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secao 4!

A ÁGUA E A ORGANIZAÇÃO URBANA.

PARQUE FLUVIAL RIACHO DOCE

Daniel Dall'Ara Azevedo

Alexandre Delijaicov

Introdução

O presente trabalho trata da questão dos rios urbanos e sua importância ambiental, social e cultural. Além disso, provocar o debate sobre o espaço público, a qualidade de vida nas cidades e a presença da água como elemento fundamental, não só da vida, mas também da organização do espaço urbano.

A proposta aqui é observar o território das cidades como um organismo urbano e natural. Sistêmico e complexo, mas que tem um elemento fundamental: a Água, pelo importante papel na conformação do relevo e geografia, pela grandiosa presença em nosso solo, pelas características marcantes, com necessidades e funções, que devem ser consideradas no projeto e respeitadas na ocupação. Desse modo, a Bacia Hidrográfica é a principal referência de Projeto, uma unidade a se considerar no Planejamento Urbano.

O conceito-chave que rege este trabalho é o de considerar a Bacia Hidrográfica como uma unidade mínima de planejamento e gestão urbana. Acredita-se que um plano de utilização das águas e suas margens como áreas públicas, de fato, condicionadas por equipamentos, são capazes de reverter o quadro atual da cidade.

Ao contrário, esse olhar não ocorre hoje na cidade de São Paulo, assim como na maioria das cidades brasileiras. Diversos rios urbanos estão estrangulados e esgotados, literalmente, e muitas vezes representam barreiras urbanas. De costas, quando não sobre seus rios, grande parte das cidades brasileiras carecem de novas intervenções para solucionar problemas graves relacionados a água, inclusive de saúde pública, entre um alagamento aqui e um deslizamento ali.

Em diversos pontos, os rios estão totalmente canalizados, longe do alcance visual, sem fazer parte do imaginário do cidadão metropolitano. Com uma justificativa sanitarista, suas margens, essencialmente públicas, são inutilizadas, pavimentadas e privatizadas em decorrência da implantação da política rodoviarista amplamente disseminada em nosso país no decorrer das últimas décadas.

Grande parte da cidade sofre no período dos altos índices pluviométricos com deslizamentos, enchentes, alagamentos e contaminação de doenças. Principalmente pela atual situação do Saneamento Ambiental como um todo e pelas ocupações irregulares em áreas de risco. A Mobilidade Urbana encontra-se bastante comprometida, já que por muitas vezes há interrupções no caminho do pedestre, além da ausência de ciclovias seguras. E ainda, a péssima condição do Transporte Público, que desloca as pessoas em constate risco de acidentes, configura o cenário atual da metrópole paulistana.

O objetivo deste trabalho é promover a aproximação do ser humano com a água e dos ambientes naturais virgens e construídos afim de potencializar a relação dos mesmos com a sociedade e, consequentemente, criar uma sentimento de valorização e pertencimento, e assim, promover a conservação dos espaços públicos.

Este trabalho inicia-se com estudos relacionados à Bacia do Alto Tietê, São Paulo. Após aproximação, percorre com visitas, levantamentos de dados e análises a área da Sub-bacia do Ribeirão Jaguaré. Por fim, pretende concluir com diretrizes e projeto para a Microbacia do Riacho Doce, e priorizar equipamentos e habitações sociais, parques e jardins públicos, concordantes com a escala humana em espaços habituais urbanos, capazes de compor o Parque Fluvial Metropolitano.

A proposta inicial deste trabalho foi investigar a atual situação da relação entre a água e os espaços urbanos, entre as áreas naturais e públicas. Considerando a Bacia Hidrográfica é a principal referência de projeto, unidade mínima de planejamento urbano. Trata-se de um trabalho de infra-estrutura urbana apoiado em três pontos que devem estar em equilíbrio: Saneamento Ambiental, Mobilidade Urbana e Transporte Público.

Por tratar-se de um trabalho que visa uma intervenção arquitetônica nos espaços urbanos relacionados às águas superficiais, constatou-se a necessidade de um levantamento que sobrepusesse a Carta Hidrográfica da Metrópole com o Mapa de Uso do Solo, com valor e relevância para composição do projeto.

Por fim, uma nova aproximação. Foi delimitada a área de projeto na Microbacia do Riacho Doce, com pouco mais de 2 km de comprimento, cujas nascentes estão dentro da Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira e a foz deságua no Ribeirão Jaguaré.

Na segunda parte deste trabalho, realizada no segundo semestre de 2012, criou-se um Plano que contem as diretrizes fundamentais para o futuro da Microbacia do Riacho Doce, ou Parque Fluvial Riacho Doce, e um projeto habitacional que respeite a história de seus moradores e suas relações sociais.

Propôs-se um Parque Fluvial em todo o curso do Riacho Doce, que considera, estrutura e condiciona sua conexão com a metrópole, de forma capilar e sistêmica. Um Parque Metropolitano incorporado pelo corpo d´água fluvial e pluvial para, além de assegurar uma relação de convivência harmônica e sustentável, incentivar e aproximar as pessoas desse bem natural tão valioso e fundamental.

Em um trabalho minucioso, equipamentos sociais públicos dispostos ao longo do parque, assim como áreas ajardinadas públicas e Centros Culturais de Educação Ambiental, compõem o programa do Parque Fluvial Riacho Doce.

No processo de re-naturalização do rio é necessário que, à princípio, o curso do mesmo seja em superfície e abandone o caráter de galeria subterrânea pluvial. Embora ainda receba águas pluviais que escoam pela superfície, sua função não é somente essa. O rio conforma o parque linear em toda sua extensão,configura um espaço livre de uso público, onde a circulação de pedestres e ciclistas é condicionada. Em pontos chaves, compõe parques e praças, com áreas alagáveis, lagos reservatórios, muito importantes para controle do nível d’água e para eficácia no processo de filtragem natural, além da dársena em canais navegáveis, fundamental em portos fluviais.

Naturalmente, o rio limpo e em superfície assume um papel de educador ambiental e de referência comum. Assim espera-se concordar espaços naturais, virgens e construídos, com espaços habituais urbanos e habitações dignas que proporcionem qualidade de vida à sociedade.

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