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secao 4!

Contornos

Daniela Mikyung Song

Sérgio Regis Moreira Martins

Introdução

Ao longo do ano vários projetos foram iniciados, desenvolvidos e abortados, e cada novo projeto possuía uma pequena mudança em relação ao anterior. No fim, foram feitas tantas modificações que ao comparar o trabalho inicial com o final, pode-se achar que não houve coesão nenhuma entre elas.

Gosto de chamar esse processo de "ciclo", porque me remete a um ciclo de vida, com o começo e o fim, seja de um ideal como de um projeto. Meu TFG foi marcado por 4 ciclos completos e um quinto que ainda irá se concluir. O quinto ciclo não é tão referente ao trabalho em si, pois nesse caso o ciclo também possui uma forte conexão aos 6 anos de estudos na FAU que enfim terminam. E foi graças a esse trabalho que alcanço essa conquista.

Primeiro ciclo:

Sempre tive muito interesse pela moda, mas nunca me identifiquei com as revistas que abordavam esse tema, em parte devido às inúmeras propagandas espalhadas pelas folhas, pelo foco nas tendências temporárias, tornando-as descartáveis e por ter a sensação de que nada daquilo se encaixava no cotidiano normal das pessoas.

Tendo isso em mente, decidi fazer como TFG uma revista conceitual, com conteúdo bem diversificado, que não ditasse tendências ou modismos e que fugisse completamente dos padrões convencionais das revistas de moda atuais.

Antes de iniciar o TFG, conversei com meu orientador sobre a possibilidade de executar esse trabalho e foi mencionado a possível falta de tempo para elaborar sozinha todo esse projeto. Então foi sugerido fazer uma revista apenas visual, com base em experimentos gráficos, ainda focados na moda. A idéia foi bem recebida, pois já tinha feito há alguns anos atrás ilustrações de moda usando tintas e colagens e o trabalho poderia ser uma extensão desse estudo.

Segundo ciclo:

Com o objetivo de fazer experimentos mais conceituais, fiz ilustrações com tintas, canetas, giz de cera, pastel, lápis de cor, que resultavam em obras inexpressivas e amadoras. O desempenho do projeto caiu muito depois desses primeiros testes, pois sentia que era muita informação acumulada e eu não sabia como expressá-la.

Ao tentar encontrar uma problemática para dar força ao meu trabalho, percebi que o meu apego aos livros físicos e a resistência em aceitar as versões digitalizadas dos mesmos poderia me ajudar a criar algo que pedisse a interação do leitores, de maneira que a revista só pudesse ser lida impressa.

Ainda em dúvida de como proceder com esse novo conceito, busquei mais referências e vi uma edição da Visionaire, cujo tema era "White", feito todo em branco. As ilustrações eram costuradas ou desenhadas em relevo e já que o branco remete muito ao vazio e à paz, achei o conceito de fazer algo totalmente limpo muito adequado dado o excesso de informação que já tinha na cabeça.

Já que os resultados atuais não estavam me agradando muito, achei válido redirecionar a proposta e mudar o nome do trabalho para "Experimentos Gráficos do Branco no Branco".

Terceiro ciclo:

Com a idéia de fazer um trabalho atemporal, achei interessante a propor uma volta às raízes das vestimentas e fazer uma releitura das roupas tradicionais referentes a diversos países que ainda utilizam o vestuário típico para cerimônias e ocasiões especiais.

Cogitei estudar melhor a cultura do vestuário de países como a Coréia, Japão, Africa, Brasil, Espanha e êndia para tentar exprimir todo o seu conteúdo visual, mostrado por meio de bordados e cores, através de ilustrações usando só o branco como cor dominante e tornando as demais cores um detalhe à parte.

Idealmente, eu imaginava ter cinco cópias das revistas feitas totalmente à mão ao fim do TFG II, mas ao fazer os testes percebi que isso não seria possível. Uma solução seria contar com uma máquina de recorte a lazer ou fazer parte da revista digitalmente para ajudar na aceleração do processo. E mesmo depois de todas essas experimentações, restavam dúvidas se esses trabalhos eram uma extensão de mim ou uma série de influências externas.

Quarto Ciclo:

Com o intuito de me libertar das referências passadas que estavam mais ligadas à ilustração, iniciei uma nova pesquisa, incluindo obras mais abstratas de artistas plásticos recomendados pelo meu orientador. Desde então comecei a fazer experimentos mais livres e os objetos criados ficaram bem interessantes, então analisei a possibilidade de inserir todos esses objetos criados dentro de um livro, transformando meu produto final em um livro-objeto.

Infelizmente, nenhuma gráfica oferecia todos os serviços que eu precisava para tornar o livro real, portanto eu teria que trabalhar com diversas gráficas especializadas para transformar cada trabalho feito manualmente em uma produção em massa.

Entre todos os trabalhos que eu já tinha feito desde então, o que me pareceu mais fácil de ser replicado foi um experimento feito à base de recortes com estilete. Portanto, resolvi focar o trabalho só no corte a laser e criar uma sequência de desenhos vazados no papel branco.

Quinto ciclo:

Com a vontade de fazer um livro tátil e de fácil compreensão até mesmo para os deficientes visuais, pensei em fazer um livro que mostrasse o ciclo de vida de uma flor, de maneira simples e direta. Para resolver possíveis questões sobre o funcionamento do livro, foi feito um protótipo à mão de como seria o resultado final. O tamanho dos desenhos impossibilitou a execução de todas as páginas do protótipo, mas o processo foi essencial para facilitar a montagem das pranchas oficiais no AutoCad.

Foram feitos teste de impressão de corte em três tipos de materiais: no papel alta alvura, no PETG e no PS. O resultado no papel foi o menos satisfatório, devido a sua fragilidade ao ser manipulado e às manchas de queimadura aparente nas bordas cortadas. O PETG, por ser transparente, foi usando apenas para fazer a capa e o resto do conteúdo do desenho foi feito em PS, o material mais semelhante ao acetato, mas de cor branca e fosca.

Todo o processo foi super trabalhoso, mas diria que todo o esforço resultou em um trabalho estético, composto por uma identidade visual própria e boa fluidez.

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