo vigor e independência de sua juventude.

É fato também que, dependente ou não, o melhor lugar para o idoso se estabelecer é junto a sua família. É aí que ele encontra o apoio, a assistência e a companhia mais adequados para viver bem e feliz, desde que, obviamente, a família tenha a infraestrutura necessária para fornecer ao idoso conforto material e afetivo.

Porém, nem todos os anciãos podem ou querem desfrutar do seio familiar: há famílias que não estão dispostas ou não tem condições de cuidar de seus patriarcas e matriarcas; há idosos que preferem morar sozinhos que junto com algum familiar, para manter sua independência; e há ainda os que não tem uma família à qual se integrar.

Portanto, tendo em vista estes casos e as mudanças ocorridas na sociedade por conta do aumento da população de idosos, a proposta deste TGF consiste no projeto de um residencial para a terceira idade, um local em que senhores e senhoras de idade avançada possam residir, conviver e desfrutar de plena liberdade – quando lhes convém – com a estrutura necessária para que eles recebam os cuidados que a idade demanda, sem que percam sua personalidade e independência.

A ideia de projetar um residencial para a terceira idade se deu inicialmente pela percepção da escassez de instituições deste tipo no país. Moradias exclusivas para idosos existem em uma quantidade considerável, porém em raros casos conseguem passar ao idoso o sentimento de viver em um ‘lar’.

O residencial proposto tende a se estabelecer como opção mediana entre asilos, que hoje em dia são sinônimo de abandono, e instituições voltadas para a classe A da população brasileira.

Um dos pré-requisitos obrigatórios do projeto era que as residências fossem térreas, individuais e completas, isto é, com, no mínimo, quarto, sala, banheiro e cozinha, para garantir a total independência do idoso. Dos residenciais visitados, as poucas unidades que possuem cozinha privativa não tem permissão para instalar fogões à gás, no máximo geladeiras e microondas. Por um lado, há a justificável preocupação com a segurança do idoso e dos outros moradores, porém tal falta de opção tolhe a liberdade do residente de cozinhar sua própria comida e o obriga a frequentar o restaurante e aceitar a refeição que o residencial oferece.

Outro pré-requisito é que o residencial só acolheria idosos total ou semi-independentes, pois as instalações propostas não atenderiam às necessidades de um morador que precisasse de cuidados intensivos. Porém, absolutamente todos os locais no interior do complexo deveriam, obrigatoriamente, ser acessíveis a portadores de necessidades especiais.

Além das residências, o residencial deveria abrigar ainda áreas de convívio coletivo, espaço para atividades físicas, um local de atendimento médico rotineiro e para casos de pequena complexidade e uma unidade administrativa.

Uma das preocupações foi integrar o idoso residente com não-moradores e pessoas de várias idades, para estimular seu convívio social com outras gerações e pessoas com as quais ele não tem contato em sua rotina diária.

Além disso, diferentemente da maioria dos projetos referenciados e visitados, o objetivo era que o idoso fosse incentivado a sair do residencial e interagir com a cidade, portanto alguns serviços não essenciais não fariam parte das ofertas do programa, como, por exemplo, salão de beleza, cinema e sala de ginástica. Para isso, o terreno escolhido deveria estar suficientemente próximo a locais úteis aos moradores.

Tendo determinado a constituição básica do complexo, definiu-se um programa de necessidades definitivo, separado em quatro partes, que correspondem às quatro unidades constituintes do residencial: residências, administração, centro médico e edifício coletivo.

A escolha do terreno foi baseada na premissa de que o morador deveria ser incentivado a sair do residencial para realizar atividades diversas fora dele, o que pressupunha a proximidade do local com opções que melhor atendessem a esse público específico.

Definiu-se, então, que o terreno deveria estar próximo a um centro de cultura, atividades e lazer, e o SESC foi escolhido como ponto de referência, pois além de oferecer aulas de diversas modalidades, atividades culturais e academia, a maioria de suas unidades possui uma agenda especial para a terceira idade.

Em seguida, foram selecionados três SESCs: Pinheiros, Vila Mariana e Pompéia, por serem grandes e apresentarem um maior número de atividades para idosos. Foram também escolhidos terrenos próximos de cada um desses SESCs, cujo entorno oferecesse mais benefícios e o zoneamento permitisse a construção do residencial. Após análise dos três terrenos e respectivos entornos, chegou-se a conclusão de que o ideal seria o da Vila Mariana.

Em termos de projeto, a total acessibilidade foi parâmetro de dimensionamento para toda a área interna do residencial. Não poderia ser diferente, uma vez que a tendência, mesmo do idoso saudável e independente, é que os problemas de locomoção e algumas outras debilidades decorrentes da idade comessem a surgir conforme o envelhecimento. Portanto, utilizando as determinações da NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, o projeto procurou garantir a possibilidade de acesso a todos os moradores e visitantes com necessidades especiais aos diversos edifícios do complexo e às áreas livres em seu interior.

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