logofau
logocatfg
secao 4!

EIXO DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS E HABITAÇÃO EM SANTOS

THOMAS DE ALMEIDA HO

MILTON LIEBENTRITT DE ALMEIDA BRAGA

O objeto de estudo do trabalho é composto por um eixo de terrenos, vazios ou subutilizados, antes ocupados por uma linha férrea que atravessava a cidade e ligava o porto até uma pedreira localizada no morro do Jabaquara. Os trilhos eram usados para transportar blocos de pedra para a expansão da área portuária no início do século XX. Atualmente, eles não existem mais, e a percepção completa do eixo é apenas possível através da foto aérea.

Santos tem sua história relacionada com o seu porto. Apesar de ter possuído outras localizações, foi onde se encontra o centro histórico que ele foi instalado definitivamente por volta de 1540. Este local viria a se tornar vila e depois cidade. Sua localização foi pensada de forma estratégica, de modo a instalar o porto em um local seguro, onde era necessário contornar a ilha pelo estuário, que tinha sua proteção reforçada por fortes. A cidade se manteve no seu núcleo inicial até o crescimento da importância do café em São Paulo. Apesar de não cultivá-lo, o porto de Santos era o principal exportador do produto, o que criou condições econômicas para a expansão da cidade.

O porto se expandiu em direção a ponta da praia. Foi durante esse crescimento que surgiu a necessidade da pedreira para a sua expansão. A cidade contornou o Monte Serrat e continuou em direção à região da orla. A ocupação desta área só foi possível após o projeto do engenheiro sanitarista Saturnino de Brito. Santos era uma região de mangues, áreas pantanosas, com grande quantidade de cortiços e sem infra-estrutura.

O projeto de Saturnino, além das soluções para o esgoto e a drenagem, já contemplava os traçados das ruas, a criação de praças e bulevares, além do jardim da orla. O projeto não foi completamente implantado, mas foi de grande importância para o crescimento ordenado da cidade. Neste projeto, desenvolvido entre 1905 e 1912, já consta o percurso do Trenzinho do Jabaquara, como era chamado na época. Por estar relacionada ao crescimento do porto e da cidade, é uma área importante para a preservação de sua história. O projeto busca criar uma área de qualidade, que continue marcando este eixo interrompido pelos muros que cercam os terrenos e, assim, criar um uso para toda a população, ao mesmo tempo em que preserva história da cidade.

Os terrenos se encontram no bairro Vila Mathias. Trata-se de uma região caracterizada por uma ocupação de baixa densidade, mas com alta taxa de ocupação. Faltam áreas livres de qualidade neste trecho da cidade, sendo elas mais comuns no centro histórico e na região da orla.

Na lei de uso e ocupação do solo, o bairro está na Zona Central II, onde se pretende incentivar a renovação urbana e o uso residencial. Mas nove terrenos estão em áreas de ZEIS II, ou seja, são terrenos não edificados, subutilizados ou não utilizado.

Por estar em uma área entre os dois pontos de maior interesse da cidade - o centro histórico e a praia – o bairro é cortado pelos principais eixos da cidade, que ligam estes dois pontos.

A região é atendida por ônibus e ciclovias. Para complementar, está previsto para junho desde ano (2012), o início das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que tem um de seus trechos passando atendendo a área de projeto

Notou-se a proximidade de edifícios educacionais, como escolas e universidades, tanto públicas quanto particulares.

A partir do levantamento, foram definidos os programas:
- HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: terrenos definidos como ZEIS II na lei municipal de uso e ocupação do solo; carência de habitação e elevado número de cortiços próxima a área.
- HABITAÇÃO DE ESTUDANTES: abrigar estudantes de fora cidade que vão frequentar as novas faculdades e as já existentes.
- EQUIPAMENTOS PÚBLICOS: carência de equipamentos públicos. Trazer atividades de cultura e lazer para estas áreas fora do centro histórico e da orla. O elevado número de escolas pode intensificar o uso dos equipamentos com atividades complementares às da carga horária regular destas escolas.
- ÁREAS LIVRES: suprir a carência de áreas livres de qualidade.
- COMÉRCIO E SERVIÇOS: o bairro possui forte potencial comercial e deve ser aproveitado.

Para os equipamentos, foi pensado em uma única entidade responsável pela operação e manutenção deles. A idéia é criar um pólo gerador de cultura, incentivando a produção artística, através das diversas oficinas, e permitir que ela seja divulgada e exposta para todos interessados.

O projeto teve como uma das principais questões a proposta de um único projeto para uma área tão extensa da cidade. Verificar quais seriam as vantagens e as possibilidades de trabalhar todos os terrenos simultaneamente, e não criar projetos individuais para cada terreno.

Como já foi observado, os principais eixos de cidade são no sentido norte-sul, ligando o centro com a praia. O trabalho propõe um eixo pouco explorado na cidade, transversal aos outros. Ao cruzar os eixos, podem criar pontos interessantes para a cidade. Mas ao buscar a criação de áreas livres de qualidade e valorizar o pedestre e outras formas de locomoção, como a bicicleta, os cruzamentos com os leitos carroçáveis fragmentam o eixo. Então é proposto um passeio em uma cota elevada em relação ao nível da rua. Um espaço de acesso público, onde o usuário possa correr, andar de bicicleta, e ainda ser um ponto de encontro e permanência. O pavimento térreo ainda seria livre, permitindo o pedestre a transpor as quadras, que em alguns casos possuem mais de 200m.

Para dar sentido e força ao eixo, é importante que existam programas amparando este percurso, criando mais incentivos ao seu uso. Portanto, o passeio elevado seria ao mesmo tempo a circulação entre os equipamentos públicos, gerando diferentes situações em toda sua extensão, a partir de uma relação visual entre eles, de modo que exista bastante visibilidade das atividades por quem passa por ele. O comércio acompanha o térreo livre e o restante seria ocupado por habitações de interesse social, habitação de estudantes e serviços.

FICHA TÉCNICA

ÁREA TOTAL DOS TERRENOS: 50425 m²
ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA: 85542 m²

slideshow image

If you can see this, then your browser cannot display the slideshow text.

 

topo