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secao 4!

A retomada de uma programa histórico:

eixo balneário de Goiânia

Ary Henrique de Souza Neto

Alvaro Luis Puntoni

O trabalho tem início seis meses antes da escolha e definição do tema em questão. A escolha por um caminho equivocado, tanto tema quanto professor, abriu meus olhos sobre como encarar essa disciplina e a maneira que deveria finalizar a faculdade. Resolvi trilhar o caminho do projeto de edificação.

O tema surge do interesse pessoal de voltar às minhas origens e estudar a cidade de Goiânia. Durante grande parte de minha infância passei os finais de semana e feriados na sede social do Jóquei Clube de Goiás, um dos três projetos de grande porte projetados por Paulo Mendes da Rocha para a cidade. Os outros dois são o Terminal Rodoviário de Goiânia e o Estádio Serra Dourada. Consciente da grave crise administrativa pela qual passa o Jóquei, o ponto de partida era traçar uma linha que permitisse a revitalização, ou o ressurgimento desse edifício, e seu uso digno.

A crise em questão tem foco nas alterações físicas da sede, que hoje, administrada por uma faculdade particular, teve parte de seu complexo esportivo destruído para a construção de salas de aula. Outro aspecto importante foi a destruição do bosque que fazia parte do projeto original para dar lugar a mais um grande estacionamento na região central da cidade.

Partindo daí, a ideia que estrutura a pesquisa era a de expandir o olhar para a escala da cidade. Compreender a sua organização como centro urbano, estruturação viária, tipos de ocupação, pontos de referência e evidentemente, formação histórica já que Goiânia também carrega a fama de cidade planejada. O que ficou marcado nesse processo não foi o interessante desenho projetado por Atíllio Correia de Lima, e estruturado politicamente pelo então interventor nomeado por Getúlio Vargas, Pedro Ludovico Teixeira, mas sim a história não contada, ou a história informal da formação da cidade. História essa contada pelos operários da construção de Goiânia, e pela cidade sede de todo esse processo, Campinas.

Hoje bairro de Goiânia, Campinas funcionou como sede para o funcionalismo público e grande parte dos operários que trabalhariam para a construção da cidade. O que marca é entender o processo transformação de um centro com rotina e cultura histórica própria, fagocitado por uma força maior incontrolável que era a cidade de Goiânia. Em relação aos operários, além daqueles que encontraram refúgio em Campinas, muitos outros se instalaram além dos limites previstos no planejamento original para a cidade, no extremo leste, junto ao córrego Botafogo. Em condições de extrema necessidade, eles lutavam contra a idéia de retorno para situações ainda piores em suas terras natais.

Nesse sentido o que foi muito importante para definição do caminho a ser adotado para o trabalho, foi entender que as perguntas que fazia sobre como lidar com o Jóquei simplesmente não estavam contidas em seu interior, mas claramente espalhadas pela a cidade, em cada uma das linhas de citação histórica que contemplam os antigos balneários da cidade. Ficou bastante claro que a estratégia a ser adotada, não era mais um projeto, mas sim um eixo capaz de sanar deficiências históricas e resolver os problemas atuais de infraestrutura de lazer da cidade.

Assim, os pontos a serem trabalhados foram três: o Jóquei Clube de Goiás, o bairro de Campinas, e o bairro da Vila Nova, antigo bairro operário as margens do córrego Botafogo. Esses três pontos são conectados através do principal corredor de transporte público da cidade: a Avenida Anhanguera, eixo leste- oeste da cidade.

Trabalhar com três projetos exige, devido ao tempo restrito, um plano de abordagem. O caminho escolhido foi criar uma linguagem capaz de identifica-los ao longo do eixo que costura a cidade.

O programa para os edifícios balneário é composto de: piscinas de recreação e vestiários, assim como de um complexo esportivo, dotado de piscinas semiolímpicas e quadras poliesportivas. Os projetos originam-se justamente, ou incoerentemente na parte esportiva, já que a linguagem que os identifica está nessa parte do programa. Parte-se de uma estrutura de concreto, cuja elevação das arquibancadas permite a inserção dos vestiários. As circulações, tanto do público quanto dos que treinam são efetuadas por passarela metálicas laterais chumbadas ao conjunto. A ideia principal é conduzir o olhar dos que treinam para fora do edifício, e dos que circulam para o seu interior através de fechamentos nas circulações. O balneário em cada um dos projetos entra articulando o programa de treinamento, segundo caso à caso.

Para o projeto do Botafogo a ideia central era locar o programa de treinamento no terreno em questão e permitir que o balneário flutuasse sobre a marginal do córrego Botafogo, propondo assim alternativas de travessia para o bairro.

Para o projeto de Campinas o terreno muito extenso e com ampla vegetação exigia cuidados de implantação. A ideia era trazer o mínimo impacto para a planta baixa permitindo ao projeto flutuar sob a copa das árvores. Assim como em Botafogo, a travessia do córrego Cascavel permite outros caminhos e percepções para um bairro já consolidado. O balneário ocupa o topo da construção permitindo a vista de todo o entorno.

O Jóquei foi então encarado nesse processo com o máximo de cuidado e respeito. A ideia era manter o projeto exatamente como está, e a intervenção funcionaria como um anexo ao programa. O espaço entre os dois volumes resgataria indicações primordiais do projeto de Paulo Mendes da Rocha como a praça de sombra e o bosque. Na outra ponta a expansão do número de piscinas eleva a capacidade de atendimento, já que o programa foi elaborado para uma Goiânia de 1962.

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